sábado, 4 de dezembro de 2010

Charger R/T 1975 Vermelho Azteca

                   Tinha um cliente na cidade de Parobé, de nome Carlos, que tinha um Dart 1980 Azul, que regularmente vinha na minha oficina, tanto para realizar serviços no carro como para conversar. Ótima pessoa, tive o prazer de conhecer toda a familia dele, dos quais, a muito tempo não tenho contato.
                   Quase todas as vezes que vinha na oficina trazia junto um amigo, se não me falha a memoria, se chamava Vanderlei. O cara era apaixonado por Dodge, era uma daquelas pessoa que realmente tinha loucura pelos carro da marca Dodge. Todas as vezes que vinha, me perguntava se eu não sabia onde poderia encontrar algum para comprar.
                    Passados algums meses, apareceu aqui na oficina me contando que tinha acabado de comprar um Charger RT na cidade de Nova Petrópolis, e que em breve traria o carro para fazer uma revisão.
                   Uma semana depois apareceram os dois aqui (Vanderlei e Dodge). Depois de uma boa olhada no carro, eu lhe disse que, a princípio, o carro não era grande coisa. Isto se falando para aquela época,  hoje realmente seria diferente. O carro tinha várias coisas por fazer. A parte eletrica era realmente muito ruim, aparentemente tinham havido alguns curtos e o chicote de fiação estava todo cortado e remendado. A lata era bem surrada, com bastante massa plástica e o motor ruim. Para completar o "pacote", haviam tirado a caixa de 4 marchas e colocado uma de 3marchas, do Dart. Também haviam tirado o setor hidráulico de direção e colocado um mecânico. Resumindo: Provavelmente tinham usado este carro para incrementar outro, depenaram o máximo e venderam.

Foto em que o Dodge ainda rodava, e como pode ser notado, aparentemente estava bom. A pick-up C10 ao lado, era do meu sogro senhor João Luis Amavel Marcos. E hoje ainda está comigo
                      Mas mesmo assim ele estava muito satisfeito com o carro, apesar  do fato de ele não dispor de recursos para investir no carro, me disse que aos poucos iria colocar o carro de novo em forma.
                      Naquele dia me deixou o carro para fazer uma pequena revisão no motor e dar uma boa revisada na suspensão.
                       Passado algum tempo, apareceram Vaderlei e Carlos na oficina para conversar. Conversa vai, conversa vem, ele acabou me confessando, que passada a euforia dos primeiros tempos com o Dodge, ele estava meio que decepcionado, pois o carro tinha muitas coisas por fazer. Alem de não ser prazeiroso de andar, como é bem comum escutar : carro muito chacoalhado. Ele tambem não tinha grana para arrumar. Resumindo, queria vender.
                       Bem , eu disse a eles como repito até hoje, todo o tipo de carro pode ser restaurado, por mais avariado que esteja. Tudo depende de dois fatores cruciais:
                       Primeiro: O quanto em dinheiro que se tem para gastar.
                       Segundo: O tempo que se tem para realizar o trabalho com qualidade.
                       Disse a ele que o melhor seria vender este carro e comprar um melhor, pois tinha uma oferta muito grande de Dodge para venda. Ou talvez procurasse um picareta de automóveis para tentar uma troca.
                       Passado mais algum tempo, o Vanderlei veio até a minha oficina e me ofereceu o carro, na condição de que quando eu tivesse algum em boa estado , que venderia para ele. Fechamos negócio e fiquei com o Dodge.

Foto com o carro já desmanchado, empilhado em cima de um Galaxie no pátio da minha oficina. O Dodge Charger que está com reboque, foi outro ano 77, que ainda vai ser postado. Com pode ser notado , teto branco.
                      Por algum tempo tentei vender  o carro, mas não apareceu nada de concreto. Então fiquei rodando por alguns meses e decidi que quando precisava de peças de reposição para algum cliente, tirava do Charger. Mas logo que me aparecia a peça que tinha tirado, recolocava de volta e continuava rodando. Por alguns meses mantive esta tática e depois comecei a desmancha-lo por completo.
                      Para se ter uma idéia de como o carro era mexido, quando vendi as rabetas traseiras do teto e tirei o vinil, vi que o carro não era bordõ e sim branco. Bem mais tarde quando tirei o motor, vi que tambem não era o dele e sim um do Dart. Portanto um carro bem futricado!!
                      Muitas pessoas me condenam por ter desmanchado tantos Dodge, foram 27 ao todo, fora os que comprei pela metade, já picados, que arrecadei em ferro velho e garagens particulares. Peças então, milhares, novas e usadas.

Bela foto, F-600 militar V8. O Chevette era da minha irmã Anelise
                       É que o pessoal tem que entender uma coisa, naquela época a oferta de peças era quase inexistente, mas em contra partida a oferta de Dodge (carros) eram absurdamente grandes. Tinha muito mais carro do que peça. E outra coisa, em cada Dodge que eu desmanchava  eu amealhava 50 vezes o valor que tinha pago pelo carro. Então foi assim. E é também por isto, e pela minha grande obstinação em catar peças até hoje, que tenho um dos maiores estoque de peças de Dodge do Brasil. Quem me conhece sabe o que eu estou falando.
                       Para se ter uma idéia da procura por peças na época, em mais ou menos um mês eu vendia um Dodge inteiro em peças. Era uma procura muito grande, pouca peça e muito carro. Eu não négo que dos Dodge que desmanchei, teve alguns que me arrependo e gostaria de te-los na minha garagem hoje. Portanto ninguem precisa me condenar, eu mesmo o faço.
                       Mas , absurdo mesmo eram os shock cars, ou provas de demolição. Destruiam os Dodges por prazer, ao contrario , eu desmanchava para outros poderem rodar
                      Vejam estas fotos:

Charger 1971 brigando com Dart sedan

Galaxie destruido

Guerra de Darts

Charger 1971 contra Dart

Galaxie e Dart
                       Em alguma postagem próxima, vou relatar o Dodge que vendi para o amigo Vanderlei, mas isto fica mais para a frente. Na próxima postagem escreverei sobre o único Dodge 1800 que tive, que na década de oitenta, estava pronto para receber um motor 318-V8.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Honda ML 125 Prata

