sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dodge Charger R/T 1977 Vermelho Riviera

                             Antes de começar a narrar a história deste ícone sagrado dos dodges, que é o Charger R/T Vermelho Riviera, ano 1977, tenho que pedir perdão a todos os dodgeiros deste mundo, sei que não tem perdão, mas, enfim, estou lembrando desta história com um grande pesar! Lembrando que este carro poderia estar aqui em casa, ao lado dos meus outros dodges. O Charger R/T 77 Vermelho Veneza, Charger R/T bege/marrom, Magnum 79 Sumatra, Dart 78 azul, F600 militar e minha C10.
                            As confusões e aventuras com este carro começaram no dia em que o comprei, e não foram poucas. Acho até que não poderia ser diferente, pois esta linda cor sugere coisas diferentes. Um carro com uma cor destas não foi feito para passar em brancas nuvens!
                             Então, posso dizer que suei frio, já no dia em que fiz a troca da Veraneio Marrom por este Charger RT. Como já relatei anteriormente, a troca entre os dois carros me dava direito a uma guinchada, transportando o  Dodge da cidade de Três Coroas até Taquara. Tudo combinado, o senhor Turco, dono do ferro velho, atrelou o Dodge atrás do Caminhão Chevrolet C-60, à gasolina. Como já havia sido vendido a coroa e o pinhão do diferencial do Dodge, foi colocada a lança do guincho na traseira do carro. Quer dizer, ao invéz de prende-lo na dianteira, ele foi preso na traseira.
                             Como todo mundo sabe, Dodge não tem trava de direção, e como a traseira é que foi erguida, a dianteira ficou no chão. Para deixar a direção centrada, peguei uma corda para amarrar a direção as duas ventarolas das portas. Já havia feito isto em outra ocasião. O senhor Turco correu e me disse que não precisava, pois tinha outra idéia. Combinamos então de eu ir dentro do Dodge, segurando a direção para mante-la em linha reta, como se esta estivesse travada. Até aí tudo bem! 
                             Bom, a lança do guincho foi presa ao eixo do diferencial, que estava oco. Eu peguei as duas pontas de eixo que estavam jogadas ao lado do carro, que estavam montadas com as respectivas rodas e pneus e iria colocá-las dentro do carro. Mas o sr Turco disse:"- Não precisa colocar aí dentro do carro, enfia as duas no eixo diferencial, não vão cair!!" Meio desconfiado, coloquei. Se um homem experiente no guincho como ele, disse que não iriam cair, tudo bem!  Fizemos assim! Então, apenas empurrei as duas enormes ponta de eixo para dentro do diferencial.
Esta foto foi tirada na minha primeira oficina, lá na casa dos meus pais. A foto seguinte, colocada abaixo, foi tirada muitos anos depois!
                            Dodge atrelado, tudo certo!  Assumi o meu lugar na direção do Dodge e nos mandamos. Não sei se algum de vocês já andou em uma posição como esta, sendo puxado de ré. Os carros que vinham atrás, nos ultrapassando, ficavam de frente para mim. Sensação meio esquisita, mas tudo bem. Eu tinha de segurar firme a direção, pois a dianteira do carro puxava para tudo que é lado conforme as ondulações da pista. O velho caminhão Chevrolet fazia uma barulheira de correntes batendo, que por vezes, parecia que o carro estava se soltando e eu iria ao brejo. E o Turco velho, dava tudo no Chevrolezão, corria como um desatinado. 
                            Mas os quilometros foram passando e eu me acostumando. A minha tensão nervosa ia diminuindo conforme os quilometros percorridos iam aumentando. Em certo momento, até já olhava o movimento, via os carros passarem, paisagem, tudo certo!   Quando eu já estava bem cofiante, bem acostumado com a posição, dando até umas risadas e gostando da aventura, notei um vulto estranho passando ao lado do carro, a mil quilometros por hora. Imediatamente o meu coração acelerou a 250 batidas por minuto. Trinta segundos depois, um estouro na porta direita! Quando olho para a frente do carro, ou seja, para a direção opósta a que nós estávamos indo, vejo uma das ponta de eixo, com roda e tudo, andando em alta velocidade no asfalto. A roda picava no asfalto, fazendo giros helicoidais por causa da ponta de eixo. E acreditem, foi em linha reta, mas picando como um ioio.
                           Lá adiante, vinha vindo um golzinho (éca) em nossa direção, em rota de colisão com a ponta de eixo. Por alguns segundos consegui visualizar a cara do motorista do Volks. Primeiramente ele não viu a roda, e aquela ponta de eixo desgovernada ia como um cometa na direção da dianteira do gol. Quando o cara viu o míssel na direção dele, quase capotou o gol tentando desviar. Acreditem, foi terrível de assistir a cena. Eu quase enloqueci vendo aquilo!!! Por uma obra de Deus, por milésio de segundo, não se chocaram.
                            Então, desesperado, eu comecei a berrar, mais berrar, e bota berrar nisto, para o senhor Turco parar o caminhão. O Velho parecia que tinha ficado surdo de uma hora para outra. Na época, quase me mijei gritando, hoje quase estou me mijando de rir. Eu no desespero, berrava como um Tiranossauro Rex atrás de comida:"- Para! Para! Para esta merda seu desgraçado!!! E não adiantava. Só via aquela cabeça branca virada para a frente, pisando fundo no Chevrolet!! No desespero, com minha garganta doendo de tanto gritar e sem ter mais o que fazer, coloquei o corpo para fora da janela acenando e gesticulando como um demente!! Nada!
                           Em um ímpeto de desespero, em uma ação suicida, comecei a tentar subir no teto do Charger. Me equilibrando como um trapezista, coloquei os pés na soleira da porta, me debruçei sobre a capóta e com uma mão agarrada ao vão da janela oposta a minha, comecei novamente a urrar desesperadamente. Chamava o velho de palavras improferíveis a qualquer ser humano!  Imaginem a cena, agarrado ao teto do dodge como um equilibrista de circo, e berrando, urrando desesperadamente! Eu que tenho um medo mortal de altura, se , naquele momento, eu pegasse a garganta do velho eu matava, juro, sem remorsos!!
                             Vários e vários carros que passavam por nós não entendiam o que eu estava fazendo. Até que um dos carros que estava nos ultapassando, me viu em cima do carro, gesticulando desesperadamente para o velho, fez o caminhão parar. Quando o Turco desceu do caminhão, imediatamente eu botei a boca nele como nunca tinha feito antes com ninguém. Se pudesse, na hora, tiraria a carteira de motorista dele. O velho desceu do caminhão como se nada tivesse acontecido, isto é o que me deu mais raiva. Expliquei a ele o que tinha acontecido, que quase tínhamos causado um terrível acidente, etc ,etc. Ele nem bola. Virei as costas e fui a cata das pontas de eixo perdidas, já a uns três ou quatro quilometros atrás. Aí eu me cobrei dele, pois levamos quase duas horas para encontrar as rodas perdidas. Por várias vezes ele queria ir embora, mas teve que aguentar.
                            Bom, depois de muito procurar nas maçegas da beira da estrada, acabei achando as duas rodas com suas respectivas pontas de eixo.Coloquei as duas dentro do carro e seguimos viagem. Chegamos a minha oficina já passava do meio dia, ele largou o Charger e foi embora. Parei e pensei: Graças a Deus estou em casa! Estava tão indignado que não queria mais ver aquele homem por um bom tempo.

