sábado, 19 de fevereiro de 2011

Charger R/T 1978 Castanho Tripoli código de plaqueta PT4

                           Houve uma época, lá por 1982, em que as portas do armário do meu quarto na casa dos meus pais, estavam repletas de recortes de anúncios de venda de Dodge. Eu recortava dos classificados e colava nas portas. O armário tinha três portas e só parei de colar anúncios quando não tinha mais espaço. Deitava na minha cama, que ficava de frente para o armário e começava a sonhar, a viajar. Ficava por horas admirando aqueles recortes. Pensando em todos aqueles carros à venda, pensava nas agências de onde eles teriam saído novinhos em folha. Ficava pensando em seus donos, como teriam comprado aqueles carros e porque aqueles loucos varridos queriam vendê-los! Aí me vinha na cabeça certos devaneios: Mas porque eu não vou lá e compro todos eles??? Sonha cara! Porque sonhar não custa nada!
                            Quando acabaram os espaços nas portas do meu armário, comecei a fazer um álbum, como os de figurinhas de jogadores de futebol. Meus amigos preenchiam álbuns de jogadores e eu de Dodge. O ruim disto é que eles sempre tinham figurinhas para trocar entre eles, e o meu álbum não tinha concorrência.
Querem comprar algum? É só escolher!!!
                           Por algum tempo levei alguns xingões da minha mãe, depois ela viu que não tinha jeito e me largou de mão. Não entendia como aquelas máquinas maravilhosas perderam o valor. Mas eu acho que o recorte mais inusitado foi este que vou narrar agora:
                           Um dia, quando meu pai atendia um cliente na cidade de Sapiranga RS, este lhe ofereceu uma rifa. Meu pai como era vendedor, sempre aceitava as rifas que lhe eram oferecidas e sempre comprava alguns números. Mas as coisas a serem rifadas, por vezes eram hilárias. Meu pai ganhou várias coisas: Uma vez ganhou duas ovelhas, outra vez um cabrito, outra vez uma pata com uma ninhada de 27 patinhos (que acabaram na panela depois de grandes), entre tantas outras coisas. Mas a rifa mais chuleada para mim foi a que ele me presenteou certa vez.
                            Chegou de viagem e me disse: Cuti, esta rifa é tua!!
Infelizmente não ganhei a rifa, mas este cartão também é bem interessante, não acham?
BADOLATO!!! TÁ AÍ UMA IDÉIA PARA LEVENTAR FUNDOS PARA O TEU MUSEU .  RIFA  UM DODGE!!! PODE SER UM QUE AINDA PRECISE SER REFORMADO. FAZ UM DETERMINADO NÚMERO DE CARTELAS E SÓ REALIZA O SORTEIO QUANDO TODOS OS NÚMEROS ESTIVEREM SIDO VENDIDOS. PENSA NISSO!!! Eu compro! E tenho certeza que os milhares de leitores do teu blog, e amigos, também vãocomprar!
                                                 Bom, logo depois que comprei o Dart azul, exatamente 22 dias depois, encontrei este Charger R/T  78 nos anúncios dos classificados do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre. O carro estava na revenda de usados da Gaúcha Car, revenda Volks. Se não me engano ficava lá na final da Protásio Alves. Me parece que esta agência Volks nem existe mais. Não sei porque!
                            Peguei um ônibus e fui até lá, a primeira vista o carro me decepcionou. Pois o anúncio dizia que o carro era super inteiro! Mas não era bem assim. O carro tinha pequenos amassados em praticamente todas as peças. Em tudo que é lugar que eu olhava tinha um defeito. Só que por dentro era novo! Provavelmente era de alguém muito maneta, mas até que cuidadoso com o interior. Os bancos de couro estavam impecáveis, tinha ar e direção.
                            O vendedor me disse que o carro tinha entrado na troca de um Santana novo, e o carro estava lá consignado, quer dizer, era do dono ainda. Não sei que tipo de negócio fizeram, mas pelo que eu entendi, a negociação entre o Santana e do Dodge ainda estava pendente.  O preço pedido era de CR$45.000 (acho que era cruzeiros), valor bem acima do que eu tinha, então comecei a argumentar com o vendedor os defeitos do carro e que só poderia pagar CR$35.000. O vendedor me mandou esperar e disse que iria falar com seu chefe. Em poucos instantes veio ele e o superior e... pasmem, olhem só o que o "chefe" me disse: "-Escuta aqui guri! O que tu quer com um carro destes?? Este carro não vale nada!! Se eu fosse presidente da república proibiria de fazer estes carros!!! Pra mim só existe dois tipos de carro. Grande e pequeno!! Carro grande é Kombi e carro pequeno é Fuca! O resto é lixo!"
                            Fiquei paralizado! Simplesmente sem reação. Depois do susto começamos uma discussão, eu defendendo o Dodge e ele o Fuca! Para encurtar a história, este superior ligou para o dono do carro e este em meia hora chegou lá. Eu já meio alterado, falei com o proprietário sobre a minha proposta. E falei que nem os 35mil pagaria mais, porque o carro teria que ser todo pintado.  Ele parou uns instantes e me disse: -E se eu te der mais algumas peças de Dodge que eu tenho guardada em casa, tu paga os 35mil? Eu lhe respondi: -Que peças? Novas ou usadas? ele: -Novas! Fomos olhar as peças. Resumindo, paguei os R$35 mil.

