Só um pequeno comentário antes de continuar as aventuras do Dart Capri. Quero dizer aos meus amigos leitores que a minha satisfação maior em contar estas histórias, está sendo os inúmeros e-mails que estou recebendo. Sem contar os comentários no blog a cada postagem. Posso dizer com toda certeza que valeu a pena. Está sendo um prazer dividir estas passagens da minha vida com vocês!
Terminei a pintura do Dart no final do mês de novembro de 1986. E como era de praxe a cada final de ano, já me preparava para tirar minhas férias em Capão da Canoa. Nesta época, como fazia todos os anos, tratava de terminar os carros dos clientes o quanto antes e não pegava mais serviço algum, a não ser que fosse coisa bem rápida. Ía sempre para a praia logo após o natal e sem data para voltar. Neste final de ano em particular, estava ansioso, pois tinha nas mãos um Dodge muito bom para aproveitar o máximo minha estadia na praia.
Foi o ano em que andei mais e consequentemente gastei mais, principalmente gasolina, na minhas férias. Perambulava pelas noites por todo o litoral gaúcho, de Tramandaí a Torres, quase todos os dias até as 6hr da manhã, atrás de aventura. Não teve um bar em que pelo menos uma vez não entrei no litoral norte do RS.
Fiz vários amigos, acho até que muito se deve ao Dodge, porque o carro era extremanente atraente. As rodas magnum que tinha colocado nele, o deixaram com um aspecto guerreiro, e não existia muitos dodges bonitos andando.
A respeito de rodas magnum, alguns dias após a compra do Dart Capri, comprei um Charger RT 1978 , castanho tripoli e de lambuja veio no negócio 21 rodas magnum. Mais de 5 jogos, sendo que 4 delas estavam dentro da caixa mopar, além de um porta malas cheio de peças novas. Quando fechou a fábrica, houve uma grande correria dos donos de Dodge por peças, muitos donos montaram verdadeiros acessórios particulares. E, consequentemente, quando vendiam seus carros, entregavam as peças junto.
Bom, nesta época, constantemente eu me reunia na casa de um ou outro amigo para combinarmos onde iriamos a noite, e vejam como eram e são as coisas, apesar de quase todos eles terem carros novos, todo mundo queria ir de Dodge! Todo mundo adora andar de Dodge! Principalmente as irmãs e namoradas dos amigos! Situação difícil, muito difícil! Mas vou me ater ao foco do blog: DODGE. A coisa era muito divertida!
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Foto tirada na rua da casa dos meus pais |
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Após uma lavagem em frente a casa. Pronto para cair na estrada |
Nesta época eu era... não sei dizer ao certo que palavra usar corretamente para me definir, talvez doente por Dodge. Se um outro carro qualquer me ultrapassasse acelerando eu ia atrás e queria pega! porque pra mim, não existia (e ainda não existe) carro melhor que Dodge. Os Opaleiros que me perdoem, mas eu nunca perdi um pega para Opala, e olha que eu gosto de Opala! Meu pai comprou 7, todos zero km, e aprendi a dirigir em um deles. Eu gostava de dizer aos donos de Opala: Pode largar na frente, tu logo vai ver no teu retrovisor o pisca esquerdo do Dodge ligado, de cor laranja e retangular! Mas... como toda regra tem exceção, e surra a gente nunca esquece, um dia um amigo comprou uma Caravan 250-S e de cara fizemos um pega, levei o maior pau da minha vida!! Mas depois fui saber, a Caravan além do motorzão 250-S , era toda mexida! (comando , carburadores etc, etc e tal). Então eu acho que não vale como parâmetro. O chato é que ele me goza até hoje, dá para acreditar? Esta era uma época de fartura, que eu me lembre, a cada três ou quatro dias queimava um tanque de gasolina.
Para vocês terem idéia do grau de fanatismo por Dodge, quando me perguntavam a respeito de durabilidade do carro, tinha um ditado que uso até hoje: Pode atirar o Dodge dentro do mar, deixá-lo um ano lá dentro e depois puxá-lo para fora. Entra dentro, bate arranque e vai embora!! E falava isto sério!
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Em frente a casa da Janinha, outro lado da rua |
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Este senhor de bicicleta foi pego de surpresa. Seu Evaldo, vizinho da casa dos meus pais |
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Foto tremida, era assim que a concorrencia olhava para o Dartão |
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Eu não tinha nenhuma grade boa original do Dart 75/78 para colocar, então coloquei uma do Charger 72 |
Bom, acabei voltando da praia em março, dois ou três dias antes de começar a faculdade. Era uma tristeza, não tinha ânimo nem para trabalhar, e tinha cliente esperando! Mas aos poucos recomeçava a minha rotina em Taquara, que também sempre foi muito boa.