Nesta foto, os dois carros que não tinha intenção de desmanchar, mas... acabei fazendo o massacre! O Dodge Gran Cupe e o Charger R/T Vermelho Riviera. Para se ter uma idéia, quando os comprei, ainda estava na oficina na casa dos meus pais. Esta oficina em que eles estão nesta foto, foi o meu terceiro endereço. Quando saí desta e fui para outro endereço, eles foram juntos, intáctos. Os dois me acompanharam por anos aguardando uma reforma. Pena!
                            Alguns dias depois coloquei um outro conjunto de coroa e pinhão no diferencial do Charger. Mas, o motor não pegava, acho até que por este motivo o dono o vendeu para um ferro velho. Mas logo descobri o defeito, era na caixa da ignição eletrônica. O carro tinha uma lataria muito boa, com exceção da lateral traseira esquerda. Tinha levado uma boa batida e fora muito mal recuperada. Tinha muita massa plástica nesta lateral. Mas o resto do carro, era ótimo! Muito bom mesmo! Até o assoalho estava impecável, coisa difícil de se encontrar em carros abandonados.
                            Este foi o segundo carro que, na minha cabeça, definitivamente não iria desmanchar ( O primeiro tinha sido o Gran Cupe 74, que por coincidência , está ao lado do Charger Riviera na foto acima).
                            Bom , o carro agora estava rodando novamente. Tinha placas da cidade de Canela-RS, e os documentos estavam vencidos a bastante tempo. Mas isto, naquela época, não era muito importante. Então comecei a andar com ele, só à noite! Quase todas as noites eu dava uma saída com ele.
                           Este carro tinha uma caixa de 4m excelente, uma das mais macias e precisas que já vi, uma ótima direção hidráulica, resumindo, era um carro muito bom de guiar.
                         Em pouco tempo ficou bem conhecido na cidade como o Charger laranja, que, esporadicamente aparecia durante o dia, mas aparecia muito pelas madrugadas. Eu tinha colocado dois canos de descarga, que saíam ao lado da porta esquerda, canos de aproximadamente 2 polegadas de diâmetro cada. Retos e sem surdina! Tinha um ronco assustador. Não queimava óleo e pegava prontamente ao menor beliscar da chave. Era um carro guerreiro.
                           Certa vez, acho que em uma quinta feira à noite, estava eu com uns amigos, bandeando com o Charger. Rodamos muito pela cidade aquela noite, tomamos várias cervejas pelos bares. Já era alta madrugada e resolvemos ir até a "zona" de Taquara.

Coloquei esta foto só para comparação. O meu Charger, quando comprei, tinha um visual muito melhor do que este! Imaginem o crime!
                          A propósito disto, já relatei isto aqui no blog, mas vale reforçar. Este local (zona meretrício)da cidade era fomoso, visitado por homens de vários lugares, tinha uma fama que se estendia a muitas cidades, muitas delas bem maiores que Taquara. Era um amontoado de casas, deveriam ter umas trinta ou quarenta. Mais da metade destas casas tinham bares dentro, com uma pequena pista de dança dentro de cada uma. Cada uma delas tinha seu próprio aparelho de som, e tocavam músicas em volume não muito alto, apenas suficiente para poder dançar e também conversar. Estas casa todas eram cortadas por apenas uma rua central. Esta rua era em forma de um "L". Bem no cotovelo deste "L" tinha um espaço grande. Espaço este que servia até de estacionamento em dias muito movimentados.
                         Na noite que fomos até lá com o Charger, este local mais aberto, o cotovelo, tinham umas trinta pessoas, entre senhoras e senhores. Eles estavam todos reunidos em volta de algumas pequenas churrasqueiras, onde assavam pedacinhos de carne em espetinhos e tomavam cerveja. Quando passamos por este grupo, dei um pisão no acelerador do Dodge, só para fazer barulho e dizer a eles que era um dodge passando. Algumas das senhoras, já bem alteradas pela cerveja, pronunciaram algumas palavras indecorosas, e nós, prontamente respondemos, em bom tom! Então, uma das quengas, só mesmo chamando assim, já bem emborrachada do trago, se atirou no chão como um animal peçonhento procurando alguma coisa. A primeira coisa que encontrou foi um tijolo, sem pensar em mais nada, destilou sou peçonha atirando com toda sua força no carro. A tijolada acertou em cheio a rabeta da coluna traseira do teto. Se instaurou o caus!! Parei o Dodge imediatamente, olhamos para elas por alguns instantes intáctos e perpléxos!! Elas gesticulavam e cacarejavam como se estivessem recebendo milho quebrado!! Aí fui eu que não pensei em mais nada, comecei a fazer zeros, com o pé no fundo. Foram várias e várias voltas no mesmo lugar. O piso era chão batido com saibro por cima.  Em poucos instantes não se enxergava um palmo de distância. O churrasquinho deles ficou completamente cheio de terra, dentro dos copos tinham mais grãos de saibro do que cerveja. Quando dei por mim, vieram para cima do Dodge como zumbis de um filme de terror. Elas simplesmente enlouqueceram, foram várias as pedradas no carro, parecia uma chuva de granizo!! Alinhei o carro e fui em direção a saída da rua, precisávamos sair urgentemente para não sermos linchados! Se não fosse rápido, seriamos mortos na zona de Taquara. Que manchete de jornal, hein??
                         O Dodge foi totalmente apedrejado por pequenas pedras, nada muito grande como a tijolada inicial. Fomos embora fedendo!! O Charger Riviera estava definitivamente proibido de ir a zona de Taquara. Mas a fama dele se estendia pelos quatro cantos da cidade. Uma vez quando eu estava no centro da cidade, escutei parte de uma conversa de uns caras. Eles falavam do dodge laranja com cano reto ao lado da porta, que vagava pelas madrugadas. Incrivel como se criam certas lendas. E este Charger foi um destes casos. Estas pequenas histórias que contei hoje para vocês, são apenas uma pequena parte das tantas que fiz com este carro.

