sábado, 19 de fevereiro de 2011

Charger R/T 1978 Castanho Tripoli código de plaqueta PT4

                           Houve uma época, lá por 1982, em que as portas do armário do meu quarto na casa dos meus pais, estavam repletas de recortes de anúncios de venda de Dodge. Eu recortava dos classificados e colava nas portas. O armário tinha três portas e só parei de colar anúncios quando não tinha mais espaço. Deitava na minha cama, que ficava de frente para o armário e começava a sonhar, a viajar. Ficava por horas admirando aqueles recortes. Pensando em todos aqueles carros à venda, pensava nas agências de onde eles teriam saído novinhos em folha. Ficava pensando em seus donos, como teriam comprado aqueles carros e porque aqueles loucos varridos queriam vendê-los! Aí me vinha na cabeça certos devaneios: Mas porque eu não vou lá e compro todos eles??? Sonha cara! Porque sonhar não custa nada!
                            Quando acabaram os espaços nas portas do meu armário, comecei a fazer um álbum, como os de figurinhas de jogadores de futebol. Meus amigos preenchiam álbuns de jogadores e eu de Dodge. O ruim disto é que eles sempre tinham figurinhas para trocar entre eles, e o meu álbum não tinha concorrência.
Querem comprar algum? É só escolher!!!
                           Por algum tempo levei alguns xingões da minha mãe, depois ela viu que não tinha jeito e me largou de mão. Não entendia como aquelas máquinas maravilhosas perderam o valor. Mas eu acho que o recorte mais inusitado foi este que vou narrar agora:
                           Um dia, quando meu pai atendia um cliente na cidade de Sapiranga RS, este lhe ofereceu uma rifa. Meu pai como era vendedor, sempre aceitava as rifas que lhe eram oferecidas e sempre comprava alguns números. Mas as coisas a serem rifadas, por vezes eram hilárias. Meu pai ganhou várias coisas: Uma vez ganhou duas ovelhas, outra vez um cabrito, outra vez uma pata com uma ninhada de 27 patinhos (que acabaram na panela depois de grandes), entre tantas outras coisas. Mas a rifa mais chuleada para mim foi a que ele me presenteou certa vez.
                            Chegou de viagem e me disse: Cuti, esta rifa é tua!!
Infelizmente não ganhei a rifa, mas este cartão também é bem interessante, não acham?
BADOLATO!!! TÁ AÍ UMA IDÉIA PARA LEVENTAR FUNDOS PARA O TEU MUSEU .  RIFA  UM DODGE!!! PODE SER UM QUE AINDA PRECISE SER REFORMADO. FAZ UM DETERMINADO NÚMERO DE CARTELAS E SÓ REALIZA O SORTEIO QUANDO TODOS OS NÚMEROS ESTIVEREM SIDO VENDIDOS. PENSA NISSO!!! Eu compro! E tenho certeza que os milhares de leitores do teu blog, e amigos, também vãocomprar!
                                                 Bom, logo depois que comprei o Dart azul, exatamente 22 dias depois, encontrei este Charger R/T  78 nos anúncios dos classificados do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre. O carro estava na revenda de usados da Gaúcha Car, revenda Volks. Se não me engano ficava lá na final da Protásio Alves. Me parece que esta agência Volks nem existe mais. Não sei porque!
                            Peguei um ônibus e fui até lá, a primeira vista o carro me decepcionou. Pois o anúncio dizia que o carro era super inteiro! Mas não era bem assim. O carro tinha pequenos amassados em praticamente todas as peças. Em tudo que é lugar que eu olhava tinha um defeito. Só que por dentro era novo! Provavelmente era de alguém muito maneta, mas até que cuidadoso com o interior. Os bancos de couro estavam impecáveis, tinha ar e direção.
                            O vendedor me disse que o carro tinha entrado na troca de um Santana novo, e o carro estava lá consignado, quer dizer, era do dono ainda. Não sei que tipo de negócio fizeram, mas pelo que eu entendi, a negociação entre o Santana e do Dodge ainda estava pendente.  O preço pedido era de CR$45.000 (acho que era cruzeiros), valor bem acima do que eu tinha, então comecei a argumentar com o vendedor os defeitos do carro e que só poderia pagar CR$35.000. O vendedor me mandou esperar e disse que iria falar com seu chefe. Em poucos instantes veio ele e o superior e... pasmem, olhem só o que o "chefe" me disse: "-Escuta aqui guri! O que tu quer com um carro destes?? Este carro não vale nada!! Se eu fosse presidente da república proibiria de fazer estes carros!!! Pra mim só existe dois tipos de carro. Grande e pequeno!! Carro grande é Kombi e carro pequeno é Fuca! O resto é lixo!"
                            Fiquei paralizado! Simplesmente sem reação. Depois do susto começamos uma discussão, eu defendendo o Dodge e ele o Fuca! Para encurtar a história, este superior ligou para o dono do carro e este em meia hora chegou lá. Eu já meio alterado, falei com o proprietário sobre a minha proposta. E falei que nem os 35mil pagaria mais, porque o carro teria que ser todo pintado.  Ele parou uns instantes e me disse: -E se eu te der mais algumas peças de Dodge que eu tenho guardada em casa, tu paga os 35mil? Eu lhe respondi: -Que peças? Novas ou usadas? ele: -Novas! Fomos olhar as peças. Resumindo, paguei os R$35 mil.