                      Esta foi uma época em que a minha oficina estava a pleno vapor, com um elevado índice de serviço. As vezes chagavam a ter quatro ou cinco carros na fila de espera, o pátio da oficina estava quase sempre lotado. Isto tudo por eu sempre ter trabalhado sozinho, sem empregados. Como sempre priorizava os Dodge, acabava por ter de dispensar e até perder algumas reformas de outros carros.
                     Na ocasião, apareceu um cliente com um Dodge Polara GLS, de cor branca, acho que ano 80 ou 81. precisando de uma reforma completa em seu motor. Após desmontagem de todo o motor,  foi constatada a secessidade de uma reforma geral.  Como o amigo não dispunha de muitos recursos na ocasião, pois trabalhava no setor de produção de uma indústria calçadista da região, ficou acordado entre nós, que entraria no negócio uma moto Honda 125. A primeira das quatro motos que tive.
                      Como eu já tinha uma certa experiência em "pilotagem" de moto, aceitei de imediato o acordo. Achei bem interessante a idéia de ter um veículo bem econômico para fazer meus serviços de rua (buscar materiais, peças, tintas, procurar carros entre outras coisas)
                      Lembro bem a época em que aprendi a dirigir moto, foi com uma Yamaha TT125, de um amigo que tinha em Taquara.  Conhecido pela alcunha de Gordo, foi muito camarada na ocasião deixando eu e meu outro amigo Ganso aprender na moto dele. 
                      Juntamente com o amigo Gordo, passei uma das piores experiências da minha vida, em uma tarde de sábado, para ser exato,03 de maio de 1986, nos acidentamos quando retornavamos da praia de Xangrilá. Nós estavamos em um Passat do pai dele e batemos de frente em um Chevette. Resultado, quebrei o osso Úmero e de lambuja levei setenta e dois pontos na cara. Ficou lindo, imaginem . Mas como tudo nesta vida passa e tudo é aprendizado, isto passou e aprendi bastante.
                      Mas voltando a moto TT125 do Gordo, eu e o Ganso aprendemos praticamente juntos a dirigir moto. Locais que me lembro bem, eram: Nos fundos da Fábrica de Máquinas Max Badermann e o outro local que lembro bem era perto da "falecida" sociedade GEU. Mais ou menos entre o colégio Sta Terezinha (famosa lomba do Santa)e  o GEU.
                      Não lembro de ter levado nenhum tombo feio, mas do prazer de pilotar moto e do imenso prazer da companhia dos meus amigos, isto jamais vou esquecer. Como davamos risadas, qualquer motivo era um riso. Que época. Não sei bem se foi nesta época que o Eraldo Canani tinha uma Yamaha RX180 e o Tiago Seger uma CB400. Os dois sempre se "bicando", lembro o dia de um peguinha entre os dois, em frente a casa do Ganso, na rua Ernesto Alves. Quase morremos de rir.  Quem assistiu sabe o que estou falando. O maior crime de todos os tempos foi não termos tirado centenas de fotos. Era muito difícil alguem com máquina fotográficana época

Foto tirada pela minha mãe, meu sobrinho Lucas no meu colo. Ao fundo Maverick Sedan Super Luxo 1974 V8 hidramático
                       Quando o cara é novo, gurizão, tem uma sede enorme de aprender coisa novas. Dirigir carro é um sonho, moto então, nem me fale.
                       Bom, voltando a realidade... (mas sem querer voltar) A minha Honda ML125 era bem inteira de motor, mas o tanque tinha pequenos amassados e no bocal da gasolina, a tinta estava descascada. Conforme ia arrumando os carros dos clientes, também comecei a preparar o tanque para receber uma nova pintura. Em torno de um mês depois pintei a moto. Ficou novinha
                         Para variar um pouco, ela não esquentou nas minhas mãos. Ao todo acho que fiquei dois meses com ela e passei nos cobres.
                         Não sei como tenho esta foto,  mais uma vez agradeço a minha mãe por esta imagem.
                         Bom, na próxima postagem volto a escrever sobre o fóco principal deste blog: Dodge. Um Charger RT 1975 bordõ.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Charger R/T 1977 Automatic Branco Valencia

                A compra deste Charger R/T foi meio que ... despretenciosa, se deu o fato de eu ter ido a Porto Alegre entregar um Dodge Magnum de um cliente, e como de costume, eu entregava o carro no endereço do cliente e sempre andava um bom trecho do caminho de volta até a rodoviária a pé. Vinha perambulando pelas ruas e avenidas da grande cidade, sempre com os olhos extremamente aguçados nas arruelas e garagens escondidas.
                 Foi aí que avistei o cantinho de uma lanterna traseira bem familiar, a minha visão predileta em materia de carros, a visão perfeita para os meus olhos, ou seja, um Dodge.  O carro estava repousando dentro de uma garagem coberto por muita poeira. Da rua, a primeira vista achei que era da cor bege ou talvez amarela, cores que posteriormente não se confirmaram.

Dodge saindo no portão da minha primeira oficina, localizada no patio da casa dos meus pais
                 Muita ansiedade,  coração acelerado, bati na porta da casa sucessivamente, quase que botando a mesma abaixo, mas sem resposta aos meus apelos, anotei o endereço e fui embora. Uma semana depois fui até lá e tive melhor sorte. Encontrei um senhor de idade bem avançada, chamado Guilherme, dono do carro. Perguntei a respeito do carro e ele me respondeu que não andava com o carro a mais de um ano, disse-me que não se achava mais em condições de dirigir, já tinha tentado vender o carro diversas vezes sem sucesso, pois ninguém queria pagar um preço justo pelo carro, então resolveu deixá-lo na garagem.
                  Perguntei o preço que ele achava justo receber pelo carro, o que me disse foi abaixo do que eu estava disposto a pagar, parece-me que foi a quantia de "Um mil e seiscentos cruzeiros ou Um milhão e seiscentos mil cruzeiros". O nosso dinheiro teve tantos nome e perdeu tantos zeros que nem lembro mais. Bom... fechamos o negócio ali mesmo, na pequena varanda em frente da casa do senhor Guilherme.

Para variar um pouco, o meu sobrinho Cristóvão no meu colo, querendo pegar o volante
                   Quando tirei o carro para fora da garagem tive duas grandes surpresas. A primeira foi que o carro estava equipado com as cobiçadas rodas Magnum e a segunda foi o estado do carro, simplesmente perfeito, bancos originais, rádio Chrysler, ar condicionado, resumindo um carro perfeito.
                    A minha viagem de volta a Taquara com o carro foi super prazeirosa,  o Dodge era como novo, não fazia sequer um barulinho. Impecável tanto no acabamento interno como no externo, impecável de motor e também na caixa automática, que fazias trocas de marchas muito suaves. Havia sido a minha melhor aquisição até aquele momento.

