segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Dodge SE 1975 Amarelo Montego

      
                  A bastante tempo, mais ou menos uns dois anos, iniciei a minha última (espero) mudança. Na época ela começou  lenta, demorada, mas aos poucos fui agilizando. Hoje está rápida e extremamente organizada. E não poderia ser de outra forma, pois pela quantidade de peças que tenho se não houver muito empenho na organização, quando precisar de alguma coisa nunca mais vou achar nada. Nos últimos anos, me dei ao trabalho de catalogar até os mais irrelevantes parafusos, arruelas, molas, pequenas chavetas, tudo, tudo, tudo. Não há um só parafuso de dodge e galaxie que não esteja catalogado, e que eu não saiba onde ele esteja guardado e, logicamente, onde é seu local de origem, ou seja, no carro!
                     Bom, como o tempo passa rápido demais, exatos dois meses atrás estipulei uma meta!! Me dei um prazo, que expira no final deste ano! Então comecei efetivamente minha mudança. Quero, não por vontade, mas por necessidade, virar mais uma página da minha vida. Deixar para trás uma outra parte da minha história, e definitivamente, mudar o endereço das minhas peças, ferramentas, carros e tudo mais.
                      Nestes meses que passaram, carregando peças, organizando coisas, mexendo em tudo que ha muito tempo não via, papeladas guardadas, enfim, coisas esquecidas do meu passado, por vezes, vendo tudo isto, meus sentimentos se alternavam. Entre o prazer de levar minhas coisas para o definitivo local em que a muito tempo sonho, ao mesmo tempo, pensamentos me atormentam por saber que mais um ciclo da minha  história está morrendo! Neste endereço que estou deixando, tive momentos de grande prazer, alegria e felicidades!  Outros angustiantes e tristes! Mas... tudo...os bons e os maus... já me deixam saudade.
                    Por vezes, um peso no peito, um sentimento de perda! Não do material, mas do sentimental, espiritual, do que não é palpável as mãos, mas sim aos meus mais íntimos pensamentos. Coisas banais, do dia a dia, mas que  certamente, em determinado tempo futuro, voltarão com força impiedosa, aflorando meus pensamentos. Posso sentir desde já a saudade vagando em minhas lembranças. E sei que não voltam mais. Que só virão a tona em momentos como este. Aflorando sentimentos desagradáveis de perda do que passou e não vai voltar...
                Segue algumas fotos para recordar deste abençoado local, tirei por estes dias, limpando e organizando algumas peças.





                 
Ao todo, nestes dois meses, já foram 14 cargas como esta. Ainda não cheguei na metade mas tenho fé que estou no prazo.







Este é o destino, espero conseguir acomodar tudo, com organização!







Portas Ok ano 80/81

                        Sábado passado, dia  01/09/12, começava a cair a noite quando voltava para casa com mais uma carga de peças. Não sei porque, mas mudei o trajeto e passei por uma rua diferente da de costume e... encontro uma antiga turma de grandes amigo bebendo em um bar. Quando me viram, gritaram e imediatamente parei. Entre eles estava um grande parceiro das antigas, que não via a muitos meses, meu amigo Chico. Já falei sobre ele aqui, além de muito meu amigo, grande parceiro do passado no resgate de alguns dodge's entre outras "indiadas"!
                         Quase não preciso dizer que o assunto foi Dodge, Cherokee e... o blog!! Tudo mundo tinha um causo pra relembrar e a conversa virou em gargalhadas. Junto na turma estava o André Pezzi e o Conho! Todos os três estavam presentes na história do Maverick GT. O André me perguntou quando eu iria contar a história do Charger Riviera 77. Ansioso, ele queria ler e lembrar das noites de loucuras que fizemos com aquele carro. Disse que já tinha postado a história e, conversa vai e vem, ele mesmo me fez lembrar de um fato que não contei naquela vez.
                         "Certa madrugada dentro do Riviera, eu e o Paulão na frente, o André, o Chico, o Conho e o amigo Giovane sentados no banco de trás. Estávamos indo a uma boate na cidade de Igrejinha Todos nós a bordo do 77 "laranja". Eu baixando a lenha e voando baixo pela estrada vazia. De repente iniciou uma gerra dentro do carro. Eles tinham arrancado umas pequenas sementes de uma árvore quando nós estávamos no centro de Taquara e encheram os bolsos. No meio do caminho começaram a atirar aquelas bolinhas, um na cara do outro. Virou um caus dentro do carro. Eu pisei fundo no dodge, tudo que dava! Apaguei os faróis e falei que aquela era  a minha resposta pelas bolinhas que estava levando na nuca. A noite era muito escura, foi quase suicídio coletivo. Na grande reta que existe entre Taquara e Igrejinha, naquela madrugada do final da década de oitenta, voava baixo, planava sobre o asfalto gelado, um dodge sem farol, com seis malucos dentro. Quando liguei as luzes, todos olharam para o painel, o ponteiro estava cravado nos 200Km/H. Param de tocar bolinhas!!!!"
                            Depois desta, levantei da mesa e fui pra casa. Passei a noite toda pensando nos antigos amigos, nas coisas do passado... As pessoas, os verdadeiros amigos, são o que realmente importa nesta vida. Grande abraço para todos e espero poder encontra-los com mais freqüência!
    