Este carro, apesar de ter várias cores, eu o achava lindo. E as magnum então! Que combinação perfeita! Harmônico
                                        Na época fiz uma relação de tudo que veio junto com o carro, vejam só: 21 rodas magnum (incluindo as 4 que estavam no RT78), um par de parachoques, um par de lanternas traseiras 75/78, um par de lanternas do 72, 2 jogos de buchas da suspensão completos, 3 pivôs superiores e 2 inferiores da suspensão, 1 parabrisa, 1 carburador 446, 1 jogo de frisos das caixas de roda, 1 espelho retrovisor externo com controle, 2 jogos de reparo do carburador, 2 portas e um jogo de de vinil do teto.
                                      Tudo isto zero, nas caixa Mopar. Exceto as rodas magnum. Tinham  4 novas, que guardo até hoje, as outras eram usadas. Bom, acho que só com isto já valeu o preço do carro 
Casa da praia em Capão da Canoa


No mesmo dia da foto anterior. O nosso vizinho da casa ao lado, Sr Claudio Junges tinha nesta época  um Landau 77, e teve, alguns anos depois, um Magnum 79, um Charger 78 exatamente igual ao meu. E bem depois ainda comprou um Galaxie 82. De todos os clientes que tive quando tinha oficina, o seu Claudio foi o melhor de todos eles. Além de ser um ótimo cliente, foi meu amigo de verdade! Em breve vou fazer um comentário mais  profundo a respeito desta ótima pessoa! E ao fundo o Chevettão da minha mãe, que trocamos pelo Maverick GT-302
                                       Voltei para casa com o Charger atulhado de coisas dentro. Quando lembrava das coisas que o vendedor me disse, tinha acessos de raiva e riso ao mesmo tempo. Mas muito satisfeito!
                                       Bom, daí em diante comecei a arrumar o Dodge, tinham muitos amassados, dava até nojo quando lembrava do dono. E como eu não queria pintar o carro inteiro, comecei a fazer remendos na pintura. Confesso que ficou ruim, parecia uma saíra de sete cores. Mas foi o que deu para fazer, a pintura que tinha já era bem gasta e sem brilho, o carro parecia que tinha levado um banho de ácido. Procurei na casa de tinta aqui em Taquara a cor original e não consegui, então foi feito vários retoques com uma cor parecida. O certo seria ter pintado todo ele , mas aí teria outro problema, as faixas laterais. Então optei por fazer vários retoques e depois polir bem a tinta. Pelo menos ficou bem brilhoso.