Foto tirada pelo senhor Joel, pai do meu grande amigo Carlos (Ganso). Eu estava chegando em frente a casa do deles. Na foto estamos eu, Ganso de camisa quadriculada, e nosso amigo André de vermelho
                    Com nunca havia possuido, nem ao menos dirigido um carro automático, aquela foi uma grande novidade. No começo tive um pouco de receio em relação a durabilidade da caixa, muitas pessoas me falavam dos problemas que por ventura poderiam aparecer, que eu deveria vender o carro o quanto antes, e que não deveria fazer muitas manobras radicais com o carro e pricipalmente deveria me preocupar com  o custo de uma suposta reforma da caixa. Bom, só tenho uma coisa para dizer: TUDO BOBAGEM. Foi um dos Dodges meus com o qual mais fiz "fumaça", mais dei "pau", mais abusei da parte mecânica, e nunca deu problemas com a caixa automática.
                     Certa vez quando  voltava para casa, quase clareando o dia, lá pelas cinco da matina, bem na esquina da minha rua ouvi um tremendo de um estouro seguido de um forte tranco  que chegou a travar as rodas do carro. Logo pensei: "Lá se foi a minha caixa automática!!!!" Como estava muito cansado, com muito sono, encostei o Dodge no meio fio e fui direto para minha cama. No mesmo dia pelas quatro horas da tarde, fomos eu , meu irmão e meu pai empurrar o carro até a nossa casa. Foram os 150m mais custosos que já andei. Já no pátio da minha oficina, levantei no macaco e fiz o motor funcionar, engatei "drive"e tive a surpresa: Não foi a caixa e sim o diferencial que quebrou, pois o eixo cardãn girava e o diferencial paradinho. Acho que foi naquele momento que confirmei a paixão que tenho até hoje por automáticos.

Sequência de fotos tiradas pelo meu irmão Diogo, local onde hoje tem um viaduto. RS239 co RS115
Dodge Automático a toda prova  
                     Fui a "cata" de um diferencial nos ferro velhos da região e não demorou para achar o que procurava: Um novo Dana para o Dodge. Encontrei a peça no ferro velho do falecido Charles Petry, lá tinham muitas coisa de Dodge. O depósito dele ficava na Avenida Sebastião Amoretti, bem perto da casa dos pais daquela que viria a ser minha mulher, que na época.

Foto 2 da sequência. Estas fotos foram tiradas em um sabado, logo após o meio dia. Horario de poquissimo movimento na época. Somente vinha em nossa direção um ciclista, que ficou bem, digamos, apavorado com o feito   

                     Como estava perto do meu aniversário, minha mãe resolveu me presentear com o diferencial do Dodge, com toda certeza, foi um dos melhores presentes que ganhei e também um dos mais úteis.
                    Algum tempo depois acabei por descobrir o porque da quebra do diferencial, todas as vezes que fazia fumaça , deixava o seletor de marchas em "Drive"e consequentemente a caixa troca de marchas varias vezes, simultaneamente, com o carro parado. O regime de rotações do motor se altera muito nas trocas de marchas, alternando de primeira para a segunda e vice versa, dando vários trancos no diferencial. Daí em diante, todas as vezes que fiz fumaça foi com o seletor de marchas em 1 (primeira), sendo tanto para arrancadas em pegas como em fumaça.

Foto 3 , que sequência

Foto 4, só mais uma vaga lembrança e meio pneu a menos no carro
                     Como já relatei anteriormente, meus Dodges eram livres de surdinas, sempre com canos retos na traseira ou na porta. Quando eu andava sempre se escutava o ronco a algumas quadras, a minha chegada sempre era anunciada. Fato engraçado relacionado a isto foi a vez que fiz um pega com este Dodge contra um Maverick V8 de um amigo na praia de Atlântida. Arrancamos e o Dodge deu um pulo na frente do Maverick, mais ou menos de meio carro. A posição dos canos de descarga do Dodge ficaram exatamente alinhadas com a porta do Maverick, andamos algo em torno de 10 quadras e o Dodge sempre na frente, abrindo considerável distância em relação ao oponente. Até estranhei o fato, pois é sabido por todos que o Maverick tem uma arrancada melhor que o Dodge. Quando paramos o meu amigo veio em minha direção, rindo muito e me disse: "Cara, perdi a noção de tempo e espaço, o barulho infernal que sai dos canos do teu carro me deixaram sem saber o que fazer. É que ficaram alinhados na janela da minha porta e não escutei mais nada, inclusive o ronco do motor do Maverick. Acabei não trocando de marchas na hora certa porque só prestava atenção na barulheira do Dodge.
                      Em outra ocasião, quando estava "azulando" na praia, parei em uma sinaleira e encostou uma viatura da brigada militar ao meu lado.  O policial foi taxativo: "Tu tens 24hr para colocar os escapamentos de volta, senão o teu carro vai ser recolhido para o depósito da policia". Tentei argumentar que tinha caido naquele dia, mas ele me disse:  "Guri, faz um mes que eu escuto esta barulheira ensurdecedora, este carro mais parece uma panela de lavagem fervendo. Chegou o teu limite!!! Quer que eu apreenda o carro agora? " Fiquei mudo!!!
                     Ainda bem que estava no fim do veraneio, coloquei as surdinas por uma semana, depois quando retornei a Taquara, tirei novamente.

Foto chegando na oficina
                     Andei por mais dois ou três meses e vendi este Charger R/T para o amigo Jonas Kellermann, de Taquara. Eu lembro que ele ficou muito contente com o carro e fazia muita fumaça nas noites de sexta e sábado em frente a um bar na cidade de Igrejinha, bar este que deixou saudades, pois hoje não existe mais.      
                     Lembro bem que neste mesmo local fiquei, literalmente, com a alavanca de câmbio do Chevette da minha mãe  na minha mão, o que me deixou muito atucanado na noite, foi uma correria louca para colocar o Chevettão em funcionamento antes de chegar em casa.
                    Certa tarde no centro de Taquara, o tio do Jonas me encontrou e veio como uma fera raivosa em minha direção, me xingou bastante e disse que eu não deveria ter vendido aquele beberrão de gasolina para o sobrinho dele e caso acontecesse de ele se acidentar, a culpa seria minha. Na imaginação do pobre coitado, que hoje até é falecido, o Dodge não valia nada, não tinha valor algum e era um carro velho e fora de moda. Portanto eu tinha enganado o sobrinho dele! Mas o Jonas não dizia nada disto. Acho que deva ter boas lembranças deste carro. Bom , sei que o Jonas vendeu o carro algum tempo depois para a cidade de Igrejinnha (possivelmente o comprador tenha assistido a vários rolinhos).
                       Mas vejam bem, aconteciam coisas das mais absurdas em se tratando de Dodge naquela época. A última vez que vi este carro foi no ferro velho do senhor Turco, na cidade de Tres Coroas, como pode??? Um carro integro em tudo, que nunca foi batido , porque estava lá para ser desmanchado. Mas era assim, então não tive outra alternativa, senão comprar dezenas de peças deste carro, coisa que na época, me era muito interessante.
                       Na próxima postagem, contarei um breve relato da minha primeira moto: Uma Honda ML 125  prata.                      