Propaganda revista 4Rodas. As cores mais lindas de todos os dodges, pelo menos ao meu ver, são, vermelho dinastia, riviera e azul estelar
                             Passou o tempo e certo dia me apareu um ótimo cliente na oficina, ele precisava urgentemente de uma caixa de 4 marchas, eu não tinha nenhuma para vender. Mas, ele fez uma proposta impossível de recusar, então tirei a do Charger Riviera.  Vendida a caixa, o Dodge ficou parado por muitos anos ao lado do Gran Cupe branco 74. Estes dois me seguiram juntos por várias oficinas, sempre em locais seguros e cobertos. O Gran Cupe me acompanhou uns 11 anos e o Charger Riviera uns 10. Acho que até eles, se pudessem pensar, saberiam que estariam seguros comigo. O RT tirei de um ferro velho, o Gran Cupe estava praticamente na porta de um. Mas... não adianta chorar depois do leite derramado!
                             No final do ano de 1999, trabalhava como louco recolhendo carros com o serviço de guincho, estava desesperado por espaço para guardar carros apreendidos. O tão esperado leilão do governo não saía. Uma solução desesperadora que tive foi a de começar a empilhar os carros. Cada centímetro do pátio do depósito era usado. Comecei a usar um terreno baldio ao lado de meu depósito, para também depositar carros.
                            Certa madrugada os amigos do alheio entraram lá e levaram duas motos, quase novas. Uma Yamaha RD135 do ano, e uma Yamaha DT200. Quase infartei naquela semana, pois eu era fiél depositário. Estava recebendo pressão dos proprietários dos carros, da polícia, da justiça e de mim mesmo. Como a polícia não fazia nada a este respeito, comecei então a investigar por conta própria. Paguei informantes, olheiros, e não foi pouco, então, alguns dias depois eu mesmo encontrei as duas motos, em pedaços. Tive que ressarcir os proprietários das motos, quase novas, uma era do ano e a outra tinha dois anos de uso. Estava uma pilha de nervos, fui intimado em várias audiências por causa disto. Então olhei os dois coitadinhos (Gran Cupe e o Charger)no fundo do galpão e cometi o assassinato.            
                             Sei que hoje em dia um Charger R/T nesta configuração de cor, é cobiçado por centenas ou até milhares, de aficionados pela marca. Por mim também, tanto é que algum tempo depois de compra-lo, achei em uma casa de tintas em Porto Alegre, 12 latas do vermelho Riviera. Comprei todas. As latas apodreceram, acabaram como o carro, perdi toda a tinta.     
                              Na próxima postagem conto a história de três dodges que comprei juntos, como se fosse uma penca de bananas comprada em uma fruteira . Um LeBaron, ano 1979, branco, um Charger L/S 1974 amarelo e um Charger R/T 1976 vermelho. Comprei-os alguns dias após a compra deste Charger narrado na história de hoje.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dodge Gran Cupe 1974 branco Ipanema

                            Como já falei aqui no blog antes, sempre gostei muito de caçar. Desde criança sempre estive muito familiarizado com armas, meu pai nunca gostou de caçar, mas sempre teve armas. Sempre considerei a caça como meu esporte prediléto, pois os dodges antes de mais nada , foram minha profissão. No entanto, o nosso pais tem índices de criminalidade alarmantes por pura incapacidade dos nossos gestores!! As leis de hoje em dia, criadas por politicos totalmente incompetentes, por vezes, são desanimadoras para quem quer possuir uma arma legal. São leis extremamente rígidas quanto a isto, as exigências são enormes! Sou totalmente contra o desarmamento do cidadão de bem, mas também sei que é totalmente relevante exigir qualificação psicológica, física e moral para portar uma.
                          Para poder manter minhas armas regularizadas, tive que me filiar a Federação Gaúcha de Caça e Tiro Esportivo, passar por testes psicológicos, de aptidão física e manuseio de armas, e também me filiar a um clube de caça e tiro.
                           Bueno, praticamente todos os sábados os sócios do clube em que sou sócio, se reunem na sede social para um churrasco e também para praticar o tiro.  Nunca fui muito ligado no tiro esportivo, mas.. no final de semana passada, participei pela primeira vez, de uma prova oficial do calendário gaúcho de tiro ao prato. Para minha surpresa e alegria, tirei o primeiro lugar. Então gostaria de compartilhar este fato com meus amigos.