Apesar de nos anos seguintes continuar comprando Dodges, este foi o único que nunca parei de andar. Foi meu carro de trabalho diário por 5 anos consecutivos. Só nos fins de semana que andava com algum Charger. Raramente pegava outro carro que não fosse o Dart azul durante a semana.
Quando meu amigo Tiago Seger se formou na faculdade de direito, acho que foi no ano 1989 ou 90, fomos eu, o Eraldo, o Ganso e o Dart para Porto Alegre na cerimônia de formatura. Assistimos a solenidade na PUC até por volta das 23hr depois saimos para umas voltas na cidade. Perto da meia noite resolvemos voltar a Taquara. Na saída de Porto Alegre peguei a Free Way em direção a Gravataí, vinhamos em uma velocidade de cruzeiro em torno de 140km/h, quando de repente o Ganso me alertou que lá atras, bem atras de nós, vinha se aproximando duas luzes, aparentemente em velocidade bem maior do que a que estávamos. Não deu outra, pisei tudo no Dartão, quase furei o assoalho com o pé direito. Em poucos instantes o ponteiro do Dart passava um pouco dos 190Km/h, só que não adiantou nada, as luzes pareciam que vinham até mais rápidas ainda. De repente passou uma flecha por nós, passava ao nosso lado um Mercedes Benz. Das poucas coisas que vimos foram, uma tremenda de uma morena sentada ao lado do "piloto" e o logotipo SL500 na tampa do porta malas. E por mais que eu esbravejei, sumiu como um foguete! Eu desejei ardentemente um quadrijet naquela hora, e como desejei!!
Bom, deste momento em diante tirei o pé e disse: Não boto mais gasolina fora!! Isto até chegar em Taquara, pois ao chegarmos na cidade ficamos sabendo de uma grande festa de aniversário, do meu amigo Dado Leuckert. A festa era na rua Lothar de La Rue, uma ruazinha bem curta e estreita, zona nobre da cidade. Ao entrarmos nela, esta estava praticamente fechada por dezenas de penetras tentando ver e participar de alguma coisa. Parece que toda juventuda de Taquara estava lá! Como tinha muita gente do lado de fora da casa, alguns convidados se misturaram aos penetras e ai já viu! Virou tudo uma festa mesmo!! Quando conseguimos chegar em frente a casa e o pessoal avistou o Dart, alguém gritou: "CUTI, FAZ FUMAÇA". E apesar de eu ter levado uma surra na viagem, esta era uma palavrinha que me soava como um mantra, enfim, uma palavra mágica, não precisava pedir duas vezes. Simplesmente comecei um rolinho e não parei mais, e o povo aclamando me injetava mais e mais ânimo, éra como se fosse um motor V8 recebendo gasolina em grande abundância. Olha minha gente, a coisa foi cinematográfica. Acho que metade da cidade sentiu o cheiro de borracha. Quando parei, não se via nada. Era só gente nova gritando de alegria e a vizinhança gritando baixaria. Fomos imediatamente convidados a entrar na casa, beber e comer a vontade, até o clarear do dia. Foi um verdadeiro espetáculo para o aniversariante. E querem saber o mais impressionante? Tudo isto foi filmado!!! Tentei conseguir a fita para colocar no blog mas não deu. O Dado é hoje em dia piloto de avião e não mora mais em Taquara. Se conseguir eu boto em uma outra postagem. Anos depois teve uma outra festa muito pior que esta, ou melhor depende do ponto de vista, na cidade de Campo Bom, eu tinha um Magnum 79. A churrasqueada acabou quando chegou a policia e foi muita gente para a delegacia. Vou tomar nota para não esquecer quando chegar o momento de postagem deste Magnum.
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Em frente a SABA, praia de Atlantida |
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Minha mulher, praia Atlantida |
Certa vez, acho que em 1987. Eu, meu irmão Diogo e mais dois amigos fomos ao Chui, extremo sul do Brasil e também extremo sul do Rio Grande do Sul. Atravessamos a fronteira e adentramos no Uruguai, fomos comprar Wisque e cartuchos calibre 12 para nossas espingardas de caça. São mais ou menos 1300km, ida e volta, fora o que andamos no Uruguai.
Saímos de Taquara por volta das 3hr da manhã e chegamos lá ao meio dia. Almoçamos, compramos o material e começamos a viagem de volta. Estávamos com o Dart com carga máxima e não queriamos perder tempo. Quem conhece esta estrada (BR166) sabe que existem retas intermináveis naquelas bandas, corta ao meio a reserva ecológica do Taim. Tem que se ter muito cuidado por causa dos inúmeros animais que cruzam a estrada, neste região já houve milhares de acidentes envolvendo carros e animais.