domingo, 24 de outubro de 2010

Ford F-350 V8

                Quando meu pai  chegou em casa e me disse ter encontrado um caminhão Ford F-350 abandonado, logo tratei de ir dar uma olhada. O Ford estava encostado ao lado de uma casa em uma propriedade rural, localidade de  Santa Cristina do Pinhal, distrito de Taquara. Dava para ser avistado da estrada, tinha cor vermelha e os logotipos Coca-Cola  gravado nas portas. Bati palmas e logo veio uma senhora me atender, era a sogra do dono do Ford, falei a ela que tinha interesse na compra do F-350, então ela foi chama-lo. Logo após me apresentar,  minha primeira prioridade era olhar por baixo do capô, tinha que ter o motorV8 acomodado  em seu lugar. Depois de confirmado o motor, olharia o estado geral do F-350. A confirmação veio em seguida  para a minha alegria, mas sem demostra-la, o Ford ainda tinha o V8.
FOTO TIRADA NA FRENTE DA CASA DOS MEUS PAIS, NA DIREÇÃO DO F-350 MEU SOBRINHO LUCAS. O OPALA COMODORO 1985 QUE MEU PAI ESTÁ LAVANDO TINHA ALGUNS MESES DE USO
                
                  A grande maioria destes motores foram banidos nas décadas de oitenta e noventa para darem lugar aos detestáveis Perkins. Porque as pessoas achavam um grande negócio ter um diesel, claro que em se tratando de economia não tem comparação com o V8.
                  Portanto tratei de parecer inconformado com o motor V8, claro, para depreciar o máximo o Ford F-350.
                   O proprietário, que não lembro mais o nome, era um antigo funcionário da Coca-Cola em Porto Alegre, disse-me ele que quando se aposentou comprou o caminhão em um leilão de renovação de frota da empresa, andou por alguns anos no sítio e arredores de Taquara e depois abandonou o Ford.
                   Fiquei, e fico até hoje, imaginando o que este Ford levou de pau nas ruas e estradas da região metropolitana de Porto Alegre nos anos sessenta e setenta. Imaginem ele carregado de engradados de bebida, subindo ladeiras e morros, o motorzão V8 zunindo, e por vezes, até apanhando de tanta carga. Só quem viu um V8 Ford F100 , F350 ou F600 trabalhando, sabe do que estou falando. O ronco deles é inconfundível.

CAMINHÃO NA ENTRADA DA GARAGEM, COM DODGE NA FRENTE
                    As minha mais remotas lembranças deles foram:
                                          - Uma F100 V8 ambulância do antigo INPS. 
                                          - Um F600 V8 do corpo de bombeiros 
                                          - Um F600 V8 da prefeitura, que passava todos os dias em frente a minha casa. Quando ele entrava na rua eu já sabia, porque o motorista andava sempre com o pé em baixo. Que ronco!!! Nunca vou esquecer destas cenas. Todos os três mencionados foram do município de Taquara.
                     Segundo me contou um ex proprietário de um Ford F600 V8, que anos atrás trabalhava transportando pedras das pedreiras do interior de Taquara para outras cidades do estado, os F600 a gasolina eram os preferidos pelos camioneiros, dificilmente não subia alguma pirambeira e na estrada era um rei, rápido e gostoso de dirigir. Só que tinha dois defeitos grandes: O primeiro era que tinha de se ter muito cuidado para não entortar o eixo cardãn, o motor tinha tanta força que se com o caminhão carregado, ele fosse forçado em arrancadas em lombas ou acavalado, o eixo virava um espiral. O segundo grande defeito era que na estrada, quando avistava um posto de gasolina, a direção começava a puxar para o lado do posto(Brincadeira).

 ESTAS FOTOS FORAM TIRADAS LOGO QUE O F-350 FICOU PRONTO, NÃO TINHA AINDA O MOTOR 318' DE DODGE  NA TRASEIRA
                        Bom voltando ao meu Ford F350, levei o dia todo para fazer o caminhão funcionar, mas funcionou bonito. Cheio de folgas e muito surrado, mas funcionando. Acertamos o preço e peguei a rodovia RS20, que liga Taquara a Porto Alegre e fui em direção a minha casa, distante em torno de 20 km . Documentação totalmente irregular, pneus carecas, freio deficiênte, entre tantas outras coisas fui seguindo pela estrada, feliz da vida com o F350-V8. Era uma época diferente da de hoje, muito mais descomplicada, não se tinha a preocupação de andar "meio" irregular. 
                        Como eu suspeitava, o Ford tinha sido bem surrado, o motor tinha as medidas de pistão 0.60 e bielas 0.30, ficando impossível a reforma do mesmo. Acebei comprando outro motor e reformando por compléto.


FOTO TIRADA DA JANELA DA COZINHA DA MINHA MÃE

                         Depois de muito pensar e pensar, tinha decidido pinta-lo de bordô, após alguns testes de cor que não me agradaram, acabei escolhendo a cor certa. Pintei de um amarelo bem clarinho, ficou sensacional. Mas depois , por pura inexperiência, tive uma grande dor de cabeça para regularizar a documentação. Deixei para fazer a papelada depois de pronto, pintado.  deveria ter pedido uma autorização para a troca de cor antes da reforma. Lá foi meu pai de novo resolver uma pendenga.
                         Resolvido isto,  a restauração do Ford levou exatamente um ano para ser concluida, foi muita dedicação e muito trabalho para deixá-lo novo, mas valeu a pena.
                           Como já tinha dito antes, a minha intenção era fazer um guincho, por isto o Ford não tinha carroceria atras, estava só no chassi. Então, para adicionar peso a traseira e deixá-lo mais macio para rodar, provisoriamente fiz um estrado de madeira e coloquei em cima um motor 318-V8 de Dodge, completo, com bomba dágua e de gasolina, capa seca, motor de arranque, carburador e tudo mais. Ficou razoavelmente mais macia a suspensão traseira, bom para rodar nas ruas irregulares de paralelepípedos.
                            A escolha de colocar um motor V8 na traseira ficou sensacional, uma coisa bem diferente do que se estava acostumado a ver, chamava muita atenção aquele motorzão V8 acoplado na traseira. Não imaginava eu que aquela idéia iria dar tanto o que falar em Taquara. Foi inventado, não sei por quem, que eu tinha instalado dois motores V8 no F-350, um funcionava na tração dianteira e outro na traseira, portanto um Ford F350 V16. E pasmem, tinha gente que vinha me perguntar com era o funcionamento . Eu e meus amigos quase morriamos de rir, é por isto que eu acredito que tantas pessoas são enganadas em se tratando de carros antigos. O ser humano acredita em tudo que escuta!!


FOTO TIRADA NA CASA DOS MEUS PAIS. NA FRENTE DO FORD UM DODGE DE UM CLIENTE

                           Passados poucos meses e depois de milhares de propostas de compra do F350, acabei aceitando, e com muito pesar, passei ele adiante. Logo que  o Ford ficou pronto, comprei um Charger R/T 1977 automático branco, muito inteiro, que contarei na próxima postagem.         