                           Seguidamente eu faço algum relato sobre os grandes homens que cruzaram pela minha vida, hoje em especial, quero escrever sobre o melhor e mais importante de todos eles.
                           Na pequena localidade de Caibaté, na época, distrito de São Luiz Gonzaga -RS, nos idos anos de 1933, mais precisamente dia 14 de março, nascia em uma família pobre e humilde, um grande lutador. Homem este, que de longe, não teve a vida fácil, mas sua garra, determinação e persistência o tornaram um verdadeiro rei. Para mim o maior de todos eles! Pessoa humilde, de muito pouco estudo, mas de um caráter invejável e de uma integridade moral sem precedentes! Homem de verdade! Cresceu e fez sua vida, sua  carreira profissional, baseados no trabalho árduo e honesto das rudes lidas de outrora.
                            Ainda menino, com apenas dois anos, se mudou com os pais para a localidade de Linha Catarina, distrito da cidade de Porto Lucena RS, cidade ribeirinha do rio Uruguai. Seu pai foi um agricultor. Plantava fumo, feijão e milho. Também tinham algumas cabeças de gado e criavam alguns porcos.  Seu pai era um homem sevéro, açoitado pela dura vida de antigamente. Seu filho, este que narro a história, se criou com mais oito irmãos. Cresceu em uma infância pobre e sem regalia alguma, não ganhava presentes e raramente algum afago. Nem perto das tantas coisas que as crianças de hoje em dia ganham fartamente, mas dão tão pouco valor.
                           Mas o menino foi crescendo e aprendendo muitas coisas por si só! Brinquedos de verdade nunca teve, as suas brincadeiras eram com pedrinhas e cipós que achava pelo seu caminho. Durante a penosa época da 2° guerra mundial, o pequeno menino viu seu pai ser preso várias vezes, sem ao menos saber o porque. O pequeno não entendia aquilo, e nem poderia mesmo! Apenas sabia que seu pai fora arrancado do seio de sua família, por um tempo indeterminado. Preso apenas por ser de origem Germanica.
                           Ao completar 12 anos, foi escolhido pelo pai, para se tornar padre. Não teve escolha. O Pai ordenava e tinha de se cumprir a ordem. Foi então mandado para a cidade de Cerro Largo -RS, onde havia um ceminário jesuíta. O menino não queria de jeito algum ser padre, mas a indefesa criança não tinha escolha. Obrigado por seu pai, foi internado e estudou neste local por longos três anos. Até que certa madrugada, levantou silenciosamente de sua cama, colocou sua batina em total silêncio, alçou voo e fugiu daquele lugar.
                          O então jovem de 15 anos seguiu viagem na completa escuridão da noite. Seguia em direção ao único lugar que conhecia e achava seguro, onde acha que poderia reencontrar sua felicidade. Sua antiga casa.
                           Ao chegar lá, foi muito mal recebido por toda sua família, inclusive seus irmãos. Seu pai não aprovou a sua fuga, e também não queria mais a sua permanência naquela casa. Alguns dias depois, o pequeno jovem fez sua mala e seguiu viagem a procura de um futuro, que naquele momento, lhe era muito distante. Pouco tempo depois conseguiu seu primeiro emprego, como vendedor em um armazém, no interior da cidade de Porto Lucena,  na qual, sozinho, ficou até completar 18 anos. Ao completar esta idade, o jovem teve que abandonar o emprego para servir a sua pátria. Serviu por um ano na cavalaria do quartel da cidade de São Borja RS. No qual , um ano depois, saiu como sargento.

Foto tirada pelos amigos do quartel

Lembrança dos amigos do quartél

Baixa, do Exército
Fazendo a guarda do quartel.
                                                                   Após sua saída do quartel, novamente sem rumo, retornou a cidade de São Luiz Gonzaga-RS, onde logo em seguida, conseguiu se empregar como atendente de balcão em um outro armazém. Passaram-se mais alguns meses, o jovem tinha sonhos de se tornar um grande homem, então, pediu suas contas e seguiu para a cidade de Santo Ângelo-RS, onde logo se empregou em um grande atacado de cereais. Nesta cidade, conseguiu um local para morar em uma pensão na periferia. Meses depois, após muito trabalho, conseguiu adquirir seu primeiro veículo, uma bicicleta. Trabalhou arduamente naquele local, que dois anos depois, foi agraciado pelo patrão, a gerenciar o depósito.
                              Mas seus sonhos eram grandes, almejava uma vida melhor. Foi aí então que apareceu um antigo vendedor da capital, que vendo a qualidade do homem que se formava a sua frente, o convidou para seguir viajem junto a ele, rumo a distante capital Gaúcha.
                              Chegando lá, este vendedor o indicou a um amigo, dono de uma grande empresa. Um grande atacado que vendia tecidos em metro. Conseguiu então um novo emprego na capital. O novo patrão lhe indicou uma pensão, ficava na rua D.Pedro. Foi até lá, mas tinha muito pouco dinheiro, então conseguiu um quarto nos fundos do local. Em pouco tempo, começou a fazer amigos, um deles, que muito lhe marcou, foi um rapaz também vindo do interior, morava em uma outra pensão que ficava em frente a sua. Este novo amigo também havia vindo do interior em busca de uma vida melhor. Acreditem, o novo amigo também estava predestinado a ser alguém, alguns anos após se tornou um grande radialista.                  .
                             Após trabalhar por alguns meses no balcão, reinventou e triplicou as vendas no lugar. O astuto patrão logo viu, aquele não era o melhor lugar para o predestinado jovem, logo chegou a conclusão que este homem estava sendo um desperdício atrás de um balcão. Alguns dias depois o jovem foi chamado pelo patrão, este lhe entregou uma camioneta da empresa, e mandou que o jovem saísse pelo mundo vendendo os seus produtos.
                              Pegou a pick-up e saiu a vender. Trabalhava todos os dias , muitas vezes sábados e domingos. Em pouco tempo se tornou o melhor vendedor de uma equipe de vinte vendedores. Até o dia em que seu patrão resolveu terminar com a empresa. Fechou as portas. Novamente este homem estava desempregado, mas agora já com uma considerável bagagem de vida. Alguns dias após, seu antigo patrão lhe chamou. Lhe disse que quase todos os antigos vendedores tinham lhe colocado na justiça, pedindo indenizações. Como ele não tinha sido um deles, lhe presenteou com a pick-up, que por alguns anos usou para vender. Quando se é justo e honesto, sempre se é recompensado.
                              Logo em seguida foi procurado por outra grande empresa, na qual trabalhou a vida inteira como viajante, se tornou um homem rico e respeitado por toda sociedade onde mora. Amealhou um sólido patrimônio durante sua carreira, até chegar o dia de sua aposentadoria.
                               Certa altura da sua vida, já tinha se tornado um homem estabilizado, já possuía algumas posses, ficou sabendo que seus pais não tinham mais casa, estavam velhos, doentes e passando por sérias dificuldades. Pegou seu carro e fez uma longa viajem para reencontrar sua antiga família. Chegando lá, vendo a miséria em que se encontravam, lhes comprou uma nova casa, mobiliou e deu um bom dinheiro a sua mãe e seus irmãos.
                              Ao longo de sua vida, este homem casou com uma maravilhosa mulher, não menos brilhante que ele. Teve cinco filhos, os quais criou com todo o amor e carinho, o que tanto lhe faltou quando menino. Deu aos seus cinco filhos estudo nos melhores colégios particulares, pagou  faculdade para todos eles. Hoje, são quase todos doutores em alguma coisa, tiveram uma infância bem diferente do seu pai! Espero que nunca esqueçam, a que custo! Todos os natais, páscoas, aniversários e festas foram fartamente presenteados por ele. Nunca, sequer um dia, faltou alguma coisa para estes cinco filhos. Nunca souberam o que foi passar necessidades, tiveram tudo do bom e do melhor! Não conheço homem mais digno e merecedor de levar uma vida maravilhosa.
                              Este homem vive até hoje em uma grande casa na cidade de Taquara. Fruto do seu trabalho e dedicação, mas principalmente de sua honestidade, integridade, entre as inúmeras outras qualidades que só são encontradas nos grandes homens. Este homem me ensinou tudo o que sou, tudo que sei, devo a ele tudo que tenho. Inclusive minha vida devo a ele:
                                                        Meu  PAI.       Te amo.