                       Que eu lembre, nas décadas de 60, 70 e 80, existiam centenas, ou até milhares de circos espalhados pelo Brasil. De tempos em tempos aparecia um, ou até mais, e se instalavam aqui na minha região. Naquela época, dentre as atrações maiores destes andarilhos, além dos palhaços, estavam os animais que eles possuiam. Estes eram ensinados e obrigados a fazerem diversas coisas para atrair o público. Entre eles, os que mais se viam eram Leões, Onças, Elefantes, Girafas e Macacos. Pelo menos são os que lembro agora.
                   Bom, agora vem onde queria chegar. Para a logística de toda a parafernalha que envolve um circo, estes nômades precisavam de carros fortes, confiáveis e de pouca manutenção. E o carro escolhido por eles não poderia ser outro que não fosse os nossos  Dodges!
                   Por diversas vezes quando viajava com meu pai, pegávamos na estrada caravanas circenses se deslocando de uma cidade para outra. Por algumas vezes, até eram vistos alguns Galaxies rebocando algum reboque ou treiler, mas os Dodges imperavam quase que absolutos na preferência daquelas pessoas. Os reboques que estes puxavam, geralmente levavam os animais. Transportados grosseiramente em jaulas com grades não tão bem fachadas e abertas nas laterais. Geralmente animais subnutridos e com suas presas extirpadas para o bem e integridade física de seus domadores. Parecia até um zoológico ambulante.
                   Então, quando algum circo chegava aqui em Taquara ou cidades vizinhas, eu e mais metade da cidade corriamos até lá para apreciar. As pessoa ditas normais corriam para ver os inúmeros animais, eu corria desesperadamente ao lado oposto... ao encontro das dezenas de Dodges que esta gente tinha! Eu simplesmente me inebriava com aqueles carros.
            Os locais onde acampavam, geralmente eram nas imediações das cidades, em lugares descampados, por vezes alagados ou com bastante barro, para que pudessem montar a grande estrutura que era "arrastada" com eles. Depois de tudo montado, pegavam alguns dodges, atrelavam os reboques com os animais mais interessantes e saiam pelas ruas da cidade para avisar todo o povo, que em breve teria um novo espetáculo.  
                    Se fosse enumerar agora a quantidade de modelos diferentes de dodges que vi com eles, seria impossível. Era uma frota realmente grande e colorida, sempre! 
                   Não lembro exatamente o ano, mas início dos anos 80, em uma destas incursões por Taquara, apareceu um destes circos com um Dodge SE amarelo. Imaginem um carro zero!!! Pintura original, com as listas laterais do SE 75 ainda intáctas... imaginaram?? Este era o carro que vislumbrei na minha frente.
                    A minha tara, como já disse aqui no blog antes, sempre foram os Charger's. Mas naquele dia, aquele carro se introduziu na minha mente como uma broca, e ficou lá por anos! Não demorou muito, fui a procura de algum responsável no circo para tentar comprar aquele carro. Mas quem conhece a fama dos ciganos sabe! Quando compram alguma coisa, não querem pagar nada, se alguém se interessa por algo deles, tem de pagar o que não vale!! Resumindo, não deu negócio!
                     O grupo de ciganos ficou instalado em Taquara por uns vinte dias, dos quais, tranquilamente, fui praticamente todos até lá olhar o carro. Tinham vários outros dodges, mas aquele me cativou. Foi como ter viciado em alguma droga, precisava ir até lá todos os dias. Passou o tempo, levantaram acampamento e seguiram viagem para outra cidade, levando  o "meu" SE.   
                     Por muito tempo não tirei aquele Dodge da cabeça, mesmo sendo sabido naquele época, ou seja, final dos anos setenta até final dos noventa, que, de todos os modelos de Dodge, o SE é o que menos valia!! Custava menos do que toca-fitas bom!!
                     Nos meses e anos seguintes, todas as vezes em que aparecia um circo em Taquara, corria até lá na esperança de ser o mesmo circo do SE. Mas nada! O tempo foi passando e acabei por esquecer o carro.
                    Passados uns 10 anos, início dos 90, entrou um novo circo na cidade. Eu já bem mais velho e muito menos impulsivo, tinha perdido um pouco a ânsia compulsiva de correr até lá e olhar os dodges. Alguns dias depois um amigo me falou a respeito do circo da cidade, este me disse que tinha um SE amarelo no comboio! De imediato me acelerou o coração, e assim que pude fui até lá. Ao chegar, já era noite escura, mas de longe vi o dodge e praticamente confirmei, era o mesmo de 10 anos antes!!
                    No outro dia fui até lá e, novamente, tentaria comprar o carro. Mas assim que o vi de perto me decepcionei. Do lado direito não tinha mais as faixas originais na lataria, a porta tinha sido trocada por outra, de cor vermelha. O carro todo muito arranhado e sujo. Mostrava claramente a decadência financeira em que o circo estava. Mesmo assim, queria o carro.
                    Naquele dia não consegui falar com o rasponsável, então marquei de encontrá-lo no próximo. No dia seguinte fui até lá afoito, já dando como certa a compra. Ledo engano. O cigano me fez uma propósta indecente!! Não tinha como paga-la, relamei, argumentei e nada. Mesmo assim pedi para olhar o carro de perto, quando fiz o motor funcionar me conformei em não ter dado certo a compra. O motor era mais oco que um carvalho velho. Tirei o SE da cabeça e fui pra casa!
                    Quatro ou cinco meses depois de o circo ter ido embora, andando por uma vila em Taquara, me deparo com o SE Montego! Estava jogado em um terreno baldio, com os vidro abertos e alguns guris brincando dentro. Imediatamente parei o carro e fui até a piazada. Perguntei:"- De quem é este carro??" Na hora um piá já gritou lá de dentro: "-É do meu pai!! Mas esta porcaria tá estragada!!!" Pensei: Puutzz, que caquedo de gurizada, não sabe nada!!
                    Peguei o guri e fui até a casa dele falar com o pai. Chegando lá, me apresentei e disse do meu interesse pelo carro. Contei ao homem em poucas palavras de como conhecia o carro e tal... Após minha breve narrativa, o homem me contou a dele. Me disse que , assim como eu, viu o carro no circo. Mas ao ve-lo, tinha um placa de "vende-se" afixada no parabrisa. Foi até lá e negociou o carro. Não pagou o que o cigano tinha me pedido inicialmente, mas com certeza tinha pago o que não valia.
                    Bom, ele acertou o preço com o cigano e levou o SE para casa. Praticamente sem recursos, andou muito pouco com o dodge. O circo foi embora da cidade e poucos dias depois o sujeito descobriu que o SE estava em péssimo estado, gastava mais óleo que gasolina!! Acabou por estragar e sendo abandonado no terreno baldio. Jogado a própria sorte, aos "cuidados" da gurizada!
                    Entre a nossa conversa, por brincadeira, oferecí uma caixa de cerveja e 10kg de carne pelo dodge. Para meu espanto, o sujeito aceitou e levei o SE direto para o meu picadeiro! Se arrependimento matasse,  com certeza eu não estaria mais aqui!
Modelo raro, com certeza existem poucas fotos como esta

Esta foto tirei da internet, não é o meu, mas idêntico.
                     Alguns meses depois, comprei um outro dodge, agora um Dart vermelho 74, que também  pertenceu a um circo que passou por Taquara. Este, também comprado por um sujeito e revendido para mim. Mas esta é outra história.
                     Na próxima postagem Magnum 78/79 Marrom Sumatra     

