A exatamente um ano atrás escrevi a primeira postagem do blog, confesso a vocês que o prazer em contar minhas histórias com meus dodges está indo além do que imaginava! E, uma grande parcela deste prazer, está no fato de ter tantos leitores e seguidores neste humilde blog. Só me cabe agradecer! Portanto, no primeiro aniversário do blog, vou narrar a história de um dodge bem interessante, espero que seja uma prazeirosa leitura e que preencha as expectativas de vocês. Boa leitura meus amigos!
Este Charger eu conheci muitos anos antes de te-lo comprado. Foi em meados da década de oitenta, quando eu tinha minha oficina lá na casa dos meus pais. Seguidamente seu proprietário o trazia a oficina para fazer as manutenções. O Charger era de um amigo e cliente de nome Jacson. Ele trabalhava na época em uma locadora de fitas cassete, no centro da cidade de Taquara. O dodge pertencia antes a dona da locadora, que posteriormente, meu amigo Jacson comprou.
Este Charger eu conheci muitos anos antes de te-lo comprado. Foi em meados da década de oitenta, quando eu tinha minha oficina lá na casa dos meus pais. Seguidamente seu proprietário o trazia a oficina para fazer as manutenções. O Charger era de um amigo e cliente de nome Jacson. Ele trabalhava na época em uma locadora de fitas cassete, no centro da cidade de Taquara. O dodge pertencia antes a dona da locadora, que posteriormente, meu amigo Jacson comprou.
Assim que o fez, passou a me trazer periódicamente o carro para alguma revisão. Olhando meu arquivos, a primeia vez em que consertei alguma coisa neste dodge foi em 29/11/1986. Na ocasião foram feitas as seguintes coisas no carro, regulagem motor e troca das buchas da balança superior.
O Jacson era, e deve ser ainda hoje, um cara muito caprichoso. O carro estava sempre impecavelmente limpo. Tinha sua pintura e seu interior muito bonitos. Os bancos de couro originais eram lindos, impecáveis! Era evidentemente claro que o seu proprietário era um cara muito zeloso e ciumento.
Nas vezes em que o carro passava mais de um dia na oficina, eu sempre tirava algum carro meu da garagem para colocar o Charger do Jacson, pois eu sabia que ele não gostava que o carro dormisse ao relento. Todo o cuidado era pouco quando o assunto era o Charger 76 do Jacson. Certos clientes que eu tinha, não davam a minima se o carro ficasse ao relento ou não, são coisas de cada um. Eu, particularmente, também não gosto que meus carros "durmam fora da cama".
Apesar de não gostar de correr ou dar pau, o Jacson era um cara que queria o dodge com o motor sempre bem afinado, sempre que notava alguma coisa ou alguma pequena falha, mandava que eu desse uma olhada. Certo dia ele veio até a oficina dizendo que o carro não estava muito bom. Então, como eu sempre conheci muito bem minhas "ovelhas", disse a ele: "-Fica tranqüilo que vou dar uma revisada geral e deixar teu motor uma bala. Passei uns dois ou três dias me dedicando exclusivamente ao motor dele. Troquei velas, algumas coisas do carburador, enfim, uma regulagem minuciosa. Após esta revisão, o carro estava tremendamente redondo, acho que como nunca havia ficado antes.
Quando o Jacson veio buscá-lo, deu uma volta com o carro e retornou a oficina. Quando entrou pelo portão, olhei em seu rosto, este mostrava grande satisfação! Então, não sei porque, mas naquele dia me pediu uma coisa que jamais imaginei que pediria. Me pediu para darmos uma testada nele. Ele mesmo nunca corria ou abusava com o carro, sempre o dirigiu com muito cuidado, mas naquele dia, queria ver como o carro se mostrava em condições severas de uso.
Naquela época aconteciam pegas em algumas noites, geralmente nas quintas ou domingos, em uma estrada recem inaugurada, que ia de Taquara até Rolante, RS239. Praticamente não havia movimento na época, o asfalto era novo, lisinho e sem ondulações. Também tinham grandes retas onde a gurizada se fartava loqueando nas madrugadas. Esta estrada também era para mim um campo de testes, por várias vezes fui com alguns clientes que queriam testar seus carros.