Este carro, apesar de ter várias cores, eu o achava lindo. E as magnum então! Que combinação perfeita! Harmônico
                                        Na época fiz uma relação de tudo que veio junto com o carro, vejam só: 21 rodas magnum (incluindo as 4 que estavam no RT78), um par de parachoques, um par de lanternas traseiras 75/78, um par de lanternas do 72, 2 jogos de buchas da suspensão completos, 3 pivôs superiores e 2 inferiores da suspensão, 1 parabrisa, 1 carburador 446, 1 jogo de frisos das caixas de roda, 1 espelho retrovisor externo com controle, 2 jogos de reparo do carburador, 2 portas e um jogo de de vinil do teto.
                                      Tudo isto zero, nas caixa Mopar. Exceto as rodas magnum. Tinham  4 novas, que guardo até hoje, as outras eram usadas. Bom, acho que só com isto já valeu o preço do carro 
Casa da praia em Capão da Canoa


No mesmo dia da foto anterior. O nosso vizinho da casa ao lado, Sr Claudio Junges tinha nesta época  um Landau 77, e teve, alguns anos depois, um Magnum 79, um Charger 78 exatamente igual ao meu. E bem depois ainda comprou um Galaxie 82. De todos os clientes que tive quando tinha oficina, o seu Claudio foi o melhor de todos eles. Além de ser um ótimo cliente, foi meu amigo de verdade! Em breve vou fazer um comentário mais  profundo a respeito desta ótima pessoa! E ao fundo o Chevettão da minha mãe, que trocamos pelo Maverick GT-302
                                       Voltei para casa com o Charger atulhado de coisas dentro. Quando lembrava das coisas que o vendedor me disse, tinha acessos de raiva e riso ao mesmo tempo. Mas muito satisfeito!
                                       Bom, daí em diante comecei a arrumar o Dodge, tinham muitos amassados, dava até nojo quando lembrava do dono. E como eu não queria pintar o carro inteiro, comecei a fazer remendos na pintura. Confesso que ficou ruim, parecia uma saíra de sete cores. Mas foi o que deu para fazer, a pintura que tinha já era bem gasta e sem brilho, o carro parecia que tinha levado um banho de ácido. Procurei na casa de tinta aqui em Taquara a cor original e não consegui, então foi feito vários retoques com uma cor parecida. O certo seria ter pintado todo ele , mas aí teria outro problema, as faixas laterais. Então optei por fazer vários retoques e depois polir bem a tinta. Pelo menos ficou bem brilhoso.