sábado, 14 de julho de 2012

Dodge Dart de Luxo 1975 branco Valência

                  Alguns dias atrás estava conversando com um velho amigo, entre um assunto e outro, ele me fez lembrar de um fato ocorrido conosco à muitos anos atrás. Nós dois tinhamos ido até o ferro-velho do senhor Arsenor Homem, aqui em Taquara, para olharmos alguns carros.
                  Já contei aqui como era este ferro-velho, mas sempre vale repetir. Era tão grande que ficava entre duas ruas, ou seja, em  uma delas era a entrada principal, onde entravam os clientes atrás de peças. No outro lado, ou seja, na outra rua, era por onde entravam os carros velhos, para serem desmanchados. Eu, quando ia até lá, sempre entrava pelos fundos, onde entravam os carros velhos que eram comprados para serem picados.
                  Naquele dia, logo na entrada nos deparamos com um Maverick GT, branco, ano 74 ou 75. O carro parecia bem inteiro. Um dos para-lamas dianteiros já tinha sido tirado e estava pendurado na parede do galpão. Seguimos caminhando e cada vez nos aprofundando mais por entre aquelas maravilhas perdidas no tempo. Depois de muito caminhar, de longe, olhamos para a entrada do outro lado, vimos um Esplanada GTX, vermelho, que estava parado na entrada do ferro-velho. Fomos até lá para conferir!
                   Chegando mais perto, notamos que no para-brisa tinha uma placa de "vende-se"! Ficamos ali por alguns minutos examinando o carro e colocando centenas de defeitos, coisas de guri! O carro estava parado em uma ladeira, e nós já maldando, falávamos que provavelmente era porque não pegava fácil. Naquela época um Esplanada daqueles era até vergonhoso a gente ter!! Bom, nós só colocamos defeitos no carro, apesar de que tinha um interior bem bonito e uma pintura boa, com todos os frisos e lanternas em bom estado. O carro era bonito de ver! Na época não valia uma moeda de R$1,00, hoje , uma fortuna!!Mas... resolvemos entrar e perguntar o preço.
                  Eu já falei anteriormente sobre o ferro-velho do senhor Arsenor, e também um pouco sobre ele, mas superficialmente! Este sujeito tinha um jeitão de "ogro", um modo bem grosseiro de tratar as pessoas! Mas para quem o conhecia bem como nós, sabíamos que aquilo era só o jeito dele, no fundo era um cara bacana! Só que grosso de mais, o homem era um palanque!!!! E por vezes, o estilo de vida que levava se tornava uma coisa engraçada, muito engraçada! 
               Em seguida, entramos no ferro-velho e nos dirigimos ao escritório do senhor Arsenor. Na entrada, nós já percebemos que estávamos sendo vigiados por ele!! Ele nos espiava pela janela do escritório. Este ficava estratégicamente posicionado em uma espécie de masanino, ou melhor, uma casamata para espionar os guris indesejáveis que adentravam no local. O observatório ficava bem no meio do terreno do ferro-velho! Assim sendo, este encobria um grande estoque de peças, que por sinal, tudo revirado, misturado e desorganizado!! Provavelmente naquele local não se achava peça alguma Kkkkkkkkkk!!
                        Subimos em uma escadinha de madeira e adentramos no escritório. O velho Arsenor já nos recebeu "aos costumes". Nos disse em um tom de voz forte e alto: "-O que que "as duas" querem aqui??" E nós dois já começamos a rir. Se fosse um cara novo, amigo da gente que falasse assim, a gente até não acha engraçado, mas um gaúcho velho metido a machão como era seu Arsenor, era engraçado. E o modo como ele falava ajudava a tornar as coisas engraçadas. 
                        Aí eu disse que tinhamos vindo para olhar o Esplanada e saber quanto ele pedia no carro e tal e coisa. Fiquei uns dez minutos falando sozinho, tentando convencer à ele que o Esplanada não valia nada!! Na verdade, eu deveria ter levado uma surra naquele dia!! Bom, eu conversando e ele só olhando, analisando! Cada palavra minha, uma feição diferente em seu rosto!! E eu dizendo que o carro até estava bonito, mas também eramos sabedores que motor de Esplanada não presta, não andava nada, que bom era dodge, e que o valor comercial dos Simcas não existia e blá, blá, blá!! Ele foi "inflando", não dizia uma só palavra!! Apenas nos olhava com uma cara de cachorro louco!!   
                        Derepente, sem mais nem menos, ele ascendeu um toquinho de palheiro que tinha no canto da boca, levantou-se da cadeira e passou por nós dois abrindo caminho! Isto tudo sem falar nada!! Desceu as escadas do jirau e se dirigiu ao Esplanada, caminhando de lado, com os braços entre-abertos. Parecia um galo de briga querendo impor medo ao adversário!! Nós dois nos olhamos e resolvemos segui-lo de perto! Chegou no carro, entrou, bateu arranque e para fechar minha boca, pegou de primeira!! Assim que o motor funcionou, imediatamente ele deu um pisão até o fundo do acelerador, e soltou!! Sem mentira, ele repetiu isto umas dez vezes, pisando até o fundo do acelerador e soltando. Dava para escutar os pistões do velho V8 batendo no capô do carro. E com o motor frio??!! As rajadas do motor ecoavam à quilômetros!! Não sei como o motor do Esplanada não explodiu!! 
                         Depois deste fato heróico, desligou o motor,  saiu de dentro do carro como se fosse o presidente Ernesto Geisel e se dirigiu ao escritório!! Assim como veio, voltou! Andando de lado, com os braços entre-abertos e sem falar nada, somente fazendo uma cara de mau!! Nós dois viramos as costas e saímos de fininho. Quando pegamos nossas biciclétas, nos deu um incontrolável acesso de risos. Por muito tempo, sempre que a gente lembrava de cena, ataques de risos!!
                               Este dodge de hoje tem uma história bem resumida, nem foto tenho dele. Pois logo que comprei já fui desmanchando e pouco tempo depois não tinha mais nada do carro.
                     Era de um cliente que morava na periferia aqui da cidade. Desde que este sujeito o comprou, ele já era ruim, muito ruim e podre!
                    Eu não sei da vida pregressa deste carro, de onde veio ou seus proprietários anteriores. Até porque nesta época, um Dart era a coisa mais comum que poderia existir, e eu comprei apenas no interesse pelas peças, nada mais.
                     Seu proprietário mal tinha para abastecer o coitado. Andou com ele até o "guapo" se entregar, depois que parou, fui até lá e dei a derradeira marretada. Deve existir até hoje muito martelo, facão, pá e etc, com o metal deste aí.
                         Na próxima postagem  Dodge SE 1975 Amarelo Montego

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dodge Charger RT 1978 Bege Indiano (Branco)

