terça-feira, 14 de setembro de 2010

Charger LS 1973 Branco Ipanema

                    Antes de narrar a história deste Charger LS de hoje, quero fazer um breve relato a respeito da turma de amigos que eu tinha. A fase mais bacana desta turma foi entre meados da década de 70 até praticamente o final da de 80. Turma esta que ficou bastante conhecida na cidade e arredores como a Turma do V8! Na época foi feito até música em homenagem a turma,  por uma conhecida banda da cidade .
                   Eu, Eraldo Canani, Carlos Alberto de Oliveira (Ganso), Tiago Seger e Alnei Max Badermann, tinha-mos  praticamente a mesma idade e também muitos interesses em comum. O principal entre eles: Maverick V8 e Dodge.
                   Nos encontrávamos todas as noites no centro de Taquara,  na esquina da rua Rio Branco com a Julio de Castilhos, exatamente em frente ao edifício da agencia Chevrolet. Ficávamos por horas e horas, muitas vezes até madrugada, conversando, discutindo, rindo e tudo mais que se possa imaginar que há de bom para se fazer.
                   Muitas vezes fomos corridos por uma senhora que morava no último andar do edifício, ela não aguentava as  risadas que ecoavam madrugada a dentro. Fomos bombardeados várias vezes por cubos de gelo, bananas e até por baldes com água.
                   O assunto principal sempre foram os V8, sabíamos e conversávamos sobre todos os Mavericks e Dodges de Taquara e também das outras cidades próximas. Conhecíamos todos os carros e seus respectivos donos, fizemos até uma lista de todos eles, que infelizmente não sei onde foi parar.
                    O Dart Sedan que narrei na minha primeira postagem, também era desta turma, foi comprado por todos nós. Antes deste Dart  houve um outro Dart vermelho, que ficou preto algum tempo depois (graças ao famoso colorjet). Esse também comprado em um ferro velho, só que pelo pai do Alnei, Sr. Hari.
                 O Sr. Hari foi o comprador do primeiro Maverick GT vendido na agencia Ford de Taquara. O avô do meu amigo Alnei, Sr. Max, foi o comprador do último Maverick LDO V8 vendido pela Ford de Taquara.
                   Existem milhares de histórias para serem contadas desta turma, mas pelo menos por enquanto, ainda não estou escrevendo um livro.

                                            O Charger  LS
                  Este carro eu achei vasculhando as páginas dos classificados do jornal zero hora de Porto Alegre,  até hoje tenho o recorte do jornal onde está escrito: "Dodge Charger 73, inteiro. Cr$450mil. Tr.F:25.0518". O dia da compra foi 24 de julho de 1981.
                  Liguei para o número do anuncio e combinei com o proprietário de ir ver o carro no dia seguinte.  No dia marcado,  eu e meu irmão Diogo pegamos um ônibus e fomos ao endereço na cidade de Porto Alegre. Chegando lá, em  frente ao prédio havia um Dodge muito bonito parado, lembro que comentei com meu irmão: "Bem poderia ser este o do anuncio hein?? Ele prontamente me disse que achava que não, pois era muito inteiro pelo preço que iriamos pagar pelo carro.
                 Apertei o interfone do apartamento e o dono do carro logo atendeu e desceu. A primeira coisa que ele disse ao nos ver foi: O carro está estacionado aí em frente ao prédio. Resumindo era o carro que tínhamos visto!! Não queria nem ir olhar o carro, só queria ir direto para o cartório fazer o recibo da compra.
                Naquela época os Dodge fabricados até 1978 tinham perdido completamente o valor.  Recordo de anúncios como: "Vendo rádio toca-fitas TKR e leva de brinde um Dodge". Os únicos Dodge que tinham valor eram os 79 em diante. Eram carros muito caros, inacessíveis para o meu bolso. Só rico podia comprar.
               Bom, voltando ao nosso Dodge, tudo resolvido e assinado, pegamos o carro e fomos a um posto de gasolina. Logo em seguida fomos para o apartamento de uma irmã minha chamada Anelise, que morava em Porto Alegre e queria ir para Taquara passar uns dias.  
                A minha ansiedade era grande em sair das ruas movimentadas da grande cidade, mas logo já estávamos todos nós, eu e meu irmão Diogo, minha irmã Anelise e meu sobrinho Cristóvão, viajando de volta para nossa cidade.
               Como mencionei no post anterior, nesta época eu ainda tinha o Impala, mas não queria mais ele, então vendi na mesma semana que comprei o Dodge.
               Posso dizer que este foi o primeiro Dodge meu em que viajei, fui para vários lugares diferentes. Era um carro muito chamativo, apesar de ter as faixas do 77 e ser um 73, poucas pessoas entendiam do assunto e achavam o carro belíssimo. Não se via facilmente Dodges dos modelos velhos ( até 78) inteiros, a grande maioria eram feios e alterados.
               Eu era extremamente ciumento e cuidadoso com a aparência do carro, tinham duas coisas da qual eu não abria mão nunca, mas nunca mesmo! A primeira era a de não sair com o carro se o dia estivesse chovendo, caso fosse pego por uma chuva de surpresa, secava o carro imediatamente, na rua mesmo ou onde estivesse. A segunda era a de andar com o carro sem surdina (abafador) e com o cano reto saindo do lado da porta. Um dia meu pai colocou fora umas 40 surdinas de Dodge que estavam dentro da garagem dele.
                     É revendo estas fotos que vejo como o tempo passa rápido,  precisamos curtir bastante os momentos da vida. O meu sobrinho Cristóvão que aparece nesta foto, hoje é um homem formado na faculdade de direito e pai do Murilo.
                Este Charger era tão bonito que logo recebi várias propostas de compra e consequentemente foi logo vendido. Acho que fiquei uns 6 meses com ele e vendi por cinco vezes o que tinha pago.
                Nesta época comecei a pegar a fama de dodgeiro, as pessoas começavam a associar "Cuti=Dodge"e vice versa. As pessoas que tinham interesse em comprar ou vender Dodge vinham falar comigo. Se precisavam fazer algum conserto em seus Dodges, me  procuravam.
                O "Cuti arruma" pegou dimensões que eu nunca poderia imaginar e aos poucos e sem me dar conta isto foi virando uma mistura de paixão com profissão. Cresceu tanto que acabei abrindo uma oficina especializada em Dodge na casa dos meus pais. Nas próximas postagens irei incluir algumas fotos destas oficinas.
               Nesta foto aparece eu lavando o Dodge, meu irmão Diogo segurando meu sobrinho Cristóvão e meu amigo Julio Correia da Silva inspecionando o meu Dodge.
               Primeiro só fazia manutenção e algum tempo depois comecei a juntar peças de Dodge, comprava tudo que encontrava, novo ou usado. Comprei os estoques novos e usados de várias concessionarias antigas e algumas que ainda estavam abertas. Com o passar do tempo era eu quem fazia a revisão e manutenção de quase todos os Dodges de médicos, advogados, dentistas etc. Não só de Taquara, mas todas as cidades vizinhas e inclusive de Porto Alegre, onde tive inúmeros clientes.
                Tinha e tenho ainda, tanta peça estocada que virou um comércio. As vezes vendia peças até para concessionárias. Mecânicos e acessórios de peças eram clientes meus. Quando não achavam peças vinham em mim, porque eu tinha com certeza.
                Com tudo isto acontecendo de uma maneira nova e inesperada, sem querer eu havia descoberto o que significa trabalho com prazer. A combinação perfeita que muitas pessoas almejam , unir o útil ao agradável, a realização profissional. Larguei todo o resto que estava fazendo e passei a me dedicar exclusivamente aos dodges, coisa que faço com muito prazer até hoje!
                No meu próximo post, contarei sobre um Charger RT 1976, o quarto carro.  