Bem, Fomos e voltamos praticamente com o pé no fundo do Dartão, na volta, um pouco antes de começar a reserva ecológica, coloquei um tijolo prensado em cima do acelerador, fazendo com que eu não precisasse ficar acelerando. Mais ou menos como um piloto automático.
Como as retas são enormes, a gente consegue ter uma boa visão da estrada e percebe quando há outros carros, mas com os animais é diferente, porque eles simplesmente cruzam a estrada, e sem avisar!! Quando estávamos bem no meio da reserva, o ponteirão do velocímetro a quase 200Km/h, e com o "piloto automático" acionado, avistamos de longe milhares de passarinhos sentados no meio da rodovia, eles ficam ali comendo o arroz com casca que cai dos caminhões. Daí a pouco alçaram vôo, e nós olhando, imaginem a cena!! Quando de repente resolveram voltar para onde estavam e com toda certeza não imaginaram a nossa velocidade. Resultado, cruzamos no meio do bando. Eu só lembro de ter colocado a mão no para-brisa para proteger o vidro. Quebraram a antena do rádio, os limpadores de para-brisa e a grade. Tinha passarinho grudado até no espelho retrovisor do Dart, só não quebrou porque é bem forte, se fosse de plástico já era!
Alguns quilometros adiante havia um Posto de Policia Rodoviária Federal, que literalmente esqueci, e passamos a 150Km/h na frente. Acho que não nos viram, pois não fomos atacados e nem levei multa no carro. Ainda bem.
Paramos em um posto para abastecer e esticar as pernas, descemos do carro e tomamos um susto! Tinha uns 50 passarinhos grudados na grade, uns até passaram e ficaram grudados no radiador. Pena que não tem fotos.
Outra coisa interessante, gastamos exatamente 6 tanques de gasolina no mesmo dia!!! Chegamos em casa as dez da noite do mesmo dia, ponteiro da gasolina na reserva! Nossa mãe se espantou e perguntou: O que aconteceu? já voltaram? E nós respondemos: É, caiu uma ponte e não deu para ir até lá. Alguns dias depois contamos a verdade.
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Na entrada da garagem dos meus sogros |
En julho de 1991 conheci minha mulher, um pouco antes de trocar o carro com minha mãe, dois fatos próximos, marcantes e inesquecíveis.
Em 1989 eu consegui (imaginem a pilha!!)que a minha mãe trocasse o Chevette dela por um Maverick GT 302-V8, em torno de um ano depois eu troquei o Dart azul pelo Maverick GT. Eu sempre tive um sonho de ter na minha garagem um, ou mais, Charger RT e um Maverick GT, 302-V8 e esta foi a hora! Mas o Maverick eu conto mais para frente pois depois da compra do Dart Capri, comprei vários outros Dodges que, logicamente, terão suas histórias contados antes do Maverick GT.
Nesta época meu irmão Diogo se formou na faculdade, e precisava de um carro. Então minha mãe passou a ele o Dart Capri. O Diogo usou por muito tempo este dodge como carro de trabalho, viajava todos os dias pelas cidades próximas. E não tenho certeza, mas acho que conheceu a mulher dele neste carro também. A minha irmã Fernanda também usou ele quando foi morar em Novo hamburgo. Legítimo Bombril, todo mundo usou!
Não lembro bem a época, mas o meu irmão comprou um LeBaron 79 branco, carro até bem bonzinho, que algum tempo depois comprei dele. Na verdade trocamos, eu dei um Magnum em troca do LeBaron. Mas isto também fica mais para frente! Citei o LeBaron porque foi neste momento que o meu irmão começou a andar muito pouco com o Dart capri. No motor dele começaram a aparecer vários vazamentos. Não batia e nem fumava, mas vazava bastante. Então chegou-se a conclusão de parar o carro para reforma do motor. Desde que fora feita a pintura, já tinham se passados alguns anos, acho que uns 10 anos. Neste tempo todo ele foi usado todos os dias, primeiro eu, minha mãe, meu irmão e minha irmã. O carro já tinha sofrido muitos arranhões na pintura e pequenos nicados na lata. Chegou-se por fim na decisão de mais uma reforma em todo ele.
Bom, como ninguém precisava do carro, ele acabou ficando parado em uma garagem por mais alguns anos, talvez uns 6 ou 7. Ficou em repouso.
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Aqui já está sem o motor, hibernando |
Quando voltamos a falar em andar novamente com o Dart, lá pelo ano 2001, resolveram que a cor poderia ser mais escura, para dar outra vida ao carro. E assim foi feito.
Na próxima postagem, a parte 3 e última do Dart Capri, última em termos, porque ele certamente vai ser repintado no futuro, e espero que seja em Azul Capri, seguirei com sua saga.