                     Tem alguns carros que nascem predestinados a sofrer, ou digamos, serem maltratados por seus donos. Acabam caindo somente em mãos de gente que não lhes dá o devido valor, um após outro. O caso deste Charger Indiano foi um deles. Lembro deste Dodge quando apareceu aqui em Taquara, quase novo!  Carro de extrema beleza, ímpar, na vasta gama e cores que existiram!
                     Logo que apareceu aqui por estas bandas, isto se falando em final dos anos 70, em poucos meses de convívio com a cidade, já levou uma grande batida na traseira. Ná época seu atual proprietário não tinha garagem e o deixava  estacionado em frente a sua casa.  Uma rua de razoável fluxo de veículos, quando, certa vez, foi abalroado por outro carro. O estrago foi significativo, entretanto, alguns meses depois retornei a ve-lo rodando. O tempo foi passando e o Charger se desmanchando ao relento, em pouco tempo nem de longe lembrava o Charger RT que eu tinha visto pela primeira vez.
                     Certo dia ele apareu na minha oficina para uma revisão. Saí com o dono, que já não era mais o mesmo em que  vi o carro pela primeira vez para uma volta e me apavorei. O carro estava extremamente chacoalhado e barulhento. Ao chegar na esquina da oficina, quando pisei no freio, quase subi com o charger na calçada. O carro simplesmente se atirou para o lado. Na hora falei para o dono do carro, que estava ao meu lado: "-Tem alguma coisa errada, isto não pode ser só o freio!! Dito e feito, parei o carro , deitei por baixo e de cara vi que um dos tensores da balança estava quebrado!! Logicamente, ao pisar no freio, a balança inferior jogava violentamente! Agora eu pergunto, como um cara andava com um carro assim??
                     Bom, o dodge passou uma semana na oficina, foram várias as arrumações feitas até que o carro ficou razoavelmente bom. Quando o cliente veio busca-lo, saímos para uma volta, ele se surpreendeu com o resultado de uma semana de oficina. O proprietário disse que o carro estava assim desde que o tinha comprado e já teria se acostumado com os defeitos. Fiquei de boca aberta com as declarações dele. São nestas horas que eu entendo perfeitamente o porque de tantos dodges teram sido desmanchados nas décadas passadas. Pouquissimos proprietários arrumavam os carros, eles andavam até o carro desmanchar e aí atiravam no ferro-velho, quase a mesma coisa que acontece hoje com os Neon e Stratus.
                       Este novo cliente ficou com o Charger por volta de um ano e meio, depois vendeu e não vi mais o carro por alguns meses. Um domingo à noite, estou dando uma volta pela RS115, perto da cidade de Gramado, vejo o trânsito parado por causa de um acidente. Estaciono meu carro e vou olhar. Quando chego perto, vejo o Charger bege com a frente desmanchada em um barranco. Cheguei perto, confirmei o Charger Inadiano,olhei o estrago, e pensei: "-Primeiro levou uma porrada na traseira, agora na frente...Este já era!" Voltei ao meu carro e fui embora.
                      Meses depois,  aparece na oficina um novo cliente, morador aqui da cidade, com um Charger RT 1978, branco, muito mal pintado e cheio de massa plástica!!Um legítimo dodge italiano!! O cara me deixou o carro para um revisão e foi embora. Durante o tempo em que o carro ficou comigo, notei que a tinta , apesar de nova, já descascava em certos cantinhos, e a tinta que aparecia por baixo era de cor bege. Fui conferir a plaqueta do carro, NT-2, Bege Indiano!!
                      Uns quinze dias depois, quando o dono veio buscar o Charger, entre uma conversa e outra, lhe perguntei a quanto tempo tinha o dodge. Este me respondeu que praticamente ainda não havia andado com o carro, pois tinha comprado já à alguns meses, mas o dodge estava em reforma. Me disse que o antigo dono tinha se acidentado na estrada de Gramado, e como na época o carro estava com os documentos atrasados, foi guinchado pela polícia. Então, viu o carro preso no depósito e foi tirar informações. Descobriu onde o dono morava, negociou o dodge e mandou pinta-lo de branco!! Então contei a ele a trajetória passada que eu conhecia do carro, desde que apareceu aqui por Taquara, praticamente novo!!
                       Passados mais alguns meses, este dono do dodge o vendeu para um sujeito da cidade de Parobé. Este novo proprietário, colocou várias faixas adesivas no carro, nada original!! Mandou fazer uns adesivos pretos "Charger RT", e colocou nas laterais das portas. Rebaixou bem a suspensão do dodge e mandou pintar todos os frisos do carro de preto fosco!
                       Meses depois, apareceu também este na minha oficina. Olhei e de imediato reconheci o pobre coitado e sofredor Charger Indiano, que por sinal, é minha cor prediléta do 78!! Conversamos um pouco e este me disse que precisava trocar o motor do dodge, pois o dele, estava queimando muito óleo. Então, lhe ofereci um dos motores que eu tinha em casa, na troca do dele. Fechamos negócio e ele me deixou o carro para fazer a troca. Alguns dias depois veio buscar o dodge e lembro que ainda comentei com ele que deveria levantar um pouco a suspensão, o carro estava baixo demais!! Mas, não quis saber e foi embora!
                        Algum tempo depois, o sujeito tinha me ligado para combinar um novo horário e fazer mais alguns consertos no carro. Na hora marcada, o cara não apareceu. Passadas umas duas horas, o sujeito apareceu na oficina a pé. Entrou esbaforido portão à dentro. Perguntei o que houve e o mesmo me disse que bateu a parte de baixo  do carro em um paralelepípedo, deu um estouro tremendo e o carro não andou mais, motor ligado, mas não saia do lugar. Ele achou que tivesse quebrado a caixa de câmbio.
                         Fomos até lá e reboquei o carro pra oficina. Chegando lá, levantei o dodge no macaco, e de imediáto vimos que o carter seco, da embreagem, tinha um grande amassado. Soltei os parafusos e quando tirei a tampa, percebemos o volante (cremalheira) do motor pendurado!! Tinha quebrado o gargalo do virabrequim na batida!
                        O amigo desanimou!! Só me olhou e disse: "-Tu me avisou, né?? Não posso reclamar". Bom, o jeito foi tirar o motor e trocar o virabrequim. Alguns dias depois o carro estava pronto novamente.
                        Alguns meses depois, este cliente vendeu o carro para outra pessoa e perdi o contato com o dodge, por pelo menos um ano. Até que certo dia, voltando de Novo Hamburgo, vejo de relance um dodge para venda em um picaretas de carro, na beira da RS239 em Parobé. Estaciono e vou dar uma conferida no material. O dodge estava jogado em um canto, aparentemente à meses, ao relento! O coitado parecia estar esperando algum ferro-velho ir recolhe-lo. Com seus pneus murchos, mato crescendo em sua volta, a pintura toda arranhada e descascada, mas... Era o Charger Indiano, novamente me chamando!!
                       Pensei, este vai junto comigo hoje! O picareta já estava ao meu lado, enaltecendo as qualidades do carro etc,etc! Aquelas coisas nojentas que eles falam pra todo mundo e de qualquer carro!! Pedi a ele que me falasse qual o valor do carro, mas este, só o que falava era que o carro era maravilhoso, o carro é uma jóia!! Então pedi a ele que queria ver o carro funcionando. O homem para de falar e disse que o dodge não pegava porque o motor de arranque estava estragado, mas o carro era sensacional!! Eu quase vomitei nele!!
                        Perguntei-lhe o preço e imediatamente lhe fiz uma contra-propósta. O picareta nem pensou muito e aceitou! Claro, pois ele mesmo sabia que qualquer valor seria ótimo pela venda daquele carro, que... nem mesmo funcionava!!!
                        No mesmo dia peguei um cambão e reboquei o Charger Indiano para minha oficina, que de lá, nunca mais saiu!!    
 Foto tirada alguns dias depois que comprei o carro, ainda inteiro, com excessão da porta, que já tinha vendido. Alguns meses depois, o carro já não existia mais.
                      Na próxima postagem Dart de Luxo, 1975 Branco Valência

