sexta-feira, 3 de maio de 2013

Dodge Charger R/T 1976 Vermelho Veneza 2

                      As vezes, do nada, pego a pensar na minha história de vida. Em todo trabalho que já passei, tudo que aprendi em matéria de Dodge, todo vasto estoque de peças que juntei,  toda esta carga de conhecimento (???) que deve ocupar um grande espaço dentro da minha pobre e fútil cabeça,  por vezes penso: Para que serve tudo isto?? Coisa inútil!! Irrelevante ( O palavrinha que eu adoro esta!!) Porque fui perder meu tempo com isto?? Inexplicável!  
                  Bom, posso lhes afirmar, com toda certeza, este meu pensamento depressivo sobre minha paixão profissional cai por terra quando ajudo uma pessoa, desconhecida ou não, a resolver um problema. Como isto é gratificante!! Faz a gente pensar e acreditar que tanto empenho em determinado assunto, realmente, vale a pena!
                        Para vocês terem uma ideia mais concreta do que falo, vou transcrever aqui algumas frases de um e-mail que recebi esta semana:
                           -"Meu amigo, você diz: Espero ter ajudado!. Pelo amor de Deus... você deu uma aula... não sei como lhe agradecer... realmente o ano e modelo do carro é um Dart 1975. Por estas e por outras que perdi a confiança em me aventurar na compra de um dodge sem o apoio de uma pessoa como você... séria e que realmente entende do que vê! Uma pena nossa distância. Fico muito grato pela ajuda, precisando qualquer coisa aqui do Rio pode me procurar. Amilton Cabral."
                   Confesso que quando leio uma coisa assim, em um primeiro momento não consigo fazer a relação pessoa/fato, ou seja, comigo mesmo. Primeiro porque não acho que o meu conhecimento de causa seja algo assim tão excepcional, algo surreal. Acreditem, julgo como ser... nada! Aí leio o e-mail e fico chocado! Porque?? Simplesmente porque um elogio profundo é coisa rara!! Uma grande maioria das pessoas só quer receber, não sendo assim, só faz depreciar pessoas ou fatos alheios. Se doar?? Nada!! Mesmo que for um agradecimento. Tem gente que eu fiz muito mais do que podia e não recebi nem resposta de um e-mail dizendo: "Obrigado!" Não bastasse isto ainda me lograram. Então , que mundo é este??