Meu irmão Diogo, dando uma vistoriada no carro
                                                Quando terminei os retoques que tinham para serem feitos na lata do Charger, logo em seguida apareceu um comprador e passei ele adiante.  Pelos registros e anotações que tenho, vendi este carro em setembro de 1986, ou seja, praticamente não esquentou nas minhas mãos 
                                              Na próxima postagem, outro carro que tenho até hoje. Um Charger R/T 1979 Marrom Sumatra/Beje Cashmere. O carro mais novo e inteiro que comprei até hoje.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dart de Luxo Azul Capri- parte 3

                        Aproximadamente no ano 2002 eu comecei a desmontar o Dart para a segunda reforma, primeiro foi retirada toda a mecânica. Algum tempo depois o carro foi desmontado por completo para dar então andamento na parte de lataria. Como seria uma reforma total mesmo, resolvi cortar o teto e colocar outro, para me livrar daquela coisa horrivel que tinham colocado no coitado, teto solar! Depois disto feito, o Dart começou a ficar com cara de Dodge original novamente!
O Dart teve a tinta velha toda raspada, ficou somente na chapa. A reforma foi por cima e por baixo.

Não teve um pedacinho do carro que não foi mexido



Um dos guardiões da minha oficina. Querem saber o nome dele? Magnum!
                         Nesta época até cogitei em colocar um motor zero, de Dart, que tenho guardado lá em casa.
                        Explico:
                           - No final da década de setenta, a Chrysler do Brasil doou um motor, de Dart 0K, para uma escola técnica de Taquara, esta escola tinha cursos proficionalizantes de macânica. Provavelmente a Chrysler tenha feito isto em vários lugares. Ou seja, várias escolas técnicas espalhadas pelo Brasil, ou Rio Grande do Sul, ganharam um motor novo para estudo.
                         Na década de oitenta um aluno da escola comentou comigo que havia um motor V8 atirado em um canto da sala de mecânica, ele não sabia de que carro era, disse-me ele que o professor afirmava ser um motor de Simca. Eu pedi a ele que indagasse na escola detalhes do motor, mas sem fazer muitos alardes. Sutilmente! Muito sutilmente!! Alguns dias depois ele me disse que o motor estava lá, mas de concreto ninguém sabia de que carro era. Só sabia que o motor tinha sido doado por uma fábrica de automóveis e era oito cilindros. Combinamos com o professor e fomos lá ver o tal motor. Quase caí duro! Um motor Dodge 318", zero!!!. O professor foi  categórico : É de Simca Emi-sul! E eu prontamente lhe respondi: Ééé.
                         Tentei muito nos anos seguinte comprar o motor, falei com todos os diretores, mas sem ter sucesso. Com o último diretor com que mantive tratativas de compra, quase fachamos negócio.  Pois aleguei a ele que o motor estava parado desde que veio da fábrica, ninguém havia mexido nele e tal e coisa. O homem concordou em vender.  Um outro professor havia me dito que até pouco tempo atras o motor estava dentro de um engradado de madeira com as inscrições:Chrysler do Brasil. Quando achei que o negócio estava feito o diretor se aposentou e as negociações voltaram a estaca zero. Bom, aí eu quase pirei da cabeça e parei de correr atras.
                          Em 1996 quase tive um chilique. Não me interpretem mal, foi  no bom sentido! A escola trocou este motor por vários motores elétricos em uma auto elétrica de Taquara. Vejam bem, o négocio foi feito a base de sucata!!!! Vários motores elétricos usados, para serem  estudados pelos alunos, trocados pelo 318"ZERO! Uma troca mais ou menos a quilo!! Eu como já vinha perseguindo  a muitos anos este motor 318" fui atras. O dono da elétrica estava reformando uma Chevrolet Veraneio e iria colocar o motor nela. Não me vendeu! O cara acabou vendendo a Veraneio em seguida. Fui atras e fiquei sabendo que o novo proprietário da Veraneio istalou um motor diesel e atirou o motor 318 em uma oficina na cidade de Igrejinha. Fui até a oficina para me certificar se era o motor mesmo, e era! O proprietário da oficina se recusou a me dar o endereço do dono da Veraneio, de certo achou que eu era um ladrão, não sei! Nestas alturas eu já estava quase louco.
                          Alguns dias depois descobri que o novo dono da Veraneio morava em um sítio no interior de Taquara, fui lá, falei com ele e vejam só o que ele me disse: Olha... o dono da oficina de Igrejinha me deu um prazo para tirar o motor de lá, caso eu não tire logo, ele vai vender o motor para um ferro velho. Se estiver lá ainda, pode pegar o comedor de gasolina pra ti!!! De novo quase tive um troço, fui direto lá e peguei o motor. 
                          Moral da história: "Se a coisa é para ser tua, vai ser!"
Na semana que foi pintado, a melhor parte de uma reforma! A montagem

A meu ver ficou muito bonito

Que rodas hein?


