Quase todas as vezes que vinha na oficina trazia junto um amigo, se não me falha a memoria, se chamava Vanderlei. O cara era apaixonado por Dodge, era uma daquelas pessoa que realmente tinha loucura pelos carro da marca Dodge. Todas as vezes que vinha, me perguntava se eu não sabia onde poderia encontrar algum para comprar.
Passados algums meses, apareceu aqui na oficina me contando que tinha acabado de comprar um Charger RT na cidade de Nova Petrópolis, e que em breve traria o carro para fazer uma revisão.
Uma semana depois apareceram os dois aqui (Vanderlei e Dodge). Depois de uma boa olhada no carro, eu lhe disse que, a princípio, o carro não era grande coisa. Isto se falando para aquela época, hoje realmente seria diferente. O carro tinha várias coisas por fazer. A parte eletrica era realmente muito ruim, aparentemente tinham havido alguns curtos e o chicote de fiação estava todo cortado e remendado. A lata era bem surrada, com bastante massa plástica e o motor ruim. Para completar o "pacote", haviam tirado a caixa de 4 marchas e colocado uma de 3marchas, do Dart. Também haviam tirado o setor hidráulico de direção e colocado um mecânico. Resumindo: Provavelmente tinham usado este carro para incrementar outro, depenaram o máximo e venderam.
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Foto em que o Dodge ainda rodava, e como pode ser notado, aparentemente estava bom. A pick-up C10 ao lado, era do meu sogro senhor João Luis Amavel Marcos. E hoje ainda está comigo |
Naquele dia me deixou o carro para fazer uma pequena revisão no motor e dar uma boa revisada na suspensão.
Passado algum tempo, apareceram Vaderlei e Carlos na oficina para conversar. Conversa vai, conversa vem, ele acabou me confessando, que passada a euforia dos primeiros tempos com o Dodge, ele estava meio que decepcionado, pois o carro tinha muitas coisas por fazer. Alem de não ser prazeiroso de andar, como é bem comum escutar : carro muito chacoalhado. Ele tambem não tinha grana para arrumar. Resumindo, queria vender.
Bem , eu disse a eles como repito até hoje, todo o tipo de carro pode ser restaurado, por mais avariado que esteja. Tudo depende de dois fatores cruciais:
Primeiro: O quanto em dinheiro que se tem para gastar.
Segundo: O tempo que se tem para realizar o trabalho com qualidade.
Disse a ele que o melhor seria vender este carro e comprar um melhor, pois tinha uma oferta muito grande de Dodge para venda. Ou talvez procurasse um picareta de automóveis para tentar uma troca.
Passado mais algum tempo, o Vanderlei veio até a minha oficina e me ofereceu o carro, na condição de que quando eu tivesse algum em boa estado , que venderia para ele. Fechamos negócio e fiquei com o Dodge.
Para se ter uma idéia de como o carro era mexido, quando vendi as rabetas traseiras do teto e tirei o vinil, vi que o carro não era bordõ e sim branco. Bem mais tarde quando tirei o motor, vi que tambem não era o dele e sim um do Dart. Portanto um carro bem futricado!!
Muitas pessoas me condenam por ter desmanchado tantos Dodge, foram 27 ao todo, fora os que comprei pela metade, já picados, que arrecadei em ferro velho e garagens particulares. Peças então, milhares, novas e usadas.
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Bela foto, F-600 militar V8. O Chevette era da minha irmã Anelise |
Para se ter uma idéia da procura por peças na época, em mais ou menos um mês eu vendia um Dodge inteiro em peças. Era uma procura muito grande, pouca peça e muito carro. Eu não négo que dos Dodge que desmanchei, teve alguns que me arrependo e gostaria de te-los na minha garagem hoje. Portanto ninguem precisa me condenar, eu mesmo o faço.
Mas , absurdo mesmo eram os shock cars, ou provas de demolição. Destruiam os Dodges por prazer, ao contrario , eu desmanchava para outros poderem rodar
Vejam estas fotos:
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Charger 1971 brigando com Dart sedan |
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Galaxie destruido |
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Guerra de Darts |
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Charger 1971 contra Dart |
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Galaxie e Dart |