                           Apesar de meu pai ter tido inúmeros Opalas, nossa família sempre foi muito ligada na marca Dodge. No início da carreira de viajante, lá pelo ano de 1950, como relatei acima, ele trabalhava para uma firma em Porto Alegre. Quando esta empresa encerrou suas atividades, no início da década de cinquenta, lhe foi dado, como pagamento pelas indenizações trabalhistas, a pick-up em que ele viajava. Uma pick-up Dodge , verde.

Esta foto foi tirada no dia em que meu pai se envolveu em um acidente de trânsito. Ele vinha por uma via preferencial com a pick-up Dodge, teve sua frente cortada por um outro veículo. Deu no meio da porta do outro carro. Neste exato local, alguns anos depois , foi erguido o predio do Cinema Cruzeiro. Foto deste cinema, que já mostrei em uma postagem passada, cujo cinema foi palco de grandes aventuras. 
                            Nos anos de 1978, antes de eu começar a comprar os meus carros, minha irmã, Denise, ganhou um concurso de beleza aqui da cidade. Este concurso era para ver quem seria a rainha de um grande evento musical, que existia no Rio Grande do Sul, na década de setenta.
                            Evento de nome "Ciranda Musical Teuto Riograndense". Quem patrocinou este concurso, foi a agência Chrysler aqui da cidade. Sul Peças veiculos. Como minha irmã ficou a rainha, desfilou pelas ruas da cidade no capô de um Gran Sedan 1978 zero quilometro. As princesas desfilaram em dodges Polara. Como mostram as fotos a seguir.

Realmente um belíssimo registro! Histórico, foto para rodar o mundo dos dodges! A minha irmã Denise, rainha do evento, está sentada no capô do Gran Sedan! As outras gurias em dodges Polara. Por último tem um Charger R/T branco, onde desfilou a primeira princesa.
Desfile na rua principal de Taquara, no dia após minha irmã Denise ter ganho o concurso de beleza

                                                                    Dodge Gran Cupe
                            Comprei este carro de um picareta de automóveis da cidade de Parobé. Tinha ido até esta revenda para entregar uma máquina de vidro da porta dianteira esquerda de um Galaxie, que o dono tinha me encomendado. Chegando lá, entreguei a peça e o dono da revenda me pediu para instalar a máquina. Serviço feito, fui dar uma olhada nos carros que ele tinha à venda. Atirado em um canto, vi o Dodge Gran Cupe. Perguntei sobre o carro e o sujeito me disse que ele estava estragado, o motor não pegava mais já a algum tempo. Estava lá na revenda já faziam uns seis meses.
                            O carro me agradou bastante, pois até para a época, era um modelo bem incomum, tinha uma lataria muito lisa e um interior original. Em contra-partida, tinha um visual aparente bem feio, pela pintura gasta, parachoques ruins. Então resolvi lhe fazer uma proposta indecente e... ele aceitou.
                           Depois de o negócio feito, fui então examinar o porque de o motor não funcionar, logo diagnostiquei que havia pulado a corrente do comando de válvulas. Voltei a minha oficina, peguei o que precisava e voltei lá para consertar o motor. Duas horas depois fiz o motor funcionar. Sereninho e sem batidas, o 318 mantinha-se funcionando em uma marcha lenta maravilhosa. Agradeci ao vendedor pela barbada e saí com ele rodando faceiro!! Até senti que o pessoal da revenda gostaria de desfazer o negócio, mas , já era tarde.
                           Este Gran Cupe estava super alinhado, tinha uma lataria muito boa, teto de vinil preto, muito bom e todos os cromados em perfeito estado. A pintura era um tanto judiada, mas de resto muito bom. Tanto que fiquei andando por alguns dias e já prevendo uma grande roforma geral no carro. O motor estava queimando um pouco de óleo, mas não se notavam batidas. Mas, o tempo foi passando e eu tinha outros carros muito bons para andar que acabei deixando ele parado por muito tempo.
                           Este carro me acompanhou por todos os quatro dos cinco endereços que tive oficina. Na minha cabeça não tinha a mínima chance de desmonta-lo, pois eu gostava do carro. Mas... a vida anda.
                           Este foi um dos carros que citei em uma postagem passada, que me arrependi de desmanchar. Haja visto o tempo em que ficou comigo. Comprei ele em 1989 e fiquei até o ano 2000,com ele intácto!

Esta foi uma dupla de Dodges que muito me arrependo de ter desmanchado. Com toda certeza poderiam estar rodando hoje. A foto foi tirada em um galpão que eu tinha para guardar dodges.
                            No final do ano de 1998 eu comprei o serviço de guincho de Taquara, não imaginava que se guinchava tanto carro na minha cidade, então precisava de muito espaço para guardar os carros apreendidos pela polícia. Com isto, cada vez mais eu colocava o Gran Cupe para o fundo do depósito. Até que chegou o dia que ficou insustentável. Não tinha mais lugar para guardar carros.
                            No ano de 2000 resolvi, sem querer mas precisando, desmancha-lo.
                           Na minha proxima postagem conto a história do Charger Vermelho Riviera 77 , que troquei pela Veraneio 67  