quarta-feira, 28 de março de 2012

Dodge Magnum 1979 Bege Cashmere

                            Em janeiro passado, enquanto escrevia minha última postagem, anterior a esta que vos escrevo agora, tinha em mente parar de escrever minhas histórias, pelo menos por algum tempo. Nos subsequëntes dias, esta vontade se confirmou. Perdi completamente o interesse em seguir contando minha vida aqui. Acho que por um somatório de coisas, tanto de minha parte quanto alheias. Mas..., os dias passam, os pensamentos mudam e...sei lá! Não quero dizer que irei escrever outra postagem depois desta, mas por hora, é isto!
                             Alguns dias atrás, conversando com um grande amigo do meu passado, este me fez lembrar, com ricos detalhes, uma história da nossa turma. Entre muitas risadas, um completou detalhes que o outro não lembrava. Foi mais ou menos assim:
                            Certa vez, em um longínquo sábado do final do ano 1979, eu e minha turma de amigos estávamos no interior da Fábrica de Máquinas Max Badermann. Tinhamos passado praticamente o dia todo lá dentro, mexendo eu tudo que não podiamos sequer olhar em horário de expediente. Naquela tarde, sozinhos, nos sentíamos verdadeiros empresários de uma grande indústria.  Certo momento, cansados de "trabalhar", fomos todos para o escritório da gerência, do pai do meu amigo Alnei. Sentados lá, começamos traçar nossas metas para a noite que se aproximava.
                            Já tinhamos um plano em vista, do qual todos, unanimemente, eram de acordo!! Este, não seria a primeira vez que iriamos coloca-lo em prática, mas a ansiedade era tal qual fosse. O nosso objeto de desejo estava à poucos metros do nosso alcance, descansando em uma garagem ao fundo da fábrica: O novíssimo e recem adquirido Maverick LDO V8 1979, do avô do nosso amigo!!
                            Bom... mas... para colocar as mãos e tornar nosso desejo real, teriamos que aguardar até por volta das 21hr, talvez 21:30hr, até que o senhor Max Badermann decidisse recolher-se ao seu leito. Assim como dona Osmilda, esposa do sr Max! Mas depois de meses e meses de "campanha", sabiamos que os dois compartilhavam praticamente juntos a hora do repouso na cama.
                            Então, sentados todos nós no escritório, aguardavamos o relógio percorrer seu lento traçado. Minuto após minuto, hora após hora, a ansiedade era cada vez mais aflorada em nossos pensamentos, até que... chegou o momento!
                            Passava das 21hr, nosso amigo Alnei se dirigiu ao apartamento do prédio do seu avô, para pegar as chaves do V8. Geralmente isto era uma jogada rápida, mas naquela noite as coisas não correram exatamente como nós previamos. O apartamento dos dois tinha um acesso restrito por um elevador panorâmico, construido na própria fábrica, no qual, somente era usado pelo último andar, onde moravam.
                            O Alnei entrou no elevador e subiu ao último andar do edifício. O tempo passando e nada dele voltar. Nós, já roendo as unhas, amoitados ao lado da garagem do Maverick. Depois de uma meia hora de espera, nós já bem preocupados com o desfecho da história, nossas cabeças começavam a trabalhar e imaginar coisas!! Já imaginavamos desculpas para o nosso ato, ou tentativa de ato! Passadas quase uma hora, até que, entre as folhagens de um antigo pé de laranjeira que tinha ao fundo do edifício, apareceu um vulto sorridente, tilintando as chaves do nosso desejo.
                            Ao longo de boas risadas, nosso amigo explicava o porque da demora interminável. Disse ele que quando abriu a porta da cozinha, escutou vozes!! Eram seu Max e dona Osmilda olhando e comentando um dos últimos capítulos da novela PAI HERÓI, kkkkkkkkkkkk.  Nós tinhamos pavor de novela, mas naquela noite o Alnei nos narrou praticamente o capítulo todo!! Acho que foi naquele dia fiquei sabendo quem era o tal de Toni Ramos!! kkkkkkkkkkkk
                            Bom, agora com as chaves na mão, abrimos a garagem e deparamos com aquela maravilha sobre rodas. Parecia até que nos aguardava, para também se divertir e ganhar a noite! Abrimos o carro, e, com um enorme receio de sermos descobertos, com o carro desligado, o empurramos até a rua. Um percurso de uns 200metros. Se fosse nos dias de hoje, com certeza alguma viatura da polícia teria nos flagrado, mas naquela época...
                            Agora na rua, pulamos todos para dentro e saimos sorrateiramente!! Nas primeiras esquinas, devagar e em silêncio, depois, pé no fundo!! Se existiu um cara que não tinha pena de carro, este cara era o Alnei! E que motorista!! O melhor que já vi ao vivo. Foi o único cara que vi fazendo manobras somente vistas por profissionais. Uma delas é a de vir com o carro andando e estaciona-lo entre outros dois com um cavalo-de-pau!! Manobra especialmente linda!! Alguns meses atrás tinha uma propaganda do Reno Clio ou Sandero, (acho eu) que o cara levava uma guria para faculdade e estacionava assim quando chegava. A guria falava "UAU"!! Acho que todo mundo lembra!
                            Um permenor, mas de grande relevância, era o combustível. Mas como tudo conspirava em nosso favor, ao lado da fábrica, em um outro prédio anexo, existia uma fundição de aço! Seu Max montou para produzir peças para os motores e máquinas que a fábrica produzia. Lá tinham três turbinas enormes, cada uma do tamanho de um pequeno caminhão. Na época alimentadas com gasolina, para derreter o aço. Era lindo ver. Por várias vezes, quando colocavam aquilo para funcionar, todos nós iamos lá para olhar de perto! O barulho que fazia quando funcionava era assustador!! Parecia que tudo iria explodir! Bom, dentro dá fábrica sempre tinham alguns tonéis de 200 litros, em torno de vinte, vinte e cinco, cheios de gasolina!! Era nosso posto particular!!
