Este carro tem tantas histórias que eu deveria escrever em mais postagens, como fiz com o Dart azul 78, mas... vamos ver.
Na minha próxima postagem, ou talvez nas próximas, dependendo se acabar escrevendo esta em mais de uma edição, vou contar a história de um Charger 77, vermelho Riviera, que eu comprei antes deste, mas como este Magnum de hoje entrou na minha vida alguns meses antes, resolvi contar primeiro. Ou seja, comprei o Charger primeiro que o Magnum, mas posso dizer que o Magnum entrou primeiro na vinha vida, portanto, resolvi assim.
Na minha próxima postagem, ou talvez nas próximas, dependendo se acabar escrevendo esta em mais de uma edição, vou contar a história de um Charger 77, vermelho Riviera, que eu comprei antes deste, mas como este Magnum de hoje entrou na minha vida alguns meses antes, resolvi contar primeiro. Ou seja, comprei o Charger primeiro que o Magnum, mas posso dizer que o Magnum entrou primeiro na vinha vida, portanto, resolvi assim.
O início do ano de 1993 tinha sido desastroso pra mim, por conta do que já relatei anteriormente, com meu Charger 79. Mas, como sempre acontece, não somente comigo , mas com todo mundo, por pior que sejam as coisas, elas vão se ajeitando da melhor maneira. Como diz meu pai até hoje: "No fim , tudo vai dar certo!"
Voltando um pouco no tempo, dois anos antes (1991). Certo dia, meados daquele ano, um senhor que morava em Novo Hamburgo passou aqui na oficina, este me procurou para oferecer quantidade grande de peças de dodge que tinha em casa. Não sei, e, nem lembro, como apareceu aqui! Mas recordo de certeza, que sem nem ao menos olhar, comprei as peças todas. Depois de muita conversa, marquei com este senhor para alguns dias depois ir até Novo Hamburgo para pega-las. Esta negociação, sem dúvida alguma, foi o pivô de toda história deste magnífico Magnum comigo.
No dia marcado, acordei cedo, me mandei para Novo Hamburgo. Tinha ainda meu Maverick GT, que já contei a história aqui, e fui com ele buscar as peças. Como sempre, apesar (e que bom que foi assim) de muito serviço, sempre tirava um tempo para correr por aí. E, como em todas as vezes, apesar de focado no meu único objetivo da época, tinha sempre um destino incerto, procurando dodge.
Depois de acertar tudo, Maverick carregado com meus novos tesouros, resolvi passar por alguns picaretas de carros. Naquela época sempre tinham dodges, galaxies e mavericks nas revendas. Era coisa assombrosa, inimaginável nos dias de hoje. Quem não vivenciou aquela fartura, não consegue imaginar.
Bom, lá pelas tantas, passei em frente a uma revenda bem conhecida lá em Novo Hamburgo, existe até hoje, o "Bagunça automóveis" !! Na vitrine, um imponente Magnum Sumatra! Imediatamente parei e fui olhar. De ante mão já imaginava que aquele carro em especial, não era pra mim. Pois o "Bagunça" só negociava com carros impecáveis, super inteiros, de preços muito altos. Mas... até hoje, o fato de olhar não paga nada. Então, vi, parei e ... entrei na revenda!
Ao entrar na agencia e olhar o carro de perto, fiquei simplesmente boquiaberto com o estado da viatura. O Magnum era um dos mais novos que tinha visto nos últimos tempos, verdadeira raridade. O hodômetro marcava vinte e poucos mil quilômetros, o interior novo como na fábrica, o vinil lindo, caixa automática, pintura um desbunde, os cinco CN15, calotas perfeitas (por incrível que parece, aquelas da primeira safra, com a bolota dos raios fixa, só de encaixar, sem calotinha interna.) E novas!!! Um carro verdadeiramente digno de colecionador. Alguns instantes depois, chega um dos vendedores em mim, não falou nada, só observava a minha incredulidade. O chão já estava todo babado da minha saliva, literalmente eu não conseguia fechar a boca!!
Depois de rodear o carro umas 100 vezes, perguntei, até com um pouco de medo e receio ao vendedor: "Quanto ?????? " Não lembro o valor que respondeu, mas era muito dinheiro, preço de carro 0K! Para mim, naquele momento, inatingível.
Como o sujeito se mostrou amigável comigo, começamos uma conversa em torno do carro, perguntei tudo que queria saber daquela maravilha sobre rodas. Sabia que para mim seria impossível, mas poderia alguém do meu círculo se interessar.
O homem me contou uma história bem interessante. Talvez alguém aí de Novo Hamburgo saiba desta história, ou até de São Paulo, pois o carro tinha desembarcado naquela semana de uma cegonha desta cidade.
O fato é o seguinte, pelo que lembro, nesta revenda (Bagunça) tinha um Fusca 0K, guardado em um canto. Não sei como , mas um colecionador de carros de São Paulo, dono do dodge, descobriu o Fuquinha na revenda. Este, se interessou pelo fato de ser 0K. Não sei como foi a negociata, mas o Fuca viajou para SP e o Dodge veio para o RS. Na época, provavelmente, uma negociata de titãs.
