terça-feira, 28 de setembro de 2010

Chevrolet Veraneio 1966

                    Sempre gostei muito de caçar e pescar, tinha e tenho meu irmão como meu grande parceiro até hoje. Lembro quando éramos ainda crianças e íamos acampar no interior de nossa cidade, com muita frequência íamos com nossas gaiolas e espingarda de pressão a alguma aventura.
                    Em meados do ano de 1982 resolvi comprar uma Chevrolet Veraneio para nos levar em nossas empreitadas no campo. Como tinha o Dodge na garagem e não queria vender o carro, não tinha quase nada de verba disponível. Comecei então a procurar uma Chevrolet Veraneio bem barata. O meu sonho mesmo era o de encontrar uma Chevrolet Amazona, mas sabia que era uma perua bem difícil de arranjar já naquela época, imaginem hoje.
                    Meu pai foi um descobridor de vários carros meus, como era viajante, sempre andava por cidades do interior do estado e com os olhos sempre abertos a procura de algum carro parado em um canto ou outro. Passado algum tempo, um dia chegou em casa de viajem e me disse: Descobri uma Veraneio encostada em uma garagem,   sempre que passo na estrada e olho para a garagem, ela está lá! Está em uma localidade chamada Recosta, fica alguns quilometros antes de chegar a cidade de São Francisco de Paula na serra gaúcha. 