Bom, então o Jacson me pediu:"- Vamos até lá para ver quanto o dodges dá no fundo!" Acho que aquele dia ele estava com o diabo no corpo. Para mim não precisava pedir duas vezes. Era um prazer esmerilhar um dodge. Só lhe disse o seguinte: "-Não vai amarelar e te arrepender no meio da festa?? Olha que não se tira pirulito da boca de criança, é pecado!!" Ele deu uma risada e concordou!
Saimos da oficina e fomos até lá. Eram umas quatro horas da tarde, a estrada estava completamente vazia. Quando peguei a reta, em primeira marcha, sempre no fundo, o Charger levantou a frente, parecia que o motor iria sair para fora do carro, esquecendo o restante da lataria. Dei tudo que podia, em segundos, o ponteiro marcava 80km/h em primeira, olhei a cara do Jacson, era de pavor e espanto ao mesmo tempo. Mas já era tarde! Dei a segunda marcha no mesmo estilo, o Jacson estava paralizado e grudado ao banco! Instantes depois o ponteiro marcava 120km/h em segunda marcha. Contagiros sempre beirando os 5000RPM. Lasquei a terceira marcha com violencia, os olhos do Jacson estavam arregalados, quase caindo para fora. Mas ele se mantinha estático e calado! Em intantes o ponteiro do dodge marcava 165km/h, acho que ia mais, mas tive medo do Jacson infartar, então troquei de marcha, metendo a quarta. Foi quando escutei ele falando baixinho:"-P-e-l-o-a-m-o-r-d-e-D-e-u-s".
Meti a quarta sem tirar o pé do fundo do acelerador, o motor, por nem um instante chegou a aliviar! Em poucos instantes, com a quarta marcha no fundo, ponteiro do velocímetro quase, mas quase mesmo, batendo nos 200km/h, deu um estouro e o carro perdeu completamente o seu maravilhoso rendimento. Instantaneamente a paisagem traseira do carro sumiu completamente na fumaça azul de óleo. Não se enchergava mais nada, parecia até que estava se derramando óleo fervendo dentro dos canos de descarga, em igual temperatura. O motor falhava descompassadamente!!
Meti a quarta sem tirar o pé do fundo do acelerador, o motor, por nem um instante chegou a aliviar! Em poucos instantes, com a quarta marcha no fundo, ponteiro do velocímetro quase, mas quase mesmo, batendo nos 200km/h, deu um estouro e o carro perdeu completamente o seu maravilhoso rendimento. Instantaneamente a paisagem traseira do carro sumiu completamente na fumaça azul de óleo. Não se enchergava mais nada, parecia até que estava se derramando óleo fervendo dentro dos canos de descarga, em igual temperatura. O motor falhava descompassadamente!!
Eu me lembro de ter dito:"-Puta merda". Imediatamente escutei o Jacson gritando:"-Meu motor fundiu!!!Meu motor fundiu!!!"Olhei para ele, saiam lágrimas compulsivas em seus olhos, não acreditava no que havia acontecido. Estava completamente desolado, como se tivesse perdido um filho!!. Na hora me apavorei, achei que ele ia ter um piripaque e morrer. Hoje, escrevendo isto, não consigo conter as risadas!!
Encostei o carro na lateral da via e descemos, o Jacson agora não falava mais nada, parecia um autômato. O motor ligado, falhava muito, nos canos de descarga, literalmente, pingava óleo de motor. Comecei a rir, ele olhou para mim com cara de quem queria matar!! Suas feições estavam extremamente abatidas. Por um instante, enquanto eu ria, achei que ele ia me bater. Me perguntou inconformado o porque das minhas risadas.
Eu disse a ele: "-Jacson, meu amigo, só se eu estiver muito enganado, mas não é nada de grave, apenas queimou a junta do cabeçote, o teu motor não estava acostumado a apanhar!" Ele não sabia se me batia ou ria. Estava muito desconfiado. Retornamos a oficina, ele calado em todo o trajéto, coloquei o Charger na garagem e levei o Jacson para a casa dele. Lhe disse apenas:"-Fica calmo, amanhã conversamos!