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Charger R/T 1978 Ouro Toledo

               Quando avistei este Dodge para venda em um "picareta" de carros em Taquara logo me interessei, pois tinha uma cor diferente dos que já tive anteriormente. Ouro Toledo, código de plaqueta PT-1. Então fui olhar o estado geral do carro e tirar informações sobre o preço pedido pelo vendedor. O Dodge pertencia a um senhor que residia no município de Santo Antônio da Patrulha. Deixou o carro para venda em Taquara pois era amigo do vendedor, sendo que por este motivo, não entrei em tratativas de compra com ele e nem o conheci.
                Logo após saber o preço pedido pelo carro, ofereci a minha Veraneio em troca. Entramos em negociação e o vendedor logo se mostrou interessado pela minha propósta: Eu dava a minha Veraneio em troca do Dodge e ele me voltava mais um valor em dinheiro. Não lembro quanto foi esta volta, mas era um valor bem considerável. Como já tinha relatado anteriormente, os Dodge não valiam quase nada ao contrário da Veraneio que tinha um bom valor de mercado e era muito procurada. Sem contar o fato de que estava toda reformada, resumindo fechamos o negócio no mesmo dia. 
FOTO TIRADA NO PÁTIO DA CASA DOS MEUS PAIS
                       Tive um pouco de dor de cabeça para regularizar a documentação do Dodge, pois o vendedor não tinha o recibo de transferência, disse que teria que pegar com o dono e me entregaria em alguns dias. Depois de várias tentativas de conseguir o recibo sem sucesso, passados mais de um mês da compra, resolvi ir atrás do antigo dono. Descobri o endereço e fui a cidade de Santo Antônio da Patrulha. Na primeira tentativa consegui falar com a esposa do antigo dono do carro, me disse ela, que o marido tinha entrado em um conflito com o vendedor de carros porque não o tinha autorizado a troca do carro por outro, queria apenas vender. Me disse também que achava que o marido não iria assinar o recibo de venda e que o melhor que eu teria a fazer era desfazer o negócio. Era um caso bem complicado, pois o vendedor neste espaço de tempo, já havia vendido a minha Veraneio para outra pessoa e não tinha repassado o valor em dinheiro para o dono do Dodge.
                         Depois de gastar muito do meu verbo com a senhora, tentando explicar que eu não tinha nada a ver com o negócio mal feito pelo vendedor e que era injusto ele não assinar. Bom... depois disso tudo, ela me disse que eu voltasse para casa que ela iria conversar com  o marido e tentar resolver da melhor maneira possível.  
                         Uma semana depois retornei a Santo antônio da Patrulha e por mais incrível que possa parecer, a esposa do antigo dono do Dodge me entregou o recibo, assinado e reconhecido firma em cartório. Voltei para casa com um peso a menos nas costas.
FOTO TIRADA PELO MEU AMIGO ERALDO CANANI. A DKW É DELE E NA DIREÇÃO O DUDA, IRMÃO DO ERALDO, ENSAIANDO UMA VOLTINHA

                          O Dodge tinha alguns pequenos reparos para serem feitos na lata, alguns pequenos amassadinhos e um polimento. Passadas algumas semanas o carro estava arrumado como eu queria. este Dodge foi um carro que me deu muita satisfação, além de ser muito bonito e chamativo, era ótimo de andar.
                           Nesta época eu estava com dois Charger R/T na garagem, este e o outro 76 branco. Passado algum tempo apareceu comprador com uma proposta irrecusável  para o Dodge Charger branco. Foi vendido para um rapaz da cidade de Igrejinha, fica a menos de 10km de Taquara. Em torno de um ano após ter vendido, eu vi este Charger R/T branco em um ferro velho naquela cidade, do qual comprei várias peças. Teve um destino comum se tratando de Dodge na década de 80.
                           O Charger Ouro Toledo, acho que teve um destino diferente. Foi vendido alguns meses depois do Charger branco para uma juíza do interior do estado, se não me engano, município de Santa Barbara do Sul. Esta juíza estava na época aqui em Taquara olhando um outro Dodge para comprar. O carro era de um amigo meu, senhor Jacó. ele tinha um Charger R/T 1974 amarelo, simplesmente NOVO. Não sei porque mas o negócio entre eles não evoluiu. Assim, ela ficou sabendo do meu Dodge e acabou batendo na casa dos meus pais. Deixei ela olhar detalhadamente e depois fiz um preço para não vender, acho que o dobro ou até o triplo do que valia, mas... ela "bateu o martelo". No outro dia de manhã ela viajou com o carro para casa. Infelizmente nunca mais tive notícias deste carro.
                           O Charger R/T 74 amarelo do senhor Jacó foi vendido também algum tempo depois para uma rapaziada, também para a cidade de Igrejinha, teve também um triste fim. Primeiro ficou grudado em um poste de iluminação pública, foi arrumado como a "cara"do chapeador e vendido novamente para Taquara. Foi comprado por um senhor que tinha uma carrocinha de cachorro quente, em certas ocasiões fiz alguns serviços no Dodge deste senhor, mas o estado era realmente muito ruim. A última vez que vi o Charger amarelo do meu amigo Jacó foi no ferro velho do falecido senhor Arsenor em Taquara, pai do senhor Derocí, que muitos anos depois me vendeu um caminhão Mercedes Benz, juntamente com a concessão do serviço de guincho de Taquara (Remoção e depósito de veículos apreendidos em acidentes de trânsito, furtados, roubados e com problemas de documentação).  
GARAGEM DE VÁRIOS  DODGES MEUS, QUE ATE NOS DIAS ATUAIS, AINDA ACOMODA UM DODGE. 
                               Bom, estava eu sem carro de novo e principalmente sem Dodge. Mas isto não durou muito tempo. Na época eu tinha muito serviço na minha oficina e estava com uns planos de ter um guincho para buscar carros, tanto de clientes como também para resgatar Dodges que eu comprava. Desde os tempos remótos de guri, sempre admirei muito os Ford F-600, F-350 e F-100. Lógico que todos com motor V8. Então logo meu pai achou uma Ford F350 V8 ano 1965 abandonada, que foi resgatada . Mas esta fica para a próxima postagem. 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Chevrolet Veraneio 1966

                    Sempre gostei muito de caçar e pescar, tinha e tenho meu irmão como meu grande parceiro até hoje. Lembro quando éramos ainda crianças e íamos acampar no interior de nossa cidade, com muita frequência íamos com nossas gaiolas e espingarda de pressão a alguma aventura.
                    Em meados do ano de 1982 resolvi comprar uma Chevrolet Veraneio para nos levar em nossas empreitadas no campo. Como tinha o Dodge na garagem e não queria vender o carro, não tinha quase nada de verba disponível. Comecei então a procurar uma Chevrolet Veraneio bem barata. O meu sonho mesmo era o de encontrar uma Chevrolet Amazona, mas sabia que era uma perua bem difícil de arranjar já naquela época, imaginem hoje.
                    Meu pai foi um descobridor de vários carros meus, como era viajante, sempre andava por cidades do interior do estado e com os olhos sempre abertos a procura de algum carro parado em um canto ou outro. Passado algum tempo, um dia chegou em casa de viajem e me disse: Descobri uma Veraneio encostada em uma garagem,   sempre que passo na estrada e olho para a garagem, ela está lá! Está em uma localidade chamada Recosta, fica alguns quilometros antes de chegar a cidade de São Francisco de Paula na serra gaúcha. 