7 comentários:

  1. BUENAS CUTI.

    MUITO LEGAL AS HISTÓRIAS ATÉ AGORA. ME LEMBRO DE EU PIÁ INDO COM O ERALDO NA CASA DOS TEUS PAIS E TU EMBAIXO OU DENTRO DE ALGUNS DESSES GIGANTES.
    LEMBRO DO BARULHO DAS MAQUINAS,GLAM GLAM GLAM GLAM SE ESPALHANDO PELAS RUAS DA TAQUARA DOS ANOS 80.
    MUITO LEGAL A INICIATIVA DO BLOG.

    FORTE ABRAÇO
    DUDA

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  2. Buenas Duda, é eu pensei em registrar um pouco desta história toda em algum lugar que fosse visto por muitas pessoas. Obrigado pela visita e o comentario. Em uma postagem seguinte tu vais aparecer dentro da DKW do Eraldo. Abração

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  3. Bela ideia de registrar as memórias, Derba.

    Vou acompanhando todas elas. Quanta história para contar.

    Beijos,
    Cris.

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  4. aeeeeee kkkkkkkk, quase me "mijei" de rir naquela parte onde a turma do v8 fikava trovando ate altas horas e eram surpreendidos com gelo , banana etc ahahahhaha que delicia!!! Nao aguento a esperar a proxima historia!! bjokas,e ah, fiz ate um album de fotos no meu facebook que diz: Meu tio Meu Tudo!
    Tati V8 ;)

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  5. 1991,PARECE QUE FOI ONTEM, LEMBRA? TU ME APRESENTANDO TEU CHARGER RT 79 BICOLOR. TU QUERIA MEEEEESMO ME IMPRESSIONAR...
    TÁ CONSEGUINDO ATÉ HOJE!!!!!

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  6. ola, parabens pelo blog. Ha cerca de 3 anos adquiri um LS 73 Branco Ipanema de um senhor de Canoas. O carro sempre foi do sul, muito integro, e com varios acessorios inclusive ar quente. Em um documento antigo o nome de um dos proprietarios era Hoffmann. Seria o mesmo carro que foi seu? Voce conheceria este carro. Junto com o carro veio uma capa de manual da Mocauto em Sao Leopoldo. Gostaria muito de descobrir a historia do carro. Agradeco se tiver informacoes. meu email e caolive@ig.com.br abs.

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    1. Caro amigo
      Com certeza conseguiu um grande achado nos dias de hoje, um LS 73 é raro!! Parabéns!!
      Que duvida que não possa ser o mesmo carro?? Mas eu não tenho como descobrir. Este LS que foi do sr Hoffmann era da cor Ouro Espanhol, ele foi o primeiro proprietário.
      Obrigado pelo comentário
      Grande abraço

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