Depois de escutar toda aquela história, ver aquele carro tão lindo e novo, saí do estabelecimento, sonhando! Entrei no meu Maverick e pensei, o dia de hoje não rende mais nada, impossível, só me resta trabalhar. Voltei pra casa, os dias foram passando e meu pensamento lá em Novo Hamburgo. Pensava naquele Magnum todos os dias.
Dias depois, encontrei no centro de Taquara um antigo cliente, daqueles bem fortes, se é que me entendem. Conversa vai e vem... inevitavelmente o assunto entrou no mundo Dodge. Só um parênteses, para quem nunca teve um Dodge: Quem já teve , nunca esquece. E, em uma rodada de conversa, ele (Dodge) sempre se mete no meio, como doença.
Bom, logo que a conversa seguiu no caminho Dodge, este antigo cliente me falou ter muitas saudades do Dodge que tivera, que hora destas iria cometer uma loucura e procurar outro. Na hora lembrei e pensei: Achei um dono para o Magnum! Imediatamente falei para este meu amigo do carro, contei exatamente como era e a história que o vendedor tinha contado. Meu antigo cliente se interessou imediatamente, e apenas perguntou, caso fosse até lá, se poderia comprar o carro de olhos fechados. Eu disse, só chega lá, abre tua carteira, preenche o cheque e seja feliz. O Dodge é espetacular!
Dias depois, nem lembrava mais, este cliente me liga. "Cuti, passa aqui no consultório, quero te passar um serviço". Tranquilo, no outro dia, passei lá, conversamos outras coisas que não Dodge, e enfim, ele me levou até a garagem, abriu a porta... eu caí duro!!! O Magnum Sumatra lá dentro. Mais novo do que nunca! Tive uma visão de como deveria ser o céu! Acho que me senti mais feliz do que ele que tinha comprado, aquilo era uma joia que deveria ser guardada a 7 chaves. Antes que eu conseguisse me recompor, ele me estendeu a chave e disse, fica com ele por uns dias, vai andando e da uma revisada geral. Quase infartei!
Por isto não quero mais saber de oficina hoje, clientes como tinha antigamente... nunca mais!! Tive uma boa leva de clientes, que, assim como este, se tornaram meus amigos, era um prazer trabalhar para eles. Compensava a outra leva de porcarias que apareciam na oficina, sem educação, sem dinheiro e que saiam falando mal. Tudo tem o lado bom, é o que salva.
Por isto não quero mais saber de oficina hoje, clientes como tinha antigamente... nunca mais!! Tive uma boa leva de clientes, que, assim como este, se tornaram meus amigos, era um prazer trabalhar para eles. Compensava a outra leva de porcarias que apareciam na oficina, sem educação, sem dinheiro e que saiam falando mal. Tudo tem o lado bom, é o que salva.
Bueno, o tempo passou. Meu cliente vendeu o outro carro que tinha, e, por 2 anos passou a usar o Magnum sem dó nem piedade, diariamente, e sem o mínimo de cuidado! Que eu lembre, fez duas ou três viagens pelo Brasil, de cabo a rabo. E, naturalmente, carro que se usa muito, acaba desgastando. Principalmente para aqueles que não se importam muito com o cuidado aparente. Acho que até seja o certo: Usam bem, depois vendem e compram outro. Este não deixou de ser assim.
Em meados de 1993, o Magnum ainda tinha a mecânica perfeita, mas a lataria com muitos arranhões, coisas pequenas, mas que desvalorizavam o carro. A pintura já meio desgastada dos produtos químicos que usavam nos postos de lavagem antigamente (Este cliente mandava lavar toda semana em postos assim). Bom, o carro ainda era lindo, mas aos meus olhos! Porque para pessoas não apaixonadas pela marca como eu, ele tinha se tornado apenas mais um Dodge velho e usado.
Naturalmente, como não poderia deixar de ser, meu cliente comprou outro carro! Se não me engano, foi um Jeep Grand Cherokee V8. Logicamente, se apaixonou! E o dodge ? Ficou de lado. Certo dia meu cliente liga e pede para passar no consultório, queria conversar. Passei lá, imaginando algum serviço no Magnum. Mas não, ele queria vender o Dodge, então, pensou em oferece-lo pra mim. Disse que não tinha como guarda-lo e gostaria que eu ficasse com ele.
Para variar, eu em uma pindaíba de dinheiro!! (Triste aquela época!!) Pela amor de Deus!!! Agradeci e disse pra ele, olha, cara, eu agradeço, mas acabei de comprar um Charger que apareceu lá na oficina (E tinha mesmo, o da próxima postagem), por meia dúzia de moedas. Eu gostaria muito de ter este carro, mas não dá, não tem como!!! Então conversamos um pouco e fui embora, amaldiçoando a falta do metal precioso.