FOTO TIRADA EM FRENTE A CASA DOS MEUS PAIS, CHEVROLET VERANEIO PRONTA
                       Peguei um onibus e subi a serra, chegando na localidade de Recosta não demorou muito até eu descobrir o esconderijo da "Vera" . A primeira vista o estado da coitada era realmente deplorável, fico imaginando como o dono tinha coragem de deixar a coitada naquele estado e ainda por cima andar coma ela. De cor verde, totalmente desbotada e com vários buracos de podre, que mais parecia ter passado por uma guerra. Mas... conversei com o dono e logo entramos em um acordo, o preço não lembro quanto foi, mas foi bem barato.
                       Tudo acertado, tinhamos de ir a cidade de São Francisco de Paula reconhecer firma do recibo de compra e venda da perua. A localidade de Recosta fica em torno de 10km serra a baixo da cidade de São Chico. No meio do caminho, com a perua em movimento, juro por tudo que tem de mais sagrado neste mundo, quase pulei fora da Veraneio e saí correndo mato a dentro para não ter que concretizar o negócio. Ela era muito feia por fora, mas nada se comparava a ela rodando na estrada. Não tinha folga na direção, tinha férias!!!!! Batia até a alma do boneco, os bancos eram todos rasgados, pareciam um ninho de rato. E para completar era completamente instável rodando. Se até aquale momendo da minha vida não tinha me arrependido de nada que fiz, este foi o momento. O cidadão que me vendeu a belezinha sabia que estava me vendendo uma bucha de canhão, não quis nem voltar comigo até a casa dele por medo de eu desfazer o erro e acabar com o negócio.
                         Tudo bem, na volta para casa vim espraguejando um pouco  mas passou. Eu sempre gostei de carro antigo, e eu me gabo em dizer que tenho um certo "feeling" dirigir carro velho, cheio de folgas. Pode ser bem surrado mas eu acabo gostando e me adaptando as condições adversas. Os meus amigos ficavam impressionados quando eu conseguia desacavalar as marchas do Dart Sedan marrom (vide primeira postagem) de dentro do carro, somente maxendo na alavanca eu conseguia sentir qual garfo estava acavalado  e desacavalr sem abrir o capô.
                        Quando estacionei ela na frente de casa, como era de costume toda família veio dar uma olhada. Costumeiramente se ouvia algum comentário, mas desta vez só se viam olhos e bocas torcidas. Para não dizer que ninguem falou nada, minha mãe disse: "A solução é cortar o teto e fazer uma grande floreira dentro"!!! Me arrependo de não ter tirado algumas fotos dela neste dia.
FOTO TIRADA NA GARAGEM DA CASA DA PRAIA, EM CAPÃO DA CANOA. MEU SOBRINHO CRISTÓVÃO ADORAVA ANDAR NESTA PERUA, É SÓ OLHAR A CARINHA QUE ELE ESTÁ FAZENDO
                            Foi o primeiro carro que restaurei completamente, desmontei ela toda por completo. Até o chassi foi jateado e pintado.
                            Certo dia recebemos do senhor Aldo Benson, dono da f'ábrica de dos automóveis Miura de Porto Alegre, ele era vizinho de praia em Capão da Canoa. O seu Aldo se compadeceu co a minha empreitada e pediu que levasse todo o interior da Veraneio na  Aldo Auto Capas empresa de propriedade dele, renomada no segmento de estofamento automotivo. Ganhei o interior totalmente novo de presente. Ficou lindíssimo.
                            Exatamente oito meses depois ela estava pronta, pintada e emplacada no meu nome.
                            Como nesta época estava ainda fazendo faculdade e ía quase todos os dias  de onibus, resolvi colocar um terceiro banco na Veraneio e fazer transporte universitário. De Taquara até São Leopoldo, onde estudava, são mais ou menos 70km, com o pagamento das passagens dava para pagar as despesas com a gasolina e umas duas cadeiras nas faculdade. Quando eu não tinha aula meu irmão ía com ela. Era uma festa na ida e na volta.
                            Em outras ocasiões fizemos vários acampamentos com a Veraneio, um que ficou bem marcado foi a pescaria no canal de Cornélios, acho que fica no município de Maquiné no litoral gaúcho. Nesta pescaria foi feita a inauguração do primeiro barco construído por nós. (meu cunhado Ronaldo, meu irmão Diogo e eu) Feito todo em compensado naval, era para ser a maravilha dos rios e lagoas. Por vários fins de semana nós ficamos envolvidos nesta óbra. Óbra esta que mereceria uma postagem só para ela neste blog, que talvez eu faça no futuro.
                            Bueno, voltando a pescaria, houve várias coisas engraçadas neste acampamento, aprimeira foi quando o barco foi para a água. Foi o momento quenotamos que tivram várias falhas no projeto do barco. Não entrava água, mas o barco era indirigível, só ia na direção que ele queria. Outras embarcações que passavam pelo local não pouparam a nossa criação, davam muitas risadas e nós acabamos rindo também. Mesmo assim nos divertimos muito, quando caiu a noite fizemos aquele churrasco e tomamos várias caipiras. Fomos dormir emborrachados. Aí é que veio a segunda coisa engraçada. É que durante o dia alguém furou um saquinho de sal dentro da nossa água e como ninguem bebe água em acampamento, somente outros líquidos, fomos notar isto de madrugada. Com as gargantas secas por causa da combinação trago mais churrasco salgado. Foi uma noite terrível, quase bebemos toda a água do rio. Depois de muita discussão de quem era a culpa, amanheceu o dia e saímos como loucos atras de um barzinho.
NESTA FOTO PRECISO DESTACAR A LINDA MOCINHA QUE ESTÁ NO MEU BRAÇO ESQUERDO: MINHA SOBRINHA MARINA. HOJE É UMA MULHER REALMENTE APAIXONADA POR DODGE.
  NO MEU BRAÇO DIREITO A MINHA SOMBRA QUANDO ERA CRIANÇA: CRISTÓVÃO
                         A Veraneio ficou tão boa de andar quanto bonita, apesar de ser a minha primeira restauração completa. No ano em que ficou pronta fui com ela para as minhas férias na praia, deixei o Dodge em casa.
                         No final do mes de janeiro, quando voltava em uma noite para casa, ela me deixou na mão. Estava a três quadras da minha cama. Encostei e fui para casa a pé. No outro dia descobri que a coitada tinha quebrado a caixa de câmbio. Improvisei uma oficina em frente a casa de praia do meu pai e tirei a caixa, não tinha peças para reposição no litoral então peguei um onibus e viajei 170km até Taquara, comprei outra caixa em um ferro velho da minha cidade, porque era bem mais em conta do que arrumar a minha caixa. Retornei a Capão levando a caixa de câmbio nas costas, deu bem mais trabalho do que fazer a troca do câmbio da perua.
                         Algum tempo depois pareceu em uma revenda de carros em Taquara um Charger R/T 1978, ouro toledo, que com o qual negociei a Veraneio. Tema da minha próxima postagem          