Meu irmão Diogo, dando uma vistoriada no carro
                                                Quando terminei os retoques que tinham para serem feitos na lata do Charger, logo em seguida apareceu um comprador e passei ele adiante.  Pelos registros e anotações que tenho, vendi este carro em setembro de 1986, ou seja, praticamente não esquentou nas minhas mãos 
                                              Na próxima postagem, outro carro que tenho até hoje. Um Charger R/T 1979 Marrom Sumatra/Beje Cashmere. O carro mais novo e inteiro que comprei até hoje.

24 comentários:

  1. MEEEUUUU DEEEUUUS DO CÉU!!!!!

    21 RODAS MAGNUM!!!!!!!!!!

    CUTI.... TO EM CHOQUE MEU!!!!!!!!!

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  2. É cara, tinha peças espalhadas por aí! Pena que destas rodas todas, tenho as 4 novas, que não vendo e também não vou asar, e outras 4 que dei para o meu irmão colocar no Dart azul.

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  3. é impressionante o quanto ninguem queria os dodges nos anos 80 / 90 !!! a má fama destes carros era impressionante !! o cara tava praticamente implorando pra vc comprar o carro dele !!! kkkk !!! E o lance da rifa ????? Meu inacreditável !!! kkkkkkkkkkk !!!! muito bom !!! Parabéns novamente Cuti !!!

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  4. Fala Eduardo! Hoje em dia o cara da risada, mas na época era de dar nojo! Abração

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  5. ahaha que história!! Repare na mentalidade desse cara da loja......isso aliado ao preconceito do brasileiro (nao todos mas da maioria) condenou os Dodjoes, Mavericks, Landau e Galaxies............uma pena!

    abs
    Edu Silva

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  6. Pena mesmo Eduardo!!É por isto que esta agência não existe mais! Mas na época isto era muito comum, quem tinha um carro assim queria se livrar, a qualquer custo

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  7. Estava lendo os anuncios e o que mais chamou a atenção foi do atropelamnto do dodge que apostava corrida com o maverick!!
    A uns 20 ano atraz eu constumava ler os anuncios nos jornais daqui da cidade só que eu tinha apénas 10 anos!!
    Como tinha dodge barato!!!

    O BLOG TA CADA VEZ MELHOR !!!!!!ABS!!!

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  8. Cara, eu tenho a reportagem completa do acidente entre o Dodge e o Maverick, foi em 82 parece. Vou colocar a foto em uma proxima postagem. Abraço

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  9. Triste como os carros eram vítimas de preconceito, e hoje todo mundo chora por não ter mais um grandalhão V8! Ainda bem que recoto anuncios de Opala, Caravan e Chevette hoje...

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  10. Grandes histórias Cuti!
    Olhando esta postagem eu vi que meu grau de sanidade ainda não esta tão ruim assim.
    Tenho um amigo que também tem uma coleção de recortes de anuncios de jornais, porém ele começou por volta de meados da década de 90 e foi até inicio dos anos 2000.
    Lendo as histórias narradas por você aqui no blog,fico com uma raiva imensa de ter nascido somente em 1982,se tivesse um pouco mais de idade já nesta época faria uma força para ter alguns Dodges guardados comigo também.
    Mais uma vez parabéns pelas histórias contadas aqui no blog e tenta atualizar mais seguidamente, pois a visita é diária.

    Att: Mauricio de Andrade Silveira

    http://showroomimagensdopassado.blogspot.com/

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  11. Pergunta: Pq o teto era preto deste R/T 78? Era pintado ou vinil?

    Abraços e esta é minha primeira postagem, mas já li todos os posts.

    Marcel Costa - MOPAR CLUBE BRASIL.

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  12. Tricky, é a vida cara! quando tem demais a gente desdenha.