                            Ganhamos a noite da cidade, livres e sem um pingo de responsabilidade. Eu, o Alnei e o Eraldo tinhamos 15 anos, o Ganso 14 e o Tiago, um pouco "menos novo", tinha 16! Andamos par quase todas as ruas da cidade, sempre com o pé em baixo, derretendo pneus. Em certa altura, fomos para Igrejinha, mas como não tinha nada lá, voltamos. Em certo momento, andando pelas ruas de Taquara, fomos abordados por duas gurias, conhecidas nossa da cidade. Estas nos pediram uma carona, queriam ir para uma danceteria na cidade de Parobé. Conversamos um pouco e decidimos levá-las.
                            As duas se amontoaram dentro do carro, no nosso colo, e partimos! Nós, que já não tinhamos nada na cabeça, com as gurias dentro do carro, queriamos nos superar, nos fazendo passar por HOMENS! Acho que somente ficou ar dentro das cabeças!!
                            Era inverno na época, acho que mês de junho ou julho, as estrada aqui do Sul geralmente são tomadas por uma incrível serração, que em determinada hora da noite, mal se consegue enxergar alguma coisa que não o capô do carro. Mas em contra partida, os irresponsáveis não enxergavam um palmo além do próprio nariz!
                            Pegamos a RS 239 em direção à cidade de Parobé, sempre de pé em baixo, em um total ato de suicídio coletivo! Por mais inacreditável que possa parecer, não se enxergava nada mais do que alguns centímetros a frente do capô. Nosso guia, eram os poucos riscos pontilhados pintados de branco no meio do asfalto!! Se tivesse qualquer carro , moto ou caminhão na nossa frente, seria morte certa!! As duas gurias, que em um primeiro momento estavam achando o máximo, começaram a se apavorar! O Alnei vendo aquilo, ao invéz de diminuir a velocidade, aumentou!! Na reta que hoje tem a fábrica das ferramentas Pandolfo, que fica próximo ao rio Paranhana, estava tomada por uma densa serração! Mal se podia ver um metro além do longo capô do Maverick, a visibilidade era zero!! Por alguns instantes, o ponteiro do velocímetro encostou nos 200Km/h!! As gurias berravam apavoradas, desatinadas!! Chegaram ao ponto de perderem totalmente a noção, nos arranharam como gatas enjauladas, usando suas delicadas unhas afiadas em uma ato desesperado pela sobrevivência!!   Com os braços abertos, colovam as mãos nas janelas laterias, achando que iriam morrer ali, naquele momento!! Quando se sentiram totalmente impotentes, começaram a chorar aos berros dentro do carro!! E nós?? Nos olhando, perplexos, sem entendermos o porque daquele desespero! O que faz o pavor??
                           Em questão de minutos, chegamos em Parobé! Nem bem entramos na cidade, as duas voaram como pássaros engaiolados para a liberdade. Não preciso dizer que elas nunca mais, mas nunca mais mesmo, olharam para nós!! Bom, nesta hora decidimos ir em frente e partir para a cidade de Novo Hamburgo.
                            Pegamos novamente a estrada e nos mandamos, conforme iamos nos afastando da cidade de Parobé, a serração foi diminuindo até que simplesmente sumiu.
                           O Alnei era um cara que realmente não tinha medo de nada, acho até que, infelizmente, o perdemos por este sentimento, ou melhor, pela ausência deste! Seguiamos pela estrada e ele simulando que as listas intercaladas brancas, pintadas no meio do asfalto, fossem cones!! Cada vez imprimindo uma velocidade maior, até que o carro praticamente perdesse a dirigibilidade. Certa vez, com um Corcel II da fábrica, quase morremos todos ao fazer a mesma coisa, com o carro totalmente descontrolado, depois de uma sequência involuntária de vários cavalo-de-pau, paramos à centímetros da guarda de uma ponte! Mas, naquele noite, foi só diversão. Muito pneu cantando e muitas risadas a bordo de um V8, zero quilômetro, novo, rasgando a estrada!
                          Alguns quilômetros depois, já bem perto da cidade de Sapiranga, em uma grande reta, de longe vimos que vinha em sentido contrário ao nosso, outro Maverick. O Tiago, imediatamente colocou metade do corpo para fora do carro, gesticulava e berrava ao outro carro que queriamos fazer pegas!!! Analisando isto hoje, nós eramos um bando de retardados!!
                            A nossa velocidade era de uns 140km/h, quando cruzamos pelo outro Maverick, vimos que era um GT de cor laranja, e também vinha em velocidade alta. Quando passaram escutamos o ronco do motor deles, era também um V8. Eles passaram olhando para o nosso carro, assim como nós fizemos com o deles. O Alnei, sem avisar, deu um enorme cavalo de pau no meio da pista, a qual, foi totalmente usada pelo nosso carro, devido a alta velocidade em que vinhamos. Em instantes, no meio daquela nuvem espessa de fumaça, arrancou no fundo, fazendo os G800 do Maverick derreter no asfalto. ( Eu pagava muito $$$ para ver uma cena destas hoje!)
                           Saímos em uma perseguissão alucinada atrás do nosso adversário, ao qual, também viram nossa manobra, aceleraram ao máximo aquele magnífico GT. Como a distância entre nós era relativamente grande, devido a velocidade em que eles vinham quando cruzaram por nós, praticamente sumiram na nossa frente. Quando nos aproximavamos de Taquara, avistamos eles! Entraram na cidade e foram para uma antiga boate que existia no extinto clube GEU. Seguimos eles e fomos para lá!
                           Quando entramos no estacionamento do clube, eles estavam recem saindo do carro. Paramos ao lado deles e descemos. Os caras não acreditaram quando nos viram. Um deles falou baixinho:"-Olha lá! Desceram 5 crianças de dentro do Maverick". Eles eram mais velhos, acho que tinham uns 30 anos, por aí! Um deles olhou pra nós e disse:"-Vocês querem se matar?? Vão pra casa!!"
                           Foi um balde de água fria nas nossas cabeças, ficamos por ali um pouco, e fomos embora, pois já eram quase 5 da manhã! Entramos na rua da fábrica e desligamos o motor do Maverick. Empurramos novamente até a garagem, recolocamos gasolina até a boca e nos despedimos do "nosso" brinquedinho!
                     