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Charger R/T 1976 Branco Valencia

                      Logo após ter vendido o Charger LS comecei a caçada atrás de outro Dodge, fato que na época não era nenhuma façanha. Existiam tantos anúncios de Dodge nos jornais que era mais fácil e rápido procurar por eles direto nos revendedores de carros usados, então cemecei a pegar onibus e ir direto na fonte (Porto Alegre). Escolhia um dia da semana e passava perambulando pelas ruas onde sabia que existiam vários revendedores (picaretas) de automóveis usados, e logo encontrava o que queria.
                       Várias vezes eu era visto por conterrâneos meus em Porto Alegre, eles, sem falar comigo, sabiam o que eu estava fazendo lá, porque eu só ia aquela cidade para um fim: Dodge 
SUSPENSÃO BEM REBAIXADA NA DIANTEIRA, ERA UMA MANIA FEIA COMUM NA ÉPOCA. FOTO TIRADA EM FRENTE A  CASA DOS MEUS PAIS


                     Era uma época de tanta fartura de Dodge que eu refugava um automóvel por qualquer coisa. Bem diferente de hoje em dia que eu vejo na internet as pessoas comprando carros totalmente destruídos, reformando e colocando em museu. Outra coisa que se vê muito hoje em dia é cara dizendo que tem Dodge todo original, estado de novo "com tantos mil quilometros"originais, mas na verdade muito pouco de original tem. Quem tinha dinheiro para comprar um dodge 0K geralmente não era para deixar na garagem de casa, a pessoa viajava e muito. É o mesmo que hoje em dia o cara comprar um Ômega Australiano ou outro carro de luxo qualquer e não viajar, até pode mas é difícil. Tem muita pouca gente que sabe o que é originalidade em Dodge, até existe mas é raro. Outra coisa é a tal da placa preta, já vi carros por aí que nem placas poderiam ter mais e tem a tal placa. Muito cuidado ao comprar um carro com placa preta, tu podes estar pagando um preço que o carro não vale. Tenho um conselho que sempre dou para quem quer comprar um carro antigo, "PROCURE ALGUÉM QUE REALMENTE ENTENDA DA MARCA DE CARRO QUE DESEJA COMPRAR E LEVE JUNTO".

NESTA FOTO ESTA MEU PAI, SR INÁCIO, RELAXANDO EM FRENTE A CASA DA PRAIA DE CAPÃO DA CANOA 
  
 
                    Falando em praia, foi nesta fase da minha vida que comecei a passar quase três meses de férias em Capão da Canoa, antes ia só em janeiro ou fevereiro.
                    Foi uma fonte de muitas amizades que recordo até hoje. Eu e alguns amigos íamos quase todas as noites a praia de  Atlântida, é que lá haviam duas discotecas famosas  naquela época. Não andava muito com o carro porque não tinha muito dinheiro para a gasolina, geralmente chegava nos lugares e estacionava o carro. A fase da fartura vai ser contada em uma próxima postagem onde eu gastava mais ou menos um tanque de gasolina a cada dois ou tres dias, mas isto fica para ser contado mais a diante. Foi um periodo que quase não fui a beira mar, chegava em casa de madrugada, 5 ou 6 da manhã, dormia o dia inteiro e saia as 9 ou 10 da noite.   


                    No dia 08 de janeiro de 1982 encontrei este Charger R/T parado em frente a uma empresa com um anúncio de vende-se no vidro, não lembro mais o nome da rua nem o bairro, só sei que o dono do carro tinha uma empresa empacotadora de carvão. 
                     Entrei na empresa falei com o dono e fomos olhar o carro, era bem inteiro, tinha ar condicionado e direção hidráulica, mas era outro que tinha as faixas laterais do 77 e era um 76. Como  o modelo de 1977 não tinha nada de diferente externamente ao do ano de 1976, acho que vários proprietários mudavam as faixas para atualizar seus carros. As diferenças eram somente internamente, como por exemplo o grafismo e o sistema de iluminação do painel de instrumentos. Também teve mudanças no sistema de freios, com o servo freio (hidrovácuo) de diâmetro bem maior, juntamente com o cilindro mestre do freio e o cabo primário do freio de mão.
                    Uma coisa que não precisava ter preocupação na época, na hora da compra, era quanto ao estado do motor, caixa e diferencial. Porque os Dodges como todo mundo sabe, tem um motor quase indestrutível, é quase um tanque. De todos os Dodge que tive nunca reformei o motor de nenhum. As reformas de motores só começaram alguns anos depois, quando eu comecei a reformar carros de clientes por completo.
                     Resumindo, voltei de Dodge para casa.
FOTO TIRADA EM FRENTE A CASA DOS MEUS PAIS, PALCO DE INCONTÁVEIS FOTOS E ENCONTROS COM AMIGOS.
                          Certa vez fomos eu e meu amigo Ganso com este carro a Novo Hamburgo assistir ao show do "camisa de venus", fizemos um espetáculo de rolinho tão grande na frente do clube, que tinha mais gente nos assistindo do lado de fora que dentro do clube. Na volta viemos fazendo um pega com um Maverick V8, de Novo Hamburgo até Taquara. Foi uma fase muito boa da minha vida, não tinha preocupação alguma com nada, só trabalhava para pagar o divertimento. Morar na casa dos pais é o paraiso que muitos jovens não se dão conta que vivem.
                         Na próxima semana vou narrar a história do meu primeiro Chevrolet Veraneio, o meu quinto carro. 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Charger LS 1973 Branco Ipanema