                  Coisa parecida acontece em relação as minhas peças. É sabido por muita gente que, atualmente, não sou muito de vender peças. E isto por vários motivos, não sei se nesta ordem , mas quem sabe apego as coisas relacionadas a Dodge, ou ao não reconhecimento das pessoas em chegar em um local que tenha quase tudo, e não querer pagar um preço justo por tanta dedicação e organização, e por aí vai. São "n" os motivos! Mas como minha querida mulher sempre diz: "Vai deixar para quem estas coisas??"  Em meio a este conflito de opiniões, pensamentos e ideias , por algumas poucas e inconstantes vezes me surpreendo com a arrebatada de alguma pessoas, como no e-mail que relatei apouco e o fato que segue, acontecido alguns dias atrás.
                     Certa tarde atendo o telefone (coisa rara!! Definitivamente, DETESTO telefone!!) um sujeito me pergunta: "É o Cuti?? Eu, sim  o próprio!" Ele diz ao telefone que está em frente ao meu antigo escritório, lá no centro da cidade e queria ver algumas peças. Eu de imediato respondo que mudei de endereço. Já pensando comigo mesmo:" Ver algumas peças??? A unica pessoa que vê as minhas peças sou eu mesmo! Deve ser um outro chato de galocha". (Peço desculpa aos meus bons clientes pelo exagero da minha franqueza, mas a vida me ensinou  que em matéria de peças de carros antigos a gente precisa andar na defensiva) 
                           Bom, seguimos conversando Ele perguntou se tinha determinada peça e o preço, respondi que tinha e o valor. Em seguida me disse que estava com um amigo, que também tinha dodge e queria perguntar sobre outra peça e blá,blá,blá. Escutei o pedido e disse que tinha a peça também e dei o valor. Tudo assim, sem rodeios e jogo rápido , porque tenho ojeriza ao celular. Então em seguida perguntaram onde me encontrar e pegar as peças.  Expliquei a eles o meu novo local de trabalho e em poucos minutos eles chegam aqui.
                        Nos cumprimentamos e convidei-os a entrar. Ao entrarem no meu escritório, que ainda está em um local provisório, se embasbacaram!! Esta é  palavra certa!! Confesso que eu mesmo me espanto as vezes.
                         Depois de uma meia hora de conversa e negócios feitos, um deles me falou: "Cuti, a tua fama corre até no Uruguai e Argentina,  quem tem dodge fala em ti. Em conversas entre amigos sempre escutamos que o Cuti de Taquara tem o maior estoque de peças que já foi visto. Nem nas agencias tinha tanto! Para nós, hoje, isto deixou de ser lenda, é fato! A tua organização em encontrar as peças é algo fenomenal, tudo catalogado e numerado, realmente... um espetáculo!! E claro , isto tem um custo!! A melhor coisa para um apaixonado por antigo, que procura ardentemente uma determinada peça é chegar em um local onde vai satisfazer todas as suas expectativas, este lugar, é aqui!!" Disse ele.
                         Respondi dizendo a eles: "É bom escutar isto, pena que muita gente não pense assim, muitos acham que tudo isto se fez sozinho,do nada. Quanto a organização, disse a eles que não poderia ser de outra forma, em um volume grande de coisas, se não  for assim, não se acha nada.
                         Lembrei e comentei com eles que nas décadas de oitenta e noventa não era assim. Não tinha nada no papel, tudo misturado em prateleiras não numeradas, as peças a mostra. Varias foram as vezes em que "compradores" escamotearam em seus bolsos alguma coisa.  Naquela época, no meio daquela bagunça toda, só eu sabia onde encontrar as coisas. Hoje não, qualquer pessoa acha o que quer, claro que  com as minhas listas na mão.
                          Em seguida eu completei: "Sei que falam muito em mim e também "de" mim. Tanto de bem  quanto de mal!" Poucas pessoa tem real noção do quanto me custou isto tudo. Não falo só em termos financeiros, mas de dedicação, tempo, amor, entre tantas outras coisas. Para colocar tudo isto no papel, da forma que está hoje, se passaram mais de 10 anos, e ainda não terminei! Podem ter certeza, isto tem um custo, eu não dediquei minha vida aos dodges apenas por um capricho! Também foi para ganhar dinheiro. O grande problema de hoje, diferente do que foi nas décadas passadas, é que uma boa fatia (ignorante) dos compradores não sabe de onde veio tudo isto, acham que as peças não custaram nada, tudo é lixo, e que tem um louco querendo enriquecer do nada. É exatamente isto, por mais que custe acreditar.
                           Para dar ênfase ao meu relato, contei-lhes (aos novos clientes e amigos) de um sujeito que esteve aqui alguns dias atrás. Depois de várias conversas e mostrando MUITO interesse em comprar algumas coisas, marcamos e o cara chegou aqui.  Olhou, olhou, claramente se fez de desentendido, falou do tempo, da vida, e finalmente... me fez mostrar-lhe algumas coisas. Quando fiz o preço, só faltou ele gritar: Ladrão!!!! Mas se conteve, talvez por educação (duvido) ou medo de apanhar! Depois do baque, prosseguiu olhando as prateleiras... por fim perguntou: "O que tu quer com tudo isto??" Gente, me controlei para não quebrar a cara dele!. Tratei de despachar o sujeito o mais rápido possível. Na saída  ele ainda disse: "Outra hora volto com mais calma". Nem respondi!!   
                         Com tudo escrito aqui hoje, não quero que pensem que dou importância maior ou menor para que compra alguma coisa minha ou não. Se o cara tem dinheiro ou não. Trato todo mundo igual, do trabalhador braçal ao maior empresário.Sempre agi assim! Uma coisa que aprendi na vida é que:"As vezes o mais é menos!!" Exemplo disto é este sujeito que relatei acima, ele é mais, mas é menos e não sabe!! O que realmente dou valor é ao reconhecimento pelo trabalho, pelo meu caráter, honestidade. Não sou santo, acho que ninguém é! Mas procuro, a cada dia, ser um pouco melhor. Esta é minha meta
                         Quando eu penso nas ótimas pessoas que cruzaram minha vida profissional, eu acredito que tudo valeu a pena, ao contrário de quando penso nos medíocres que cruzaram por mim, aí penso que foi tudo perda de tempo. É uma gangorra minha cabeça!!! 
                        Resumindo, o que me faz pensar e ver que tudo valeu a pena, são as pessoas boas. As que valorizam um projeto como o meu, e a maior delas, sem duvida alguma, é minha mulher Valquíria. Claro que ela não se pode contar, porque ela me ama, e se eu for bem, ela vai bem! É a lógica!
                          Por tudo isto que foi escrito aqui hoje, entre os inúmeros amigos e clientes antigos, tenho a certeza que sempre existirão vagas extras na minha vida, para pessoas boas! Foi assim com estes dois novos clientes que relatei acima! Foi assim também com alguns dos meus amigo virtuais, como o  Reinaldo Silveira, o Rei. O meu amigo Luis Vital Vianna, o Alexandre Badolato, entre tantos outros  que provavelmente estão lendo esta postagem. Acredito que eles, claro, assim como muitos, ficaram satisfeitos com nossos negócios. Mas lhes digo, o prazer é todo meu em atender pessoas como vocês, que valorizam não só as peças, mas o ser humano antes de tudo. 
                                      
                           Deste Charger Veneza da postagem de hoje, tenho uma bela foto em frente a casa do meu pai. Não sei ao certo, mas a foto foi tirada alguns meses depois da compra do carro. Porque depois da compra deste Charger eu comprei um Dart 74 (próxima postagem). O Gran Sedan que aparece aí veio algum tempo depois do Dart , então , até eu estou meio perdido.  
Pequena frota de dodges em frente a casa dos meus pais, o Magnum da postagem passada, o Charger desta e um Gran Sedan 77 de uma futura
                      Este carro era muito bonito, estofamento original, vinil bom, mecânica boa. Foi comprado em Porto alegre seguindo as listas dos classificados do jornal Zero Hora. Naquela época, mesmo não tendo mais uma ânsia em comprar dodges, continuava seguindo e acompanhando seus anúncios de jornal. Até porque precisava estar sempre atualizado quanto aos preços que eles valiam. Em uma época de inflação alta, como era aquela, podia se comprar um carro por um determinado preço em um dia e vende-lo no outro perdendo todo dinheiro. Uma coisa louca.
                      Comprei o Charger por um motivo destes, muito barato, quase dado. Foi vendido meio ano depois por muito mais do que paguei. Isto era uma coisa boa naquela época, apesar de oferta enorme, existiam carros ruins, bons e ótimos, e os preços se misturavam entre estas opções. Podia se comprar um carro ótimo por preço de ruim, ou o contrário, pagar muito em um lixo!! Precisa conhecer o produto. Muita gente deve ter "garrado"nojo de dodge naquela época por causa disto. Compravam um carro bonitinho mas ordinário!
    Abraços!


Na proxima postagem um Dart de Luxo 1974 vermelho Indio