                            Este Magnum que narro a história de hoje, praticamente não tenho o que contar. Comprei ele todo desmanchado, o seu antigo proprietário o tinha largado em uma oficina para restaurar, ao qual , não sei por que motivo, mas como a grande maioria dos dodges na época, não foi concluido. Então, após uns dois ou três anos desmontado, o sujeito me ofereceu o Dodge.
                             Ele estava completo, com todos os frisos, vidros, lanternas, enfim, carro completo! Peguei ele para desmanchar e vende-lo em peças, mas algum tempo depois, acabei vendendo a carroceria com os documentos para um amigo de Porto Alegre, este iria montar o carro.
                             Pensando nesta cor hoje, lembro de ter visto apenas mais um Magnum Cashmere, do meu amigo Geraldo Rosenthal. Foram os unicos dois desta cor que vi na vida.




                           
                            Na próxima postagem, Charger RT 1978, Bege Indiano

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Dodge Dart 1975 Prata Lunar

                        Certa feita, no início dos anos noventa, estava levando um dodge Charger à um cliente de Porto Alegre, depois de ter feito sua revisão. Passando em frente à uma revenda avistei de longe uma convidativa placa afixada no vidro parabrisa de um Dart:"BARBADA". Não resisti e encostei o Charger que estava indo entregar ao cliente e fui olhar o Dart de perto.
                        Era um carro muito bom, bem estruturado e com uma pintura boa. Depois de bem examinar o carro, entrei na salinha, de onde o vendedor já me espiava, para perguntar o preço. Lembro como se fosse hoje, com o preço da mão de obra que iria receber do Charger que entregaria em seguida, daria para comprar o novo carro. Logo pensei que não precisaria retornar à Taquara de onibus!! Bom, após uma conversa rápida com o vendedor, acertei com este que iria voltar no mesmo dia para levar o carro, e assim fiz. Entrei no Charger e segui direto ao endereço do proprietário para entrega-lo. Feito isto, peguei um taxi e fui a uma agência do Banco do Brasil descontar o cheque que tinha recebido do cliente, em seguida retornei ao picareta. Chegando lá fechei a compra e uma hora depois estava na estrada, retornando à Taquara com mais um Dodge no currículo.
                       Alguns dias depois, com o carro já revisado, resolvemos eu, meu irmão Diogo e mais dois amigos, ir à Argentina, via Uruguaiana, com este Dart. Uma viagem programada de mais ou menos 1000Km, só de ida. Saímos antes do amanhecer de Taquara, com perspectiva de chegada ao nosso destino no final da noite do mesmo dia.
                      No decorrer daquela manhã, a viagem transcorria normalmente, com paradas exclusivas para alguns cafés e abastecimento. O Dartão andava bem, tinha um tremendo de um motorzão redondo, era estável e transmitia uma boa segurança aos ocupantes.
                        Lá pelas tantas, em torno de 400quilômetros de viajem, depois de termos passado pala cidade de São Sepé, já perto da cidade de São Gabriel, acertei em cheio um buraco do asfalto. Ou melhor, mais que um buraco, era quase uma cratera!!. Deu um baita de um solavanco!! De cara, acendeu a luz da bateria no painel, indicando que o alternador tinha parado de carregar. Parei o Dodge no acostamento, abri o capô para dar uma olhada. Correia no lugar, os fios do rele idem, aparentemente tudo certo. Soltei o cabo positivo da bateria, para fazer um teste, o motor morreu!! O alternador não estava carregando a bateria!
                        Nas nossas viagens, eu sempre levava um grande aparato de peças junto, desta vez, inclusive um alternador já revisado e um rele novo. Como aquele lugar era descampado, quase um deserto, resolvemos seguir viagem até encontrar  o próximo posto de combustível para tentar resolver o problema. Uns 40Km depois avistamos um de longe. Chegando lá, completei o tanque de gasolina e encostamos em frente à uma lancheria. Enquanto meus parceiros foram tomar café e se encherem de pastéis, fui tentar descobrir o defeito. Primeiro tirei o altenador do carro e o troquei! Nada, a luz continuava acesa. Parti para o rele e o troquei também!! Nada!!
                       Parece incrível, mas quando a gente está  nervoso, o cérebro não funciona!! Na hora, não sabia mais o que fazer! Estava atucanado!! Então , a melhor coisa a fazer é relaxar, fui para a lancheria tomar um café e expliquei o fato aos parceiros e lhes disse que precisávamos de uma auto-elétrica!!
                        Naquela época, assim como ainda hoje é, aquelas bandas eram muito ermas. Os retões da BR290 são intermináveis, com apenas alguns postos de gasolina de tantos em tantos quilômetros. Bueno, depois do café, indaguei o frentista do posto se sabia de alguma oficina elétrica por aquelas bandas. Este respondeu que mais alguns quilômetros à frente tinha um rapaz que fazia consertos em casa, portanto, uma pequena oficina! Esta, ficava na beira da estrada deserta e seria fácil de ver.
                        Bom, seguimos viagem! Eu só olhando e pensando naquela luz vermelha do painel de instrumentos e cuidando para não passar do ponto onde estaria a tal oficina. Lá pelas tantas, vimos uma placa indicando: "Auto-Elétrica"! Paramos em frente e eu me decepcionei, o cara tinha meia duzia de ferramentas em uma garagem de madeira, caindo!! Pensei comigo, este cara não sabe nada!! Mas , sem outra alternativa, entramos. Expliquei o caso ao rapaz! Este, abriu o capô, deu uma olhada nos fios, em seguida tirou a tampa da caixa de fusíveis, puxou um pra fora, olhou e atirou o fisível longe!! Entrou na garagem e em instantes veio com um novo fusível, colocou no lugar e mandou eu ligar o carro. Entrei bati arranque, olhei o painel e...!!! Putz, o cara tapou minha boca!!!
                            Moral da história: Não despreze ninguém, principalmente pelo seu aspecto!! Sempre tem alguém que sabe mais do que tu!! Todos me olharam, deram uma risadinha e não falaram nada. Eu com a cara no chão!! Bom, perguntei ao cara quanto lhe deviamos, este disse:"-Nada!! Não deu trabalho nenhum! Abri a carteira e dei à ele uma nota, acho que no dinheiro de hoje , R$50,00. Agradeci, entramos no carro e saimos fedendo!! Pé na estrada novamente!     
                          Agora descansados e sem preocupações nenhuma só curtiamos a viagem. Uns 100km depois, se aproximando da cidade de Rosário do Sul, quase meio dia, estrada praticamente deserta, ponteiro do velocímetro sempre em torno do 160/170Km/h varando as intermináveis retas da BR290, estavamos fazendo um ultrapassagem em um caminhão, quando derrepente, um estouro!!  Simultâneamente ao estouro, se ergueu no ar uma fumaceira terrível e o Dodge pendeu a suspensão dianteira, lado esquerdo! 
                        Todos nós naquele momento, se segurando como podiamos dentro do Dodge, pensamos apreensivos, que um pneu havia estourado!! Inacreditavelmente, o carro manteve uma razoável trajetória, sendo possível sua dirigibilidade. Não consegui direcionar a tragetória natural, que seria de tentar voltar ao lado direito da pista e procurar parar no acostamento. Fui diminuido a velocidade, e o dodge foi parando no acostamento oposto, ou seja, lado esquerdo, na contramão.