    Maurício, quem gosta de coisas antigas sempre queria ter nascido antes. Eu também gostaria de ter meus 18 anos lá por 1965!. Obrigado pelo comentario. Quanto as postagens mais seguidas, é difícil, pois sempre tenho que lembrar coisas relevantes para contar, se não perde a graça. E outra que não tenho muita paciência com computador. Abração

    Marcel Costa, obrigado pela visita! O teto foi pintado de preto na época. Eu achava mais bonito, mais atraente do que marrom. Hoje , com certeza não pintaria. Abração

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  13. Muito bonita essa cor Cuti. Da até pena do cara do "Fuca e Kombi"... auhauhauha Eita mal gosto.
    Abração

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  14. Cuti! Não tinha visto! Tinha colado o endereço do blog em favoritos e ele sempre ia para a parte 3 do Dart Capri!! Vou ler agora, hahaha !!! Forte abraço !!!

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  15. Cara, que história, só vi hoje !!!!! Dá vontade de socar o vendedor! Eu tenho um fusca, comprei com a grana que iria usar para um jogo de magnum, hahaha !!! E acho que estaria mais feliz com as rodas, rss.... BADOLA ! Dá uma olhada no anúncio do R/T 80! Será que não era o seu prata ???

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  16. Cuti,

    Tu é muito louco !!! Colar anúncio de Dodge no armário foi foda ...

    Bom, quando eu aprendi a ler, em 1976, eu só lia 2 coisas: Tio Patinhas e anúncios de Dodge do Estado de São Paulo !!! E sempre procurava os Dart 70, que eram os mais ridiculamente baratos anunciados ... kkkkk ...

    Esses anúncio são interessantes demais: tem 4 anúncios de R/T 80 !!!! Um carro que só foram produzidas 19 unidades, e que, até onde sei, foram 4 para o Rio Grande do Sul ... Será que estavam os 4 anunciados ????????

    Só para mostrar que a loucura aqui também é péssima, os R/Ts 80 gauchos são os 91.940 (tibet), 92.154 (geada), 92.204 (tibet) e 92.207 (alcazar) ...

    Dos 19 R/Ts 80 produzidos, 12 são conhecidos, ou seja, ainda podem ter ido outros para o RS que morreram ou que estão muito bem escondidos até hoje ....

    Rifar um Dodge seria uma boa hein, kkkkkkk ....,

    Podia fazer um bingo de Dodge também !!!

    Abração,

    Badolato

    PS - tive uma semana totalmente atipica. amanha vou na oficina onde estão as rodas e bato umas fotos para ti ...

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  17. Badolato, os anúncios de Charger 80 não são da mesma época, mas com toda certeza não são os mesmos. Tinha um Charger 80 aqui em Taquara, era de um amigo, o carro estava acabado e foi desmanchado. Tava pintado de bege. Isso no inicio dos anos 90.Vou ver se ele tem um documento antigo para ver o numero do chassi

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  18. Ah, estuda bem esta da rifa, pode render um bom lucro.

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  19. Cuti, o charger RT 1979 da próxima postagem é o que esta nos anúncios (paulinho automóveis)com uma anotação "marrom/beje" ? Obrigado pelas histórias fantásticas! abraço.

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  20. Caro Max, não é o mesmo. Este do anúncio eu fui olhar, mas não deu negócio, Alias, olhei quase todos os dodges dos anúncios.
    Eu é que agradeço por voces estarem lendo minhas histórias
    Abraço

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  21. Cuti, além do Dart você tem outros dodges?

    Aguardando ansiosamente novos Posts !!!!

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  22. Buenas Vital, tenho sim, este Charger da proxima postagem e mais dois. Abração

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  23. Olha que interessante.
    Pelo que se vê do anúncio da rifa o dart 74 tinha chassi 70.661, e a partir desse dado podemos fazer algumas considerações:
    1)de 69 a 74 (5 anos) foram fabricados mais de 70 mil dodges, levando em consideração que há informações de que a numeração começou em 500 !;
    2) De 75 a 81 restaram (6 anos), foram fabricados os outros 23 mil se não me engano (93.008);
    "Eita crise do petróleo que quase acabou com a nossa brincadeira hein".
    Abraços

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  24. Jacson, realmente os primeiros anos foram os que mais sairam dodges. Mas comparada com a produção americana, foi muito pequena. Que eu sei, nos EUA foram produzidos mais de cem mil Darts por ano, ou seja,mais do que toda produção dos nossos em 11anos. Abraço

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