                    Antes de narrar a história deste Charger LS de hoje, quero fazer um breve relato a respeito da turma de amigos que eu tinha. A fase mais bacana desta turma foi entre meados da década de 70 até praticamente o final da de 80. Turma esta que ficou bastante conhecida na cidade e arredores como a Turma do V8! Na época foi feito até música em homenagem a turma,  por uma conhecida banda da cidade .
                   Eu, Eraldo Canani, Carlos Alberto de Oliveira (Ganso), Tiago Seger e Alnei Max Badermann, tinha-mos  praticamente a mesma idade e também muitos interesses em comum. O principal entre eles: Maverick V8 e Dodge.
                   Nos encontrávamos todas as noites no centro de Taquara,  na esquina da rua Rio Branco com a Julio de Castilhos, exatamente em frente ao edifício da agencia Chevrolet. Ficávamos por horas e horas, muitas vezes até madrugada, conversando, discutindo, rindo e tudo mais que se possa imaginar que há de bom para se fazer.
                   Muitas vezes fomos corridos por uma senhora que morava no último andar do edifício, ela não aguentava as  risadas que ecoavam madrugada a dentro. Fomos bombardeados várias vezes por cubos de gelo, bananas e até por baldes com água.
                   O assunto principal sempre foram os V8, sabíamos e conversávamos sobre todos os Mavericks e Dodges de Taquara e também das outras cidades próximas. Conhecíamos todos os carros e seus respectivos donos, fizemos até uma lista de todos eles, que infelizmente não sei onde foi parar.
                    O Dart Sedan que narrei na minha primeira postagem, também era desta turma, foi comprado por todos nós. Antes deste Dart  houve um outro Dart vermelho, que ficou preto algum tempo depois (graças ao famoso colorjet). Esse também comprado em um ferro velho, só que pelo pai do Alnei, Sr. Hari.
                 O Sr. Hari foi o comprador do primeiro Maverick GT vendido na agencia Ford de Taquara. O avô do meu amigo Alnei, Sr. Max, foi o comprador do último Maverick LDO V8 vendido pela Ford de Taquara.
                   Existem milhares de histórias para serem contadas desta turma, mas pelo menos por enquanto, ainda não estou escrevendo um livro.

                                            O Charger  LS
                  Este carro eu achei vasculhando as páginas dos classificados do jornal zero hora de Porto Alegre,  até hoje tenho o recorte do jornal onde está escrito: "Dodge Charger 73, inteiro. Cr$450mil. Tr.F:25.0518". O dia da compra foi 24 de julho de 1981.
                  Liguei para o número do anuncio e combinei com o proprietário de ir ver o carro no dia seguinte.  No dia marcado,  eu e meu irmão Diogo pegamos um ônibus e fomos ao endereço na cidade de Porto Alegre. Chegando lá, em  frente ao prédio havia um Dodge muito bonito parado, lembro que comentei com meu irmão: "Bem poderia ser este o do anuncio hein?? Ele prontamente me disse que achava que não, pois era muito inteiro pelo preço que iriamos pagar pelo carro.
                 Apertei o interfone do apartamento e o dono do carro logo atendeu e desceu. A primeira coisa que ele disse ao nos ver foi: O carro está estacionado aí em frente ao prédio. Resumindo era o carro que tínhamos visto!! Não queria nem ir olhar o carro, só queria ir direto para o cartório fazer o recibo da compra.
                Naquela época os Dodge fabricados até 1978 tinham perdido completamente o valor.  Recordo de anúncios como: "Vendo rádio toca-fitas TKR e leva de brinde um Dodge". Os únicos Dodge que tinham valor eram os 79 em diante. Eram carros muito caros, inacessíveis para o meu bolso. Só rico podia comprar.
               Bom, voltando ao nosso Dodge, tudo resolvido e assinado, pegamos o carro e fomos a um posto de gasolina. Logo em seguida fomos para o apartamento de uma irmã minha chamada Anelise, que morava em Porto Alegre e queria ir para Taquara passar uns dias.  
                A minha ansiedade era grande em sair das ruas movimentadas da grande cidade, mas logo já estávamos todos nós, eu e meu irmão Diogo, minha irmã Anelise e meu sobrinho Cristóvão, viajando de volta para nossa cidade.
               Como mencionei no post anterior, nesta época eu ainda tinha o Impala, mas não queria mais ele, então vendi na mesma semana que comprei o Dodge.
               Posso dizer que este foi o primeiro Dodge meu em que viajei, fui para vários lugares diferentes. Era um carro muito chamativo, apesar de ter as faixas do 77 e ser um 73, poucas pessoas entendiam do assunto e achavam o carro belíssimo. Não se via facilmente Dodges dos modelos velhos ( até 78) inteiros, a grande maioria eram feios e alterados.
               Eu era extremamente ciumento e cuidadoso com a aparência do carro, tinham duas coisas da qual eu não abria mão nunca, mas nunca mesmo! A primeira era a de não sair com o carro se o dia estivesse chovendo, caso fosse pego por uma chuva de surpresa, secava o carro imediatamente, na rua mesmo ou onde estivesse. A segunda era a de andar com o carro sem surdina (abafador) e com o cano reto saindo do lado da porta. Um dia meu pai colocou fora umas 40 surdinas de Dodge que estavam dentro da garagem dele.
                     É revendo estas fotos que vejo como o tempo passa rápido,  precisamos curtir bastante os momentos da vida. O meu sobrinho Cristóvão que aparece nesta foto, hoje é um homem formado na faculdade de direito e pai do Murilo.
                Este Charger era tão bonito que logo recebi várias propostas de compra e consequentemente foi logo vendido. Acho que fiquei uns 6 meses com ele e vendi por cinco vezes o que tinha pago.
                Nesta época comecei a pegar a fama de dodgeiro, as pessoas começavam a associar "Cuti=Dodge"e vice versa. As pessoas que tinham interesse em comprar ou vender Dodge vinham falar comigo. Se precisavam fazer algum conserto em seus Dodges, me  procuravam.
                O "Cuti arruma" pegou dimensões que eu nunca poderia imaginar e aos poucos e sem me dar conta isto foi virando uma mistura de paixão com profissão. Cresceu tanto que acabei abrindo uma oficina especializada em Dodge na casa dos meus pais. Nas próximas postagens irei incluir algumas fotos destas oficinas.
               Nesta foto aparece eu lavando o Dodge, meu irmão Diogo segurando meu sobrinho Cristóvão e meu amigo Julio Correia da Silva inspecionando o meu Dodge.
               Primeiro só fazia manutenção e algum tempo depois comecei a juntar peças de Dodge, comprava tudo que encontrava, novo ou usado. Comprei os estoques novos e usados de várias concessionarias antigas e algumas que ainda estavam abertas. Com o passar do tempo era eu quem fazia a revisão e manutenção de quase todos os Dodges de médicos, advogados, dentistas etc. Não só de Taquara, mas todas as cidades vizinhas e inclusive de Porto Alegre, onde tive inúmeros clientes.
                Tinha e tenho ainda, tanta peça estocada que virou um comércio. As vezes vendia peças até para concessionárias. Mecânicos e acessórios de peças eram clientes meus. Quando não achavam peças vinham em mim, porque eu tinha com certeza.
                Com tudo isto acontecendo de uma maneira nova e inesperada, sem querer eu havia descoberto o que significa trabalho com prazer. A combinação perfeita que muitas pessoas almejam , unir o útil ao agradável, a realização profissional. Larguei todo o resto que estava fazendo e passei a me dedicar exclusivamente aos dodges, coisa que faço com muito prazer até hoje!
                No meu próximo post, contarei sobre um Charger RT 1976, o quarto carro.