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dodge LeBaron 1979 vermelho

                                                     
                              Ontem recebi uma notícia boa, a mais ou menos um ano atrás, comprei um lote de peças de Dodge de um cara de São Paulo. Para não pagar frete, que chegaria a quase mil reais, meu irmão falou com um amigo, este tem uma grande empresa, com vários escritórios pelo Brasil, sendo que um deles em São Paulo.  Este se prontificou a pegar as peças e traze-las à Taquara sem custos. Muito bem, o amigo do meu irmão mandou um empregado do escritório de SP pegar as tais peças no endereço que lhe passamos e deixa-las no escritório em São Paulo, que, posteriormente, traria para cá.
                            O empregado do amigo do meu irmão pegou as peças em um fim de semana, como a empresa estava fechada, levou as peças para a casa de um amigo dele. Depois de uns trinta dias, muitas cobranças depois, muita procura pela mercadoria, ninguém sabia onde estavam as peças. Resumindo, depois de muitas cobranças minhas e sem resposta alguma, concluí que as peças sumiram. Para economizar no frete, acabei por perder tudo! Tinha levado um prejuizo!
                              Eu já tinha dado as peças como perdidas. Mas... não me perguntem como, ontem, um ano depois, o amigo do meu irmão ligou e disse que as peças estavam em Taquara. Não acreditei, e logo pensei, quantas peças tinham sumido neste tempo todo. Fui lá buscar e tive uma agradável surpresa, estavam todas lá! Milagres acontecem!! O que é para ser está escrito.
                              No início dos anos oitenta, ganhei dois lindos posters de Dodge de um grande amigo. Este material estava afixado na parede da sua auto eletrica. Todas as vezes que eu ia lá, ficava conversando e olhando a parede, não tirava os olhos das imagens. Em certo dia cheguei lá e o material não estava mais na parede, logo fui cobrar do meu amigo onde ele havia enfiado os posters. Prontamente ele me entregou um pacote com os dois dentro. Me disse que era um presente, pois só assim, eu iria conseguir conversar normalmente quando fosse lá.
                             Estes poster ele ganhou na agência Chrysler de Taquara - Sul Peças-. Ele era íntimo amigo do dono da agência.
                              No mesmo dia, fui a uma vidraçaria e mandei emoldurar as imagens e colocar vidro na frente, para preservar o máximo.  Depois destes, acabei ficando apaixonado por posters, comecei então a procurar tudo que fosse relacionado a isto. Em pouco tempo tinha vários emoldurados.
                             Ganhei mais alguns de outros amigos, outros tirei de revistas, jornais, etc. Hoje em dia tenho bastante, mas tem coisas que nunca são demais, e isto é uma delas. Por este motivo estou sempre a cata e seguidamente encontro algo novo. No ano passado encontrei alguns à venda no site do museu do dodge, do nosso amigo Badolato. São um kit com 5 imagens, comprei também. Estou guardando todos eles para que em um futuro próximo, eu possa emuldurar as paredes do meu novo escritório.

Este foi um dos que meu amigo Cézar me deu, tirado das paredes da sua auto eletrica direto para meu escritório

Este Charger 1973 ganhei de um amigo aqui de Taquara

Este foi o outro que ganhei do meu amigo Cézar, da auto eletrica

Que trio hein??

Para quem gosta dos Corvettes, este está demais. Ganhei do meu amigo Kaka, a muitos anos atrás
                                                O  LeBaron vermelho

                            Quando fiquei sabendo que o Aldo Cananni queria vender a Yamaha RD350, eu estava de férias , na praia de Capão da Canoa. Foi no mês de janeiro, vim a Taquara para comprar a moto e no outro dia de manhã retornaria a Capão. No dia seguinte, depois do negócio com a moto feito, antes de sair para pegar a estrada de volta a praia, apareceu um cara lá na oficina, ele tinha um dodge absurdo, eu nunca tinha visto nada igual!!
                            Quando o cara encostou no portão da oficina, dei uma espiada para fora para ver quem tinha chegado. Com a visão horripilante que tive, quase fiz uma coisa que nunca deve ser feita, quase me escondi para não atendê-lo. Mas o fato é que quando vi o monstro, a vontade foi sair correndo. Um carro pintado a pincél!! Achei que ele tinha ido até lá para fazer um orçamento da pintura do LeBaron, ou outro serviço qualquer. Mas, o cara ficou batendo palmas na frente do portão, insistentemente. No fim, acabei atendendo ele para me livrar logo e ir embora.
                           Abri o portão e tive que me controlar para não ter um acesso de risos do carro. Mas conversa vai e vem, o sujeito queria mesmo era se livrar do LeBaron, e depois de alguns minutos, me ofereceu este carro. Eu estava com tanta pressa de retornar ao litoral e tão abobado com aquela pintura, que olhei o carro por alto e lhe ofereci bem menos da metade do que o cara tinha me pedido.
                             Eu realmente não queria comprar mais um dodge, muito menos uma coisa como aquela!! Naquele momento, queria ir para a praia!!Fiz a propósta para não comprar, ou seja, para mandar o cara embora e me liberar. Mas, já diz um ditado antigo , quando a gente não se mostra interessado em alguma coisa, ela vem mais facilmente do que se imagina! E assim foi, o cara até tentou argumentar, mas não mostrei interesse nenhum no carro, e lhe disse que estava de saída para minhas férias. Lembro que pedi a ele que procurasse um circo e oferecesse o dodge, talvez em um picadeiro o carro poderia ser apreciado, mas não eu!  Então, quando entrei no meu carro para sair, o vendedor viu que eu realmente não tinha interesse no LeBaron, e, antes que eu fosse embora, o sujeito aceitou minha propósta. Fechamos negócio com o carro.
Para quem nunca viu, carro pintado com broxa ou pincél, sei lá! As calotas tinham sido pintadas de azul!! Era espantoso o tratamento dado aos nossos dodges nas décadas passadas
                            Coloquei o LeBaron para dentro do pátio da oficina,  fechei tudo, malas prontas, pulei dentro do meu carro e me mandei para a praia. Eta tempo bom aquele, era só querer alguma coisa e fazer. Não tinha o compromisso que tenho hoje, a vida é muito mais simples quando se é jovem. E justamente por ser assim, acho que as coisas fluem automaticamente melhor.
                             Um mês depois,quando retornei a minha rotina em Taquara é que fui olhar o carro. Uma coisa que não tinha percebino na hora da compra, depois é que fui ver, os documentos do carro constavam como um dodge branco. O cara pintou o carro e não alterou os documentos!! E andava com ele tranquilamente. Tinham pedaços grandes de tinta vermelha caindo, em plastas!! Parecia ter sido pintado com cal!! Ná época achei o carro uma grande porcaria, pintura totalmente horrivel e descaracterizada, os estofamentos não eram mais originais, etc, etc. Tinha em ótimo estado os dois parachoques, bons mesmo. A lata não era ruim, era bem alinhado. Quase não tinha massa plástica.
                              Quando eu digo que a grande maioria dos donos de dodge na década de oitenta e noventa eram picaretas, eu realmente, não estou brincando! Este LeBaron, provavelmente, era bem alinhado e razóavel, claro que antes de ter sido "pincelado."Simplesmente o antigo dono destruiu o carro.
                             Acreditem vocês que dei apenas uma volta com o carro e foi o que me bastou para decidir desmancha-lo. Claro que se fosse hoje não faria, mas eram outros tempos. Passados alguns meses, a única coisa que sobrou deste LeBaron foi o chassi. A procura por peças dos modernos era enorme, vendi tudo em uma velocidade espantosa.
                              Na minha próxima postagem conto sobre um Dodge Gran Cupe 1974, branco    