De perfil. Sabem que ao meu ver, a visão mais bonita do Dart é a da lateral traseira, enorme, esbelta. A coluna do teto se encaixa harmoniosamente a lateral, nasceram um para o outro! 


Mas a traseira é linda também!!

Que perfil hein? Lá atras na garagem provisoria, o meu Ford-V8-F600 militar. Vai ganhar uma postagem futura também
                          Bom voltando ao nosso Dart, resolvi que iria deixar o motor zero na minha pequena coleção de peças de dodge, e reformar o do Dart mesmo, afinal era um motor totalmente STD e pegaria uma ótima retífica. E assim foi!
                          No final do ano de 2002 o motor estava retificado e colocado no seu lugar. Aí começou a outra fase e diga-se de passagem, foi bem lenta.
                          O Dart acabou sendo finalizado as vésperas do casamento do meu irmão Diogo, de tanta pressão que a minha cunhada Fernanda (noiva) fez. Pois ela queria ir com ele na igreja. Deu tudo certo, graças ao bom Deus!!

Quase pronto, só faltando alguns detalhes para ganhar as ruas


Pronto para levar a noiva



Minha sobrinha Marina, louca para sair fritando!
                           E assim, por hora, termina as histórias do Dart.
                           Na minha proxima postagem vou falar sobre um Charger RT 1978,Castanho Tripoli (Código de plaqueta -PT4-) que comprei exatos vinte e dois dias depois do Dart Capri. No ano de 1986.  

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dart de Luxo Azul Capri- Parte 2

                Só um pequeno comentário antes de continuar as aventuras do Dart Capri. Quero dizer aos meus amigos leitores que a minha satisfação maior em contar estas histórias, está sendo os inúmeros e-mails que estou recebendo. Sem contar os comentários no blog a cada postagem. Posso dizer com toda certeza que valeu a pena. Está sendo um prazer dividir estas passagens da minha vida com vocês!
              Terminei a pintura do Dart no final do mês de novembro de 1986. E como era de praxe a cada final de ano, já me preparava para tirar minhas férias em Capão da Canoa. Nesta época, como fazia todos os anos, tratava de terminar os carros dos clientes o quanto antes e não pegava mais serviço algum, a não ser que fosse coisa bem rápida.  Ía sempre para a praia logo após o natal e sem data para voltar. Neste final de ano em particular, estava ansioso, pois tinha nas mãos  um Dodge muito bom para aproveitar o máximo minha estadia na praia.
                Foi o ano em que andei mais e consequentemente gastei mais, principalmente gasolina, na minhas férias. Perambulava pelas noites por todo o litoral gaúcho, de Tramandaí a Torres, quase todos os dias até as 6hr da manhã, atrás de aventura. Não teve um bar em que pelo menos uma vez não entrei no litoral norte do RS.
                Fiz vários amigos, acho até que muito se deve ao Dodge, porque o carro era extremanente atraente. As rodas magnum que tinha colocado nele, o deixaram com um aspecto guerreiro, e não existia muitos dodges bonitos andando.
                A respeito de rodas magnum, alguns dias após a compra do Dart Capri, comprei um Charger RT 1978 , castanho tripoli e de lambuja veio no negócio 21 rodas magnum. Mais de 5 jogos, sendo que 4 delas estavam dentro da caixa mopar, além de um porta malas cheio de peças novas. Quando fechou a fábrica, houve uma grande correria dos donos de Dodge por peças, muitos donos montaram verdadeiros acessórios particulares. E, consequentemente, quando vendiam seus carros, entregavam as peças junto.
                 Bom, nesta época, constantemente eu me reunia na casa de um ou outro amigo para combinarmos onde iriamos a noite, e vejam como eram e são as coisas, apesar de quase todos eles terem carros novos,  todo mundo queria ir de Dodge! Todo mundo adora andar de Dodge! Principalmente as irmãs e namoradas dos amigos! Situação difícil, muito difícil! Mas vou me ater ao foco do blog: DODGE.  A coisa era muito divertida!