No outro dia, encostei com o Charger na frente da locadora, afinado como nunca. Ele veio correndo e disse não acreditar no que estava vendo. Me disse que tinha passado a noite em claro, sem dormir! Então eu perguntei a ele: "-O carro tá pronto, vamos testar novamente??" Ele:"-Nunca mais, nunca mais!!"
O tempo foi passando e a locadora em que o Jacson trabalhava abriu uma filial na cidade de Igrejinha. Ele foi nomeado para gerenciar a nova locadora, então, uma vez ou duas por semana o Jacson ia ao trabalho com o Dodge. Certa manhã, em umas destas idas, aconteceu com o Jacson quase a mesma coisa que aconteceu comigo com o Galaxie LTD 76 marrom, que já postei aqui no blog. Só que no caso dele, foi trágico! Não para ele, mas para o Charger. Ele se deslocava com o dodge pela RS115, quase chegando na cidade de seu trabalho, em um entroncamento na entrada da cidade, teve a frente cortada por um carro. Para não bater neste, tentou desviar, subiu no canteiro e bateu de frente em um poste de iluminação pública.
Chegava ao fim a trajetória de mais um Charger R/T. O meu amigo acabou parando no hospital, apenas com a boca cortada, mas, o dodge, já era. Até a capóta do carro ficou com algumas rugas.
Alguns dias depois, o Jacson já recuperado, levou o Charger para a garagem de sua casa. Chamou várias oficinas de chapeação para fazer orçamentos, das quais, poucas aceitaram a empreitada. As que aceitaram, pediram preços altos e significativos. Como o meu amigo Jacson não dispunha de muitos recursos na época, o carro ficou parado na garagem. Passaran-se mais alguns meses até que o meu amigo, totalmente contra a vontade, me ofereceu o carro.
Inconsolável! Esta era a palavra para denominar o meu amigo. Me entregou o carro com pesar, mas não havia outra alternativa para ele.
No outro dia, encostei com o Charger na frente da locadora, afinado como nunca. Ele veio correndo e disse não acreditar no que estava vendo. Me disse que tinha passado a noite em claro, sem dormir! Então eu perguntei a ele: "-O carro tá pronto, vamos testar novamente??" Ele:"-Nunca mais, nunca mais!!"
O tempo foi passando e a locadora em que o Jacson trabalhava abriu uma filial na cidade de Igrejinha. Ele foi nomeado para gerenciar a nova locadora, então, uma vez ou duas por semana o Jacson ia ao trabalho com o Dodge. Certa manhã, em umas destas idas, aconteceu com o Jacson quase a mesma coisa que aconteceu comigo com o Galaxie LTD 76 marrom, que já postei aqui no blog. Só que no caso dele, foi trágico! Não para ele, mas para o Charger. Ele se deslocava com o dodge pela RS115, quase chegando na cidade de seu trabalho, em um entroncamento na entrada da cidade, teve a frente cortada por um carro. Para não bater neste, tentou desviar, subiu no canteiro e bateu de frente em um poste de iluminação pública.
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Que paulada, hein?? Olhando assim, parece o Charger do filme "Fuga Alucinada", só que branco. |
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Nesta foto se tem a exata noção do que era o carro antes da batida, lindo! |
Alguns dias depois, o Jacson já recuperado, levou o Charger para a garagem de sua casa. Chamou várias oficinas de chapeação para fazer orçamentos, das quais, poucas aceitaram a empreitada. As que aceitaram, pediram preços altos e significativos. Como o meu amigo Jacson não dispunha de muitos recursos na época, o carro ficou parado na garagem. Passaran-se mais alguns meses até que o meu amigo, totalmente contra a vontade, me ofereceu o carro.
Inconsolável! Esta era a palavra para denominar o meu amigo. Me entregou o carro com pesar, mas não havia outra alternativa para ele.
Na próxima postagem falo de um Dart de Luxo 1979 prata