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Yamaha RD 350 ano 1974 Verde

                          Hoje narro a história do meu vigésimo segundo veículo, segunda moto.
                              Uma das coisas que nunca tive loucura por colecionar foram os chaveirinhos, sei que tem diversas pessoas que adoram. Mas...de uns tempos para cá, comecei a juntar os que eu tenho. Vários Dodges que eu comprei durante a minha vida vieram com lindos chaveiros, alguns eu perdi, outros guardei, outros dei de presente, etc. Mas, achei alguns espalhados, em diversos pregos das paredes, aqui no escritório, lá em casa, e no meu antigo quarto da casa dos meus pais. Então resolvi junta-los em um lugar só e colocar as fotos aqui no blog, pois talvez quem goste de colecionar nunca tenha visto algum modelo que tenho. Talvez até seja um começo de uma pequena coleção.

Chaveiros e chaves de Dodge, tenho mais alguns, mas não sei onde estão!!.

Estes dois aí estavam perdidos lá em casa, minha mulher achou dentro de um jarro antigo. Provavelmente vão aparecer outros em breve.

Este de plástico azul, é da agência aqui de Taquara - Sul Peças - O de couro não sei de onde veio.

Chaveiros Ford

Chaveiros Chevrolet, a grande maioria veio nos Opalas que meu pai comprou. Os de Chevette ganhei nas agências.
                                              Yamaha RD350  
                          A lembrança mais gostosa e agradável que tenho desta Yamaha RD350, foi bem antes de eu te-la comprado. Ela pertencia ainda ao Aldo, irmão do meu amigo Eraldo. Pelo menos uma vez por semana eu e o Eraldo tinhamos o costume de jogar uma sinuca. Só que os nossos jogos não eram em um lugar convencional, sempre fomos em uma localidade do interior de Taquara, onde até hoje existe um antigo salão de bailes. 
                          Em algum dia durante a semana, aleatoriamente, o Eraldo passava lá na oficina, sempre as tardes. Eu parava tudo que estava fazendo, fechava a oficina, subia na carona da RD350 e subiamos a serra em direção a localidade de Rochedo. Para se chegar neste lugar, nos pegavamos a RS020 em direção a São Francisco de Paula. Em certa altura, saíamos da estrada asfaltada e pegavamos uma estradinha de chão batido. Lugar lindo, de naturaza farta, de gente muito humilde e simples. Tenho quase certeza que o Eraldo vai ler isto e vai ter uma lembrança muito boa e agradavel, assim como eu estou tendo agora. Meu Deus, que saudade daquele tempo!!! Todo este percurso leva em torno de 45 min. de ida e mais 45 de volta.,
                           Lá existe um salão de bailes de interior, daqueles antigos mesmo! Nas últimas vezes em que fomos lá, isto no início da década de noventa, ainda existia no salão um antigo sistema de molejo do assoalho, com molas espirais. Este sistema, nos dias de baile, fazia com que as pessoas que estivessem dançando tivessem a sensação de flutuar no salão. Conforme os dançarinos pulavam em cima do tablado, as molas trabalham e faziam o assoalho inteiro se mexer, como uma onda do mar..., como uma suspensão de um carro. Pelo menos aqui no Rio Grande do Sul, antigamente existiam vários salões de bailes com este sistema, coisa implantada no inicio do século passado pelos colonizadores de origem Germanica.
                          Por fim, este salão ainda mantinha o bar, com um enorme balcão e algumas mesas de sinuca. Na época em que eu e o Eraldo iamos jogar, os bailes já não aconteciam mais a muitos anos, mas o proprietário, um senhor bem idoso, mantinha o bar em funcionamento. 
                          Uma coisa bem simples como esta, mas de um prazer inenarrável. Tudo era gostoso, a ida, o jogo, a volta, as conversas, a simplicidade do lugar... A felicidade é a real grande fortuna do ser humano! É encontrada nas pequenas coisas agradaveis que se vive, aliada aos amigos. Eraldo, te agradeço por estes momentos, que seguidamente me vem a tona na minha lembrança.
Tirei uma tarde semana passada e fui até lá para tirar umas fotos do antigo salão, esta igualzinho como a vinte anos atrás, tive tanta sorte que até um corcelzinho estava na frente.

Que paraiso!! Pensar que a muitos anos atrás, eu encostava aí em frente para uma partida de sinuca. Hoje, o antigo salão virou casa de moradia. Falei com uma senhora que estava lá. É neta do antigo dono, certamente o senhor que nos atendia no salão
Esta é a vista que se tem do salão, simplesmente maravilhosa! O antigo salão esta do outro lado da estradinha de terra, onde tirei a foto da minha mulher Valquiria. Como se pode esquecer um lugar assim??
                                 