                        O caminhão que ultrapassava-mos no momento do estouro, vendo a fumaceira que levantou, também diminuiu a velocidade e, assim que paramos, ele parou ao nosso lado. Descemos do carro atônitos, quase saindo pelas janelas. Quando olhamos para a roda dianteira esquerda, inacreditavelmente, não tinha mais roda!!!
                        O Dodge estava equipado com as famosas (na época) rodas gaúchas. Simplesmente a única parte da roda que estava no carro, era o miolo, onde ficam os parafusos de fixação!  A roda se quebrou e voou em mil pedaços!! O pneu ficou encaixado dentro da balança inferior, triturado!!
                        Perpléxos, olhamos para trás, para a trajetória do carro. O asfalto tinha uma grande marca, por dezenas, acho que centenas, de metros. O caminhoneiro desceu do caminhão e veio nos prestar ajuda, também não acreditava no que tinha presenciado. Disse ele que tinha nos visto logo que aparecemos no seu espelho retrovisor. Tinha comentado com seu ajudante:"-Vai passar um Dodge por nós, em alta velocidade!!" Os dois, por alguns instantes, acompanhavam a nossa alucinada trajetória. Disse que logo que passamos por eles, viram quando o carro deu um grande estouro e a guinada na suspensão! Pensaram eles, que iriamos capotar!!
                         Bom, conversa vai e vem, eu meio apavorado, fomos avaliar os estragos. Não podia acreditar e pensar que estaríamos empenhados a 500km de casa. Mas... Dodge é Dodge!! Além da roda e do pneu, por mais incrível que possa parecer, não estragou mais nada! Apenas o disco do freio ficou um pouco lixado. Tudo isto graças a sorte que tivemos de o pneu se encaixar na balança e no disco de freio. Uma parte do pneu se encaixou no disco e amorteceu o atrito entre este e o asfalto.Tirei o miolo da roda, que ainda estava grudado nos parafusos, arranquei o protetor do disco do freio, que estava todo torto, coloquei o estepe e seguimos viagem! 
                         Paramos na primeira churrascaria que apareceu na estrada, precisávamos celebrar a vida!!! Lembro que tomamos várias caipiras e depois nos entupimos de carne! As conversas somente giravam em torno do ocorrido, e certamente, todo o nosso infortúnio tinha acontecido por conta daquele bendito buraco no asfalto. Apesar de tudo, estávamos felizes, muito felizes!! Por estarmos todos juntos e com a saúde perfeita.
                          Bom, depois de uma hora e meia, retomamos à viagem. Agora sem estepe, e ainda com uma longa jornada pela frente. Sem contar a volta!! Nunca rimos tanto de uma coisa ruim como naquele dia.
                          Chegando na cidade de Uruguaiana, divisa entre Brasil e Argentina, fomos até a sede da Polícia Federal e procuramos pelo agente Marcos Rahmeier.  Um primo nosso, hoje aposentado, que trabalhava no setor de contrabando e tráfico de armas. Logo que o encontramos, este ficou surpreso com nossa aparição!! Contamos o ocorrido a ele e falamos que precisávamos de uma roda e um pneu para o Dodge!! Ele pensou um pouco e prontamente ligou para um amigo que conhecia. Conversou por alguns instantes com este sujeito e desligou.
                          Cerca de meia hora depois, apareceu um sujeito argentino montado em uma pequena moto, parecia uma daquelas cinquentinhas da Yamaha. Este conversou com nosso primo e foi embora. O Marcos olhou para nós e disse:"-Vamos buscar uma roda de Dodge !!"
                          Entramos no carro, atravessamos a fronteira do Brasil e fomos todos para a cidade Argentina de Passo de Los Libres. Chegando lá, fomos guiados pelo nosso primo até uma casa na periferia da cidade. Ao chegar na casa, quem nos atendeu foi  um Argentino, de uns cinquenta anos. O cara foi muito amigável, logo nos convidou para entrar. Quando entramos no pátio da casa, quase infartei e caí duro!! Tinham 4 dodges brasileiros atirados no gramado!!! Três Chargers e um Dart! 
                          Na época fiquei bem embasbacado com a visão, os carros estavam parados e pareciam ser doadores de peças, mas eram inteiros e razoávelmente bons! No fundo do pátio da casa, havia um grande galpão e o argentino nos convidou e entramos todos na garagem, tive mais um baque!! O galpão estava repleto de peças de carros, tudo antigo!! Logo em seguida o argentino tirou de baixo de uma pilha de peças uma roda de dodge, com pneu e tudo, e nos entregou. Eu estava perplexo!!!
                      Conversamos um pouco e perguntei ao homem se trabalhava com desmanche de carros e venda de peças, este me disse que não!! Aquilo tudo era seu hoby e não negociava peças nem carros! Perguntei quantos pesos iria nos pedir pela roda?? Ele prontamente ascenou negativamente com as duas mãos dizendo nada, nada!! A roda foi um presente!!
                          Conversamos por mais algum tempo, lhe perguntei dos dodges. Ele não quis falar muito à respeito deles, só me deu a entender que estavam com situação legal e emplacados na Argentina, agradecemos e fomos embora.
                          Nesta altura, já era final de tarde, estava quase anoitecendo, então resolvemos voltar para a cidade de Uruguaiana, no lado brasileiro. Passamos à noite em um hotel e na madrugada do dia seguinte levantamos os panos e seguimos viagem. Ao meio dia chegamos ao nosso destino. Fizemos nossas compras e retornamos ao Brasil. Nada mais de relevante aconteceu na nossa viagem, além do prazer inenarrável de viajar a bordo de um Dodge Dart em grandes viagens!
                          Algum tempo depois, vendi este Dart para um sujeito de Canoas , do qual nunca mais tive notícias. Uns três ou quatro meses atrás, encontrei em um bar aqui de Taquara, um chapeador que disse estar reformando um Dodge. Este me disse que o seu atual dono tinha lhe dito que este carro foi meu. Eu perguntei ao chapeador por mais detalhes do carro, que dodge era? que modelo? cor? e tal! Mas este, não soube me dizer, apenas sabia que era um dodge!! Não sabia nem a cor, pois o carro tinha sido todo jateado. Marquei com ele e alguns dias depois fui até a oficina dele olhar o dodge.


                         Em um primeiro momento não reconheci o carro, então, anotei os dados da plaqueta e fui conferir no meu "banco de dados", e...foi meu mesmo! Não podia imaginar que este carro estaria vivo ainda, mas , apesar de ser um Dart, sobreviveu!! Logo pensei que um carro com uma história bem marcante comigo, assim como narrei acima, poderia ser meu novamente. Tentei negociar o carro alguns dias atrás, mas o seu atual proprietário me pediu R$8mil. Sem motor, sem caixa, sem frisos, lanternas, bancos, etc, etc. Achei pesado o preço! Além de que fizeram uma coisa que eu condeno veementemente. Jatearam toda a lataria do carro para tirar a tinta e alguns podres. A lataria ficou bastante ondulada, não vai ser fácil alinha-lo! Mas, valeu o registro! Acho que este ainda vai viver por mais algum tempo.

               
                                          Na próxima postagem  Dodge Magnum, 1979 bege Cashmere