FOTO TIRADA EM FRENTE A CASA DOS MEUS PAIS, CHEVROLET VERANEIO PRONTA
                       Peguei um onibus e subi a serra, chegando na localidade de Recosta não demorou muito até eu descobrir o esconderijo da "Vera" . A primeira vista o estado da coitada era realmente deplorável, fico imaginando como o dono tinha coragem de deixar a coitada naquele estado e ainda por cima andar coma ela. De cor verde, totalmente desbotada e com vários buracos de podre, que mais parecia ter passado por uma guerra. Mas... conversei com o dono e logo entramos em um acordo, o preço não lembro quanto foi, mas foi bem barato.
                       Tudo acertado, tinhamos de ir a cidade de São Francisco de Paula reconhecer firma do recibo de compra e venda da perua. A localidade de Recosta fica em torno de 10km serra a baixo da cidade de São Chico. No meio do caminho, com a perua em movimento, juro por tudo que tem de mais sagrado neste mundo, quase pulei fora da Veraneio e saí correndo mato a dentro para não ter que concretizar o negócio. Ela era muito feia por fora, mas nada se comparava a ela rodando na estrada. Não tinha folga na direção, tinha férias!!!!! Batia até a alma do boneco, os bancos eram todos rasgados, pareciam um ninho de rato. E para completar era completamente instável rodando. Se até aquale momendo da minha vida não tinha me arrependido de nada que fiz, este foi o momento. O cidadão que me vendeu a belezinha sabia que estava me vendendo uma bucha de canhão, não quis nem voltar comigo até a casa dele por medo de eu desfazer o erro e acabar com o negócio.
                         Tudo bem, na volta para casa vim espraguejando um pouco  mas passou. Eu sempre gostei de carro antigo, e eu me gabo em dizer que tenho um certo "feeling" dirigir carro velho, cheio de folgas. Pode ser bem surrado mas eu acabo gostando e me adaptando as condições adversas. Os meus amigos ficavam impressionados quando eu conseguia desacavalar as marchas do Dart Sedan marrom (vide primeira postagem) de dentro do carro, somente maxendo na alavanca eu conseguia sentir qual garfo estava acavalado  e desacavalr sem abrir o capô.
                        Quando estacionei ela na frente de casa, como era de costume toda família veio dar uma olhada. Costumeiramente se ouvia algum comentário, mas desta vez só se viam olhos e bocas torcidas. Para não dizer que ninguem falou nada, minha mãe disse: "A solução é cortar o teto e fazer uma grande floreira dentro"!!! Me arrependo de não ter tirado algumas fotos dela neste dia.
FOTO TIRADA NA GARAGEM DA CASA DA PRAIA, EM CAPÃO DA CANOA. MEU SOBRINHO CRISTÓVÃO ADORAVA ANDAR NESTA PERUA, É SÓ OLHAR A CARINHA QUE ELE ESTÁ FAZENDO
                            Foi o primeiro carro que restaurei completamente, desmontei ela toda por completo. Até o chassi foi jateado e pintado.
                            Certo dia recebemos do senhor Aldo Benson, dono da f'ábrica de dos automóveis Miura de Porto Alegre, ele era vizinho de praia em Capão da Canoa. O seu Aldo se compadeceu co a minha empreitada e pediu que levasse todo o interior da Veraneio na  Aldo Auto Capas empresa de propriedade dele, renomada no segmento de estofamento automotivo. Ganhei o interior totalmente novo de presente. Ficou lindíssimo.
                            Exatamente oito meses depois ela estava pronta, pintada e emplacada no meu nome.
                            Como nesta época estava ainda fazendo faculdade e ía quase todos os dias  de onibus, resolvi colocar um terceiro banco na Veraneio e fazer transporte universitário. De Taquara até São Leopoldo, onde estudava, são mais ou menos 70km, com o pagamento das passagens dava para pagar as despesas com a gasolina e umas duas cadeiras nas faculdade. Quando eu não tinha aula meu irmão ía com ela. Era uma festa na ida e na volta.
                            Em outras ocasiões fizemos vários acampamentos com a Veraneio, um que ficou bem marcado foi a pescaria no canal de Cornélios, acho que fica no município de Maquiné no litoral gaúcho. Nesta pescaria foi feita a inauguração do primeiro barco construído por nós. (meu cunhado Ronaldo, meu irmão Diogo e eu) Feito todo em compensado naval, era para ser a maravilha dos rios e lagoas. Por vários fins de semana nós ficamos envolvidos nesta óbra. Óbra esta que mereceria uma postagem só para ela neste blog, que talvez eu faça no futuro.
                            Bueno, voltando a pescaria, houve várias coisas engraçadas neste acampamento, aprimeira foi quando o barco foi para a água. Foi o momento quenotamos que tivram várias falhas no projeto do barco. Não entrava água, mas o barco era indirigível, só ia na direção que ele queria. Outras embarcações que passavam pelo local não pouparam a nossa criação, davam muitas risadas e nós acabamos rindo também. Mesmo assim nos divertimos muito, quando caiu a noite fizemos aquele churrasco e tomamos várias caipiras. Fomos dormir emborrachados. Aí é que veio a segunda coisa engraçada. É que durante o dia alguém furou um saquinho de sal dentro da nossa água e como ninguem bebe água em acampamento, somente outros líquidos, fomos notar isto de madrugada. Com as gargantas secas por causa da combinação trago mais churrasco salgado. Foi uma noite terrível, quase bebemos toda a água do rio. Depois de muita discussão de quem era a culpa, amanheceu o dia e saímos como loucos atras de um barzinho.
NESTA FOTO PRECISO DESTACAR A LINDA MOCINHA QUE ESTÁ NO MEU BRAÇO ESQUERDO: MINHA SOBRINHA MARINA. HOJE É UMA MULHER REALMENTE APAIXONADA POR DODGE.
  NO MEU BRAÇO DIREITO A MINHA SOMBRA QUANDO ERA CRIANÇA: CRISTÓVÃO
                         A Veraneio ficou tão boa de andar quanto bonita, apesar de ser a minha primeira restauração completa. No ano em que ficou pronta fui com ela para as minhas férias na praia, deixei o Dodge em casa.
                         No final do mes de janeiro, quando voltava em uma noite para casa, ela me deixou na mão. Estava a três quadras da minha cama. Encostei e fui para casa a pé. No outro dia descobri que a coitada tinha quebrado a caixa de câmbio. Improvisei uma oficina em frente a casa de praia do meu pai e tirei a caixa, não tinha peças para reposição no litoral então peguei um onibus e viajei 170km até Taquara, comprei outra caixa em um ferro velho da minha cidade, porque era bem mais em conta do que arrumar a minha caixa. Retornei a Capão levando a caixa de câmbio nas costas, deu bem mais trabalho do que fazer a troca do câmbio da perua.
                         Algum tempo depois pareceu em uma revenda de carros em Taquara um Charger R/T 1978, ouro toledo, que com o qual negociei a Veraneio. Tema da minha próxima postagem          

7 comentários:

  1. Em pensar que muita gente tremia ao ver uma Veraneio dobrando a esquina no tempo da ditadura, hein?! Não deve ter sido por acaso que a escolheram como veículo militar...
    ...Mas a tua "vera" não, aquela sim fazia jus ao nome... era sinônimo de puro prazer!!!!

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  2. Esta historia foi de ouro!!! mas so tem foto com o Cris??? Agora tem que fazer com o "sombra 2 - principe Germaninho"!!!

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  3. Pow! mas entao foi essa a veraneio que tu deu pelo dodge e pegoou mais uma grana.. q merda heim?? bahhhh.. GENIAL! mas agora, a Vo nao da neh? ta loko.. cortar em cima e fazer uma floreira kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk S E N S A C I O N A LLLL!! E GOLL!!! e akele barquinho eu lembro.. era o tal do armario?? kkkkkkkk te amo!!!

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  4. e ah.. to gatinha na foto heim?? eeeeeehehe!!

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  5. Gostei da historia, só não achei legal vc ter se desfeito dela depois de tanta luta...

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  6. Boa tarde Silfarney, era outra época, e também um negócio, comprava, arrumava e vendia. Abraço Cuti

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