                                   Mas como nada nesta vida encontra a eternidade, a não ser nossa alma e espírito, este bar onde jogavamos nossa sinuca, também acabou. Esta semana quando tirei as fotos, encontrei algumas pessoas morando no salão, que agora virou casa. Tem um casal muito simpático morando lá, a senhora que falou comigo é neta do senhor que nos atendia naquela época. Disse-me ela, que o mesmo faleceu a alguns anos, então resloveram fechar o salão e usa-lo como casa de moradia. Uma pena, quando olho um lugar assim como este, viajo no tempo, e o imagino em um passado muito distante. Quantas histórias de vida aquelas sólidas paredes testemunharam? Quantas noites de festas?  Quantos amores se entrelaçaram...  quantos se desfizeram? Quantos momentos de intensa alegria e também palco de inúmeras tristezas! Estas histórias, das vidas do passado, me fascinam...                       
                                 Certa vez fomos eu e o Eraldo com esta Yamaha a Canela, olhar um Dodge que estava à venda. Não comprei o carro, mas a viagem foi muito agradável. Esta moto é muito prazeirosa de pilotar, tem uma força enorme. Aquele dia fomos de Taquara a Canela e depois voltamos por São Francisco de Paula.  Lembra  disto Eraldo?.
                          Outra lembrança sensacional eramos nossos bifes na chapa, feito nas noites e lua cheia em pleno campo do interior da cidade. Isto éra uma coisa improvisada, tinha de ser noite de lua cheia. Compravamos uns bifes, colocavamos no carro um fogareiro e saíamos sem destino. Quando encontravamos um campo aberto, bonito, estacionavamos o carro e preparavamos uma janta ao luar.  Que tempo aquele! Fosse hoje em dia, certamente levariamos uns tiros dos donos da terra!
Esta não é a minha RD, tive que colocar esta foto, pois não tenho uma decente para mostrar. Mas, era igualzinha a esta, mesma cor! A minha também tinha a pintura verde novissima, toda original. E o que anda esta moto??Quem já pilotou uma sabe, ela realmente não brinca no serviço. São 2 cilindros de pura raça!
                           Bueno, passou o tempo e acabei comprando a RD350 do Aldo. Desmontei e reformei ela toda. Não ficou um só parafuso ou pedacinho de ferro que não foi mandado cromar. Ficou linda e nova. Era uma moto muito chamativa. Só o ronco dos dois cilindros, motor dois tempos, com os escapamentos originais, vale uma fortuna!!
                           Andava com ela todos os finais de semana que não estivesse chovendo, fiz passeios por vários lugares. É uma moto relativamente pequena, mas um torque muito bom e uma retomada excelente, pode-se viajar tranquilamente por longas diastância, sem se cansar.
                           Mas sempre tive medo da fama que esta Yamaha tem: "Viuva Negra". Por este motivo nunca fiz um pega com ela, apesar de seguidamente ser provocado, na época, por proprietários de CB400 e outras motos. Mas, como sei, e sabia, que muitos caras morreram com estas motos, nunca arrisquei. Na hora sempre me vinha a cabeça o apelido maldito!
                           Segundo um mecânico profissional nestas RDs, que se aposentou trabalhando na agência Yamaha, na época em que trabalhava com esta motos zero quilometro, estas tem um problema crônico nos pistões dos carburadores. Podem trancar no fundo, e não aliviam mais. Pode fazer de tudo, se trancar estes pistões , ela acelera no máximo e não desliga o motor. Nem desligando a chave, ou tirando os cabos das velas resolvem. A única maneira de fazer o motor apagar é cortando a gasolina. Só que isto, não é uma tarefa nada  fácil de fazer com uma moto em movimento, ainda mais com o giro absurdo que este motor desenvolve!
Esta é a unica foto que tenho dela, pena não ter ficado visivel, mas da para ter uma idéia dos cromados, mesmo no escuro, tem muitos reflexos. E o Maverick GT, sempre presente! Esta foto foi tirada na garagem da casa dos meus pais, até  bem pouco tempo atrás, tinham 48 motores de dodge encostados nas paredes desta garagem, meu pai ficava louco com isto, tinha vontade de jogar tudo fora!! Até que a algum tempo comecei a tira-los de lá, mas para a alegria do meu pai, ainda tem alguns.  
                            Certa vez estava na oficina dos meus amigos Leandro e Chico Pelegrinni, e nós fuçando nos carburadores dela. Mexemos por tudo, mas pouco entendíamos! Quando bati arranque, ela já pegou acelerada no fundo, giro máximo, deu um pinote, caiu no chão e ficou fazendo zerinhos por conta, sorte que logo apagou por falta de gasolina. A minha sorte que eu não estava em cima, senão sairia como se estivesse montando um bufalo desgovernado!! Estas coisas é que me deixavam cabreiro com ela, fazendo com que a minha razão sempre viesse antes da emoção.
                            Mas isto acontece nas RD's importadas, como era a minha. As nacionais não. Apesar de terem diversas pessoas que chamam as brasileiras, da década de oitenta, de viúva negra. Mas não são! Estas saíram de fábrica com um dispositivo de corte de corrente para evitar este travamento dos pistões. Provavelmente as brasileiras até derrubaram alguns pilotos, mas por pura imperícia dos mesmos. E ao meu ver são muito feias e o ronco do motor então? Nem se fala, não tem o charme das importadas.
                           Certa noite, tinha sido convidado para um churrasco com alguns amigos. Depois do bigode bem engraxado, lá pela meia noite, saí junto com uns dez motoqueiros para umas voltas pela cidade. Ao entrarmos em uma rua no centro, mais ou menos no meio da quadra, a polícia tinha feito uma grande blitz, não passava nada. Eu tranquilo! Mas quando o pessoal que estava comigo, nas outras motos, viram a enorme barreira, começaram, um a um, fazer a volta na rua e voltar na contra mão da via em alta velocidade! Eu não entendi a manobra. Mas como estavamos todos juntos, fiz o mesmo. Todos bateram em retirada, pela contra mão, fugindo da polícia! A única moto de motor um pouco maior era a minha. As outras eram todas Hondas CGs, MLs, Turunas de 125cc e também tinhamYamahas TTs, RDs, RXs 80cc,125cc ou 135cc. Nos juntamos algumas quadras depois, aí então, perguntei o porque da retirada estratégica! Noventa por cento das motos estavam com as documentações irregulares. Na época não entendi!
                           Coisa que comprovei anos depois, quando tive o serviço de guincho em Taquara. Ninguém, ou quase, paga imposto de moto pequena, pelo menos as motos um pouco mais velhas. São quase todas irregulares. No primeiro ano que trabalhei com o guincho, foram guinchadas quase 350 motos, sendo que deste número, noventa por cento não saiu mais do depósito, ou seja, seus donos não foram mais busca-las! No primeiro leilão que foi feito no meu depósito, foram leiloadas 700 motos, com cilindrada entre 50cc, 80cc, 125cc e 135cc. Para uma cidade do porte de Taquara, um absurdo! Uma vez um amigo meu me falou, tinha ouvido falar de um dono de oficina de moto, que por minha causa, tinham quebrado várias oficinas de moto na nossa região. Eu tinha recolhido todas as Yamahas e Hondas pequenas da região. Tive que rir da afirmação, mas até tem um pouco de verdade, não que "eu" tenha recolhido as motos, foi a polícia! Mas que estas pequenas motos sumiram do mapa, sumiram mesmo!
                            Fiquei exatamente um ano com a Yamaha RD350, depois vendi para um conhecido da cidade de Parobé, de nome Ronei. Este também vendeu algum tempo depois e a moto retornou à Taquara. Recentemente ouvi dizer que ainda está por aqui. O dono desmontou ela toda e está guardada em uma garagem. Com toda certeza é uma raridade, que eu compraria novamente.
                            Na minha próxima postagem falo de outro LeBaron 1979