Tenho certeza, por tudo que já passei, por tudo que conquistei, tenho muita sorte! Por pior que seja a situação, sempre penso isto: Sou muito sortudo e abençoado! Seguindo por esta ótica, mais uma vez a vida se mostrou generosa comigo. Dois ou três dias depois, de passagem no centro da cidade, cruzei com este cliente. Ele me viu e de dentro do carro falou: "Passa lá!!! Pega a chave do Dodge!!!" Eu respondi: "Não dá!! Não tenho como, não tenho dinheiro!!" Insistiu ele: "Passa lá, paga o carro e me paga quando tu puder, como puder e QUANTO tu puder pagar, sem pressa!" Aí, fiz um sinal de positivo pra ele e fomos embora, cada um pro seu destino. Aquele diálogo não saia da minha cabeça, fiquei trocando as orelhas com aquela palavra "quanto tu pode pagar"!! Como assim??
Sem conseguir trabalhar, só pensando no improvável futuro negócio, no dia seguinte tomei coragem e fui resolver a parada. Ansioso, cheguei no consultório e em poucos minutos a secretária mandou que eu entrasse na sala. Sentei e começamos a conversar. Novamente disse que não tinha a mínima condição de comprar o carro, mas queria muito ficar com ele. Meu amigo então foi claro: "Me paga $400,00 (acho que em 1993 a moeda era Cruzeiros, não lembro, mas o valor não esqueço)! Era absurdamente barato pelo carro em questão. E, ainda para "piorar" ele disse: "Paga quando tu quiser. Eu sei que este carro é muito bom, e quero que tu fiques com ele!" Bom minha gente, simplesmente não tinha como argumentar uma proposta como aquela, foi um presente. E apesar disso, olhem minha situação financeira na época!! Imediatamente, olhei para ele e disse:"Na próxima semana te dou metade e no mês que vem pago o resto, pode ser? "A resposta dele foi abrir a gaveta da mesa e me entregar a chave do Magnum!
Saí dali e fui direto para o estacionamento do hospital pagar aquela nave! Não precisaria nem olhar, pois nos últimos dois anos, somente eu tinha aberto aquele capô, conhecia o carro melhor que o próprio dono. Abri a porta, bati chave e pegou na hora!! Ronco suave das surdinas originais, carro justo, interior impecável. Lasquei o "D" e saí do estacionamento sorrindo.
Acho que a primeira foto tirada do Magnum, em frente a casa dos meus pais |
Nesta época, empolgado no projeto da minha casa, não tinha recursos para quase nada. Alguns meses depois vendi o Maverick GT e quase todos os outros carros que tinha guardado. Depois do acidente com o Charger 79, praticamente tinha ficado sem carro! Tinha um RT 75 vermelho Azteca que rodava pelas quebradas, mas muito ruim, acabei desmanchando o coitado. Então, as pressas, comprei o Charger Riviera que narro na postagem seguinte para ter um carro que pudesse andar. Quando entrou este Magnum, abandonei o RT 77 e comecei a andar somente de Magnum. Ele era espetacular, estava um pouco judiado de pintura, mas para andar foi quase imbatível.
Daí em diante, revezando entre oficina, procurando peças, tentando começar a construir casa, enfim, tudo junto, dei início na preparação da lata do Magnum. Tinha consciência que não tinha recursos pra nada, mas este carro precisava ser pintado e, infelizmente, vendido!!
Lembrando hoje, foi ate engraçado. A reforma deste carro se deu com ele andando diariamente, ou seja, usava o dodge direto, com preparação da lata e raspagem, com fundo e... o carro rodando. kkkk. Era divertido, as pessoas olhavam ele como uma porcaria rodando, todo mascarado.
No dia 01/12/1994 , uma quinta-feira, na cidade de Campo Bom, aconteceu a inesquecível e excepcional churrasqueada na "oficina" do Geraldo e Jocelito. Este pobre Magnum, um mero coadjuvante, naquela malfadada madrugada, quase apedrejado por uma legião de vizinhos inconformados, chamado pela alcunha de "Vaca Holandesa", foi acusado, injustamente, por inúmeras barbaridades, as quais, tentarei relatar em detalhes na próxima postagem!
Daí em diante, revezando entre oficina, procurando peças, tentando começar a construir casa, enfim, tudo junto, dei início na preparação da lata do Magnum. Tinha consciência que não tinha recursos pra nada, mas este carro precisava ser pintado e, infelizmente, vendido!!
Lembrando hoje, foi ate engraçado. A reforma deste carro se deu com ele andando diariamente, ou seja, usava o dodge direto, com preparação da lata e raspagem, com fundo e... o carro rodando. kkkk. Era divertido, as pessoas olhavam ele como uma porcaria rodando, todo mascarado.
No dia 01/12/1994 , uma quinta-feira, na cidade de Campo Bom, aconteceu a inesquecível e excepcional churrasqueada na "oficina" do Geraldo e Jocelito. Este pobre Magnum, um mero coadjuvante, naquela malfadada madrugada, quase apedrejado por uma legião de vizinhos inconformados, chamado pela alcunha de "Vaca Holandesa", foi acusado, injustamente, por inúmeras barbaridades, as quais, tentarei relatar em detalhes na próxima postagem!
Nesta foto, de trás para frente: O Magnum, Gran Sedan que já postei, o Charger 77 Veneza que está por ser postado |
Na próxima postagem, a continuação da história deste Magnum