Foto tirada na rua da casa dos meus pais

Após uma lavagem em frente a casa. Pronto para cair na estrada
                Nesta época eu era... não sei dizer ao certo que palavra usar corretamente para me definir, talvez  doente por Dodge. Se um outro carro qualquer me ultrapassasse acelerando eu ia atrás e queria pega! porque pra mim, não existia (e ainda não existe) carro melhor que Dodge. Os Opaleiros que me perdoem, mas eu nunca perdi um pega para Opala, e olha que eu gosto de Opala! Meu pai comprou 7, todos zero km, e aprendi a dirigir em um deles.  Eu gostava de dizer aos donos de Opala: Pode largar na frente, tu logo vai ver no teu retrovisor o pisca esquerdo do Dodge ligado, de cor laranja e retangular!  Mas... como toda regra tem exceção, e surra a gente nunca esquece, um dia um amigo comprou uma Caravan 250-S e de cara fizemos um pega, levei o maior pau da minha vida!! Mas depois fui saber, a Caravan além do motorzão 250-S , era toda mexida! (comando , carburadores etc, etc e tal). Então eu acho que não vale como parâmetro. O chato é que ele me goza até hoje, dá para acreditar? Esta era uma época de fartura, que eu me lembre, a cada três ou quatro dias queimava um tanque de gasolina.
                 Para vocês terem idéia do grau de fanatismo por Dodge, quando me perguntavam a respeito de durabilidade do carro, tinha um ditado que uso até hoje: Pode atirar o Dodge dentro do mar, deixá-lo um ano lá dentro e depois puxá-lo para fora. Entra dentro, bate arranque e vai embora!!  E falava isto sério!
Em frente a casa da Janinha, outro lado da rua

Este senhor de bicicleta foi pego de surpresa. Seu Evaldo, vizinho da casa dos meus pais

Foto tremida, era assim que a concorrencia olhava para o Dartão

Eu não tinha nenhuma grade boa original do Dart 75/78 para colocar, então coloquei uma do Charger 72
                 Bom, acabei voltando da praia em março, dois ou três dias antes de começar a faculdade. Era uma tristeza, não tinha ânimo nem para trabalhar, e tinha cliente esperando! Mas aos poucos recomeçava a minha rotina em Taquara, que também sempre foi muito boa.
                  Apesar de nos anos seguintes continuar comprando Dodges, este foi o único que nunca parei de andar. Foi meu carro de trabalho diário por 5 anos consecutivos. Só nos fins de semana que andava com algum Charger. Raramente pegava outro carro que não fosse o Dart azul durante a semana.
                  Quando meu amigo Tiago Seger se formou na faculdade de direito, acho que foi no ano 1989 ou 90, fomos eu, o Eraldo, o Ganso e o Dart para Porto Alegre na cerimônia de formatura. Assistimos a solenidade na PUC até por volta das 23hr depois saimos para umas voltas na cidade. Perto da meia noite resolvemos voltar a Taquara. Na saída de Porto Alegre peguei a Free Way em direção a Gravataí, vinhamos em uma velocidade de cruzeiro em torno de 140km/h, quando de repente o Ganso me alertou que lá atras, bem atras de nós, vinha se aproximando duas luzes, aparentemente em velocidade bem maior do que a que estávamos. Não deu outra, pisei tudo no Dartão, quase furei o assoalho com o pé direito. Em poucos instantes o ponteiro do Dart passava um pouco dos 190Km/h, só que não adiantou nada, as luzes pareciam que vinham até mais rápidas ainda. De repente passou uma flecha por nós, passava ao nosso lado um Mercedes Benz. Das poucas coisas que vimos foram, uma tremenda de uma morena sentada ao lado do "piloto" e o logotipo SL500 na tampa do porta malas. E por mais que eu esbravejei,  sumiu como um foguete! Eu desejei ardentemente um quadrijet naquela hora, e como desejei!!
                   Bom, deste momento em diante tirei o pé e disse: Não boto mais gasolina fora!! Isto até chegar em Taquara, pois ao chegarmos na cidade ficamos sabendo de uma grande festa de aniversário, do meu amigo Dado Leuckert. A festa era na rua Lothar de La Rue,  uma ruazinha bem curta e estreita, zona nobre da cidade. Ao entrarmos nela, esta estava praticamente fechada  por dezenas de penetras tentando ver e participar de alguma coisa. Parece que toda juventuda de Taquara estava lá! Como tinha muita gente do lado de fora da casa, alguns convidados se misturaram aos penetras e ai já viu!  Virou tudo uma festa mesmo!! Quando conseguimos chegar em frente a casa e o pessoal avistou o Dart,   alguém gritou: "CUTI, FAZ FUMAÇA". E apesar de eu ter levado uma surra na viagem, esta era uma palavrinha que me soava como um mantra, enfim, uma palavra mágica, não precisava pedir duas vezes.  Simplesmente comecei um rolinho e não parei mais, e o povo aclamando me injetava mais e mais  ânimo, éra como se fosse um motor V8 recebendo gasolina em grande abundância. Olha minha gente, a coisa foi cinematográfica. Acho que metade da cidade sentiu o cheiro de borracha. Quando parei, não se via nada. Era só gente nova gritando de alegria e a vizinhança gritando baixaria. Fomos imediatamente convidados a entrar na casa, beber e comer a vontade, até o clarear do dia. Foi um verdadeiro espetáculo para o aniversariante. E querem saber o mais impressionante? Tudo isto foi filmado!!! Tentei conseguir a fita para colocar no blog mas não deu. O Dado é hoje em dia piloto de avião e não mora mais em Taquara. Se conseguir eu boto em uma outra postagem. Anos depois teve uma outra festa muito pior que esta, ou melhor depende do ponto de vista, na cidade de Campo Bom, eu tinha  um Magnum 79. A churrasqueada acabou quando chegou a policia e foi muita gente para a delegacia. Vou tomar nota para não esquecer quando chegar o momento de postagem deste Magnum.

Em frente a SABA, praia de Atlantida

Minha mulher, praia Atlantida


                          Certa vez, acho que em 1987. Eu, meu irmão Diogo e mais dois amigos fomos ao Chui, extremo sul do Brasil e também extremo sul do Rio Grande do Sul. Atravessamos a fronteira e adentramos no Uruguai, fomos comprar Wisque e cartuchos calibre 12 para nossas espingardas de caça.  São mais ou menos 1300km,  ida e volta, fora o que andamos no Uruguai.
                          Saímos de Taquara por volta das 3hr da manhã e chegamos lá ao meio dia. Almoçamos, compramos o material e começamos a viagem de volta. Estávamos com o Dart com carga máxima e não queriamos perder tempo. Quem conhece esta estrada (BR166) sabe que existem retas intermináveis naquelas bandas, corta ao meio a reserva ecológica do Taim. Tem que se ter muito cuidado por causa dos inúmeros animais que cruzam a estrada, neste região já houve milhares de acidentes envolvendo carros e animais.
                         Bem, Fomos e voltamos praticamente com o pé no fundo do Dartão, na volta, um pouco antes de começar a reserva ecológica, coloquei um tijolo prensado em cima do acelerador, fazendo com que eu não precisasse ficar acelerando. Mais ou menos como um piloto automático.
                           Como as retas são enormes, a gente consegue ter uma boa visão da estrada e percebe quando há outros carros, mas com os animais é diferente, porque eles simplesmente cruzam a estrada, e sem avisar!! Quando estávamos bem no meio da reserva, o  ponteirão do velocímetro a quase 200Km/h, e com o "piloto automático" acionado, avistamos de longe milhares de passarinhos sentados no meio da rodovia, eles ficam ali comendo o arroz com casca que cai dos caminhões. Daí a pouco alçaram vôo, e nós olhando, imaginem a cena!! Quando de repente resolveram voltar para onde estavam e com toda certeza não imaginaram a nossa velocidade. Resultado, cruzamos no meio do bando. Eu só lembro de ter colocado a mão no para-brisa para proteger o vidro. Quebraram a antena do rádio, os limpadores de para-brisa e a grade. Tinha passarinho grudado até no espelho retrovisor do Dart, só não quebrou porque é bem forte, se fosse de plástico já era!
                           Alguns quilometros adiante havia um Posto de Policia Rodoviária Federal, que literalmente esqueci, e passamos a 150Km/h na frente. Acho que não nos viram, pois não fomos atacados e nem levei multa no carro. Ainda bem. 
                           Paramos em um posto para abastecer e esticar as pernas, descemos do carro e tomamos um susto! Tinha uns 50 passarinhos grudados na grade, uns até passaram e ficaram grudados no radiador. Pena que não tem fotos.
                            Outra coisa interessante, gastamos exatamente 6 tanques de gasolina no mesmo dia!!! Chegamos em casa as dez da noite do mesmo dia, ponteiro da gasolina na reserva! Nossa mãe se espantou e perguntou: O que aconteceu? já voltaram? E nós respondemos: É, caiu uma ponte e não deu para ir até lá. Alguns dias depois contamos a verdade.
Na entrada da garagem dos meus sogros
                  En julho de 1991 conheci minha mulher, um pouco antes de trocar o carro com minha mãe, dois fatos próximos, marcantes e inesquecíveis.
                   Em 1989 eu consegui (imaginem a pilha!!)que a minha mãe trocasse o Chevette dela por um Maverick GT 302-V8, em torno de um ano depois eu troquei o Dart azul pelo Maverick GT. Eu sempre tive um sonho de ter na minha garagem um, ou mais, Charger RT e um Maverick GT, 302-V8 e esta foi a hora!  Mas o Maverick eu conto mais para frente pois depois da compra do Dart Capri, comprei vários outros Dodges que, logicamente, terão suas histórias  contados antes do Maverick GT.
                    Nesta época meu irmão Diogo se formou na faculdade, e precisava de um carro. Então minha mãe passou a ele o Dart Capri. O Diogo usou por muito tempo este dodge como carro  de trabalho, viajava todos os dias pelas cidades próximas. E não tenho certeza, mas acho que conheceu a mulher dele neste carro também. A minha irmã Fernanda também usou ele quando foi morar em Novo hamburgo. Legítimo Bombril, todo mundo usou!
                   Não lembro bem a época, mas o meu irmão comprou um LeBaron 79 branco, carro até bem bonzinho, que algum tempo depois comprei dele. Na verdade trocamos, eu dei um Magnum em troca do LeBaron. Mas isto também fica mais para frente! Citei o LeBaron porque foi neste momento que o meu irmão começou a andar muito pouco com o Dart capri. No motor dele começaram a aparecer vários vazamentos. Não batia e nem fumava, mas vazava bastante. Então chegou-se a conclusão de parar o carro para reforma do motor. Desde que fora feita a pintura, já tinham se passados alguns anos, acho que uns 10 anos. Neste tempo todo ele foi usado todos os dias, primeiro eu, minha mãe, meu irmão e minha irmã. O carro já tinha sofrido muitos arranhões na pintura e pequenos nicados na lata. Chegou-se por fim na decisão de mais uma reforma em todo ele.
                    Bom, como ninguém precisava do carro, ele acabou ficando parado em uma garagem por mais alguns anos, talvez uns 6 ou 7. Ficou em repouso.

Aqui já está sem o motor, hibernando
                     Quando voltamos a falar em andar novamente com  o Dart, lá pelo ano 2001, resolveram que a cor poderia ser mais escura, para dar outra vida ao carro. E assim foi feito.
                      Na próxima postagem, a parte 3 e última do Dart Capri, última em termos, porque ele certamente vai ser repintado no futuro, e espero que seja em Azul Capri